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Superbactérias, a próxima pandemia, como combatê-las

Carlos Alberto Telles - Engenheiro de Segurança do Trabalho

Carlos Alberto Telles

31/08/2021 - terça às 16h14

No início da pandemia, as únicas vias conhecidas para transmissão eram por aerossóis, gotículas e superfícies, e hoje o que se sabe sobre as vias de transmissão. 
 
Não foi surpresa que o aumento do risco de infecção hospitalar de pacientes vítimas do COVID-19 internados em hospitais, desenvolvessem infecção hospitalar com maior frequência, oriundas da roupa hospitalar e do próprio ambiente, isso chamou atenção dos profissionais da saúde, 40% dos pacientes portadores dessa doença após admissão em leito de UTI, adquiriram alguma infecção bacteriana. Funcionários do hospital geral de Guaianazes relataram que nove pacientes desenvolveram infecção hospitalar e todos nove morreram.
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) liberou recentemente uma lista que mais preocupam o mundo com 12 superbactérias que apresentam maior risco à saúde, os 12 micróbios resistentes a antibióticos mais perigosos para a saúde humana — a resistência bacteriana mata mais de 700 mil pessoas no mundo, todos os anos.
 
Continuamos a todo vapor na análise e estatísticas atrás dos efeitos do controle da infecção hospitalar em tempos do COVID-19. A luz da epidemiologia, já sabe que pacientes que venceram o COVID-19 morreram por infecção hospitalar, que 80% das pessoas infectadas evoluíram de forma leve da Covid-19 e os demais 20% apresentaram níveis de gravidade e mortalidade.
 
A Anvisa em notas técnicas de orientação que são imprescindíveis para dar direcionamento, mas não solução, recomenda que os profissionais entre cirurgias ou procedimentos com potencial risco de aeroborilização com partículas infectantes devem usar mascará N95, o CCIH dos hospitais entende que todo paciente é suspeito em procedimentos de risco e são extremamente empenhados no controle das infecções, no controle de barreiras, nas ações em hierarquia de avaliação e controle de riscos. 
 
Ninguém pode negar isso, diante de todos os controles engenheirados, quarto de isolamento com condições adequadas com pressão negativa, barreiras físicas, visores e várias outras medidas administrativas implantadas com fluxos, protocolos, segregação e gerenciamento de profissionais que vão atrás das principais referências do mundo. Está claro que todos os hospitais possuem procedimentos e políticas direcionadas ao controle de infecções hospitalares depois de aplicadas não tem resultado, não conseguem eliminar a infecção hospitalar e o risco de que bactérias e vírus perigosos adentrem o ambiente hospitalar se espalhem e continua existindo.
 
Considerando a morbidade, a mortalidade e os custos de períodos de internação extensos, o serviço de lavanderia hospitalar devia ser temido nos hospitais brasileiros, roupa hospitalar é uma forma de transmissão e tem impacto diretamente na disseminação, no ambiente, na exposição dos pacientes e profissionais da saúde. A maior chance de risco de infecção está na hotelaria hospitalar na hora de fazer as camas, o procedimento é gerador de aerossol. O problema das infecções hospitalares é grave e precisa ser evitado a todo custo.
 
Infecção hospitalar tem sido um grande desafio para os gestores da saúde. Este cenário pede que tomem decisão com responsabilidade significativa, onde está o problema está a solução, eliminar os serviços de lavanderia hospitalar que representam risco de transmissão desses materiais biológicos que permanecem após a lavagem.
 
Na qualidade de perito em engenharia de segurança do trabalho visitamos, avaliamos e emitimos laudos de insalubridade e periculosidade em diversas equipes de lavanderia hospitalar dentro das instalações dos hospitais e externas.
 
Os profissionais apresentam em geral baixa taxa de retenção de conhecimento para capacitação, o emprego não é uma escolha, mas a única oportunidade e, assim se submetem a salários baixos a uma atividade operacional que exige grande esforço físico, quase 90% dos colaboradores, nunca atuam na função ou na área hospitalar e realizam atividades com riscos ocupacionais como acidente do trabalho ou doença relacionada ao trabalho de origem nas atividades insalubres e perigosas que envolvem e podem provocar efeitos adversos à saúde do trabalhador, usuário e meio ambiente. 
 
Podemos definir: Lavanderia Hospitalar é uma atividade altamente insalubre ao homem e ao meio ambiente, é uma grande fonte geradora de impactos ambientais, os efluentes de lavanderia hospitalar são os que apresentam nocividade ambiental mais acentuada, devido à presença dos poluentes em maior concentração e dos produtos químicos inseridos durante a lavagem das roupas e a área suja do serviço de lavanderia é o local que aglomera o alto riscos. 
 
As roupas hospitalares provenientes de pacientes apresentam contaminações de resíduos corpóreos secreções e microrganismos presentes na roupa suja. Dentre a estrutura organizacional de uma instituição de saúde, a lavanderia hospitalar local ou terceirizada é hoje o principal serviço de apoio ao atendimento dos serviços a saúde. Apesar dos critérios adotados pelos hospitais para seleção e avaliação da lavanderia, o volume de relava de roupas entregues limpas em não conformidade existe é bem evidente.
 
O processamento da roupa é apenas um fator de redução de riscos das infecções hospitalares. Toda roupa hospitalar independente do grau de sujidade é considerada contaminada. A lavagem de roupa hospitalar mesmo que o processo de lavagem, secagem, calandragem sejam os mais adequados possíveis, o resultado não apresenta eliminação total de microrganismos, somente reduz a contagem de microrganismos para níveis aceitáveis, não totalmente livres de patogênicos essas quantidades aceitáveis são suficientes para transmitirem doenças. Essas lavanderias eliminam 30 milhões de litros de agua com compostos químicos e microrganismos por dia, cerca de 50% dessa agua não é tratada e os outros 50% dos efluentes são tratados de forma convencional, que não removem ou seja uma parte fica suspensa e a outra parte dos contaminantes como hormônios (bioativos), provenientes de produtos químicos, defensivos agrícola, fármacos, micro plásticos dentre outros permanecem dissolvidos na agua e o descarte vai parar nos mananciais, rios e oceanos provocando impactos ambientais com a carga desses contaminantes pondo em risco a biodiversidade, são consideradas a vilã do meio ambiente, utilizam as nossas aguas superficiais e subterrâneas são um bem inestimável e não renováveis e a sua preservação tem que ser um compromisso de todos. Os contaminantes emergentes estão presentes em nossas aguas, inclusive na agua que nos é servida para fins potáveis.
 
No Brasil, são raras as publicações sobre impacto na saúde associados as infecções hospitalares e a qualidade da lavagem por bioindicadores e que possam identificar quais os métodos de análises, os parâmetros, os pontos críticos e os pontos de controle do enxoval hospitalar na lavanderia, no processo de lavagem e na guarda em rouparias, apesar de existir diversos laboratórios que estão habilitados para realização destes controles.
 
Nos Estados Unidos, os gastos associados às infecções hospitalares estão contabilizados em aproximadamente US$ 33 bilhões anuais, na Europa ocorre anualmente cerca de 5 milhões de casos de infecções no ambiente hospitalar, um impacto econômico na ordem de  € 13  a € 24  bilhões de Euros. Esses valores são os custos diretos, os indiretos podemos considerar, a falta de leito para novos pacientes, processos judiciais e indenizações financeiras e a imagem negativa para o hospital com a mortalidade. 
 
No Brasil não possuímos dados oficiais mais amplos como nos EUA e Europa, mesmo assim, algumas pesquisas são realizadas e mostram que em 2011 em um hospital privado de grande porte de Belo Horizonte, identificou que o custo com antimicrobianos de um paciente com Klebsiella pneumoniae sensível teria um valor total de R$ 937,80, enquanto o tratamento de um paciente com Klebsiella pneumoniae multirresistente teria um custo de R$ 4.503,20, gastos apenas com antimicrobianos. Uma outra pesquisa realizada pela Fiocruz (2007) com 1.031 pacientes em três hospitais-escola do Rio de Janeiro com pacientes que contraíram infecções hospitalares, mostrou que o tempo de internação aumentou em 226 dias, elevando os custos para o sistema de saúde.
 
Podemos caracterizar, além da imagem negativa gerado pelo óbito de pacientes o custo econômico e financeiro, principalmente para hospitais públicos e filantrópicos que atendem pelo SUS, gerado pelo prolongamento no tratamento de pacientes com infecções hospitalares com gastos adicionais em antibióticos, equipamentos e equipe médica. A maior evidencia dos custos financeiros e que as infecções hospitalares elevam o tempo médio de permanência no hospital de um paciente para 10 a 14 dias extra, contra a média de 4,6 dias para as demais internações.
 
Desse modo, na medida em que o paciente prolonga sua estadia no hospital, o gasto em diárias, equipamentos e equipe pode chegar a um valor 2,5 vezes superior ao custo de pacientes sem infecção e o gasto com cultura microbiológica é 9 vezes maior em um paciente com infecção hospitalar.
 
Conclusão. As infecções nas roupas hospitalar são graves e alto custos com tratamento e internação de pacientes que contraem uma infecção no próprio hospital cuja responsabilidade passou a ser do próprio hospital e não mais do plano de saúde, governo ou paciente.  A lógica é que os hospitais invistam cada vez mais em qualidade, tecnologia e inovação para aumentar a segurança do paciente e reduzir eventos dessa natureza.
 
Nosso radar atento e profundo conhecedor do ambiente hospitalar e pela preocupação que temos com o meio ambiente, também investigamos outra “infração sanitária”, das lavanderias, assunto bastante questionado e de impacto com risco biológico cruzado que é o reuso ou o descarte irregular do enxoval hospitalar. 
 
O mundo muda, as pessoas mudam os mercados se alinha e mudam. 
 
Vivemos uma nova era em termos de globalização e não há como achar que os mercados continuam sendo o que foram no passado.

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