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Por um manifesto terrarredondista - III (um chamado em cinco partes)

Clau Moreira Ramos - Trabalha com políticas culturais e nas horas vagas escreve sobre o que vê e sente

Clau Moreira Ramos

23/03/2022 - quarta às 00h00

Observação: Se quiser ver como esta história começou, acesse aqui e depois aqui.

Os novos meios de comunicação mudaram a nossa vida. De repente, a internet nos permitiu conversar uns com os outros, inclusive em grupo. Próximos e distantes. Ah, quantas imagens de gatinhos fofinhos dos quatro cantos do planeta circularam! Ah, quanta informação sobre tudo, qualquer assunto... Ah, que possibilidade imensa, inédita, tão facinha, não só de ouvir e ler e receber, mas também de falar, escrever e entregar uma sabedoria, um conhecimento, uma ideia, uma opinião!

No meio desse processo, algo que a gente já desconfiava, que já tinha até comprovado num caso ou noutro, foi se tornando mais e mais claro e tantas das “verdades” que a gente lia nos livros e ouvia na tv, de repente, foram sendo desmentidas. Surgiam mais canais e mais meios e mais exemplos mostrando que ora um dizia “isso”, logo depois aquele mesmo um dia “aquilo”.  As autoridades em que a gente acreditava falhavam. Muito. Não dava mais para ignorar como antes.

Foi ficando cada vez mais claro também como cada um e cada uma podia dizer o que pensava. O povo foi tomando gosto por ver gente “igual a gente” falando coisas iguais às “coisas que a gente pensa”. Crescia uma identificação, uma vontade de seguir aquele youtuber engraçado, aquela influencer... de participar também. Quantos grupos de whatsapp! Alguns chamam isso de bolhas. Antes a gente não vivia em bolhas?

Claro que já existiam livros e estudos feitos por pessoas que procuravam contar outros pontos de vista da história e não só aqueles que eram dos vencedores das batalhas e dos bem-sucedidos nos negócios e na política. Mas foi com a internet que o monopólio de “falar a verdade” para todo mundo desmoronou de vez e, com ele, foi-se o monopólio de “falar mentiras que pareciam verdade” para todo mundo. As fake news não são uma novidade. Sempre existiram notícias falsas. Só que agora não é preciso escrever um livro que vire best seller ou conseguir aparecer na tv ou no rádio com constância para que a “sua verdade” ou a sua fake news alcance um monte de gente ou, como se diz na rede, viralize.

Não dá mais para dizer que existem ciências exatas (o que os cientistas já sabiam, mas não muita gente além deles...), porque toda hora surge uma nova revelação científica que coloca a anterior sob suspeita ou até mesmo a substitui. Não dá para dizer que a imprensa é neutra porque todo dia a gente descobre um envolvimento, um direcionamento e um interesse que mostram que não é bem assim. E quando a gente presta mais atenção, a gente inclusive percebe que é bem melhor que seja assim ou, em todo caso, que fique claro que é assim.

As informações seguiram proliferando de todo canto, enquanto ficava mais e mais evidente que as crises que se somavam e que se somam são, em boa medida, responsabilidade daqueles que diziam que aquele era o caminho certo. Não era. Não é. Nunca foi. E as pessoas se sentiram enganadas, exaustas e perdidas. Políticos disseram tanta coisa que não era verdade, cientistas afirmaram tantas certezas que não se comprovaram, universidades prometeram empregos e progressos que não se confirmaram, a imprensa nos contou mentiras. Como então acreditar em jornalistas, cientistas, intelectuais e políticos?

Só tem um jeito. (continua)

 

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