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O que o futuro reserva para pacientes, médicos, enfermeiros e meio ambiente - até 2025

Carlos Alberto Telles - Engenheiro de Segurança do Trabalho

Carlos Alberto Telles

02/10/2021 - sábado às 16h17

A Era da Tele Saúde. A Era dos Diagnósticos com Inteligência Artificial. O Fim da Era de Lavar Roupa Hospitalar Infectada. Descarte Legal Ecologicamente Correto dos Resíduos Sépticos.

Mais saúde com o fim dos serviços de lavar roupa infectada. “Lavanderia hospitalar” mudança inevitável, o setor de saúde mundial está enfrentando inúmeros desafios que impõem enorme pressão sobre gestores, médicos e funcionários. Lavar roupa infectada não se sustentará nos próximos anos, o método é frágil para dar o suporte às instituições de saúde. Lavar roupa infectada não é futuro para a saúde humana, é como um reservatório onde bactérias, vírus e muitos outros microrganismos permanecem após a lavagem. No Brasil existem mais de 7 mil hospitais com toda a roupa suja e contaminada de 500 mil leitos todos os dias e, volta e meia, temos notícia de casos de infecções adquiridas durante a internação hospitalar, ou mesmo após a alta.
 
O mundo foi infectado, a pandemia mostrou os acertos, os erros e as fragilidades, e isso altera de forma completa a percepção dos gestores do futuro que nascem na pandemia para melhorar o controle da infecção hospitalar.
 
Neste contexto, e com a experiência como engenheiro de segurança do trabalho, mudanças serão necessárias e a criação de um ecossistema seguro e sustentável, reorientado especialmente para o controle de infecções e de controle de poluição apropriado, para não gerar substancias tóxicas e infectantes no meio ambiente e também para ajudar a eliminar o lixo séptico infectante potencialmente perigoso, o maior problema mundial e que não para de crescer.
Nos últimos três anos conhecemos todas etapas no ambiente de lavanderia hospitalar e o cenário da saúde no Brasil, Europa e na América Latina.
 
Lavanderia hospitalar terceirizada ou própria é um serviço de suma importância de apoio ao atendimento dos pacientes nos hospitais, porém é uma atividade que envolve risco à saúde ao trabalhador, usuário e meio ambiente. Um dos maiores índices (40,8%) de licença do trabalhador que recebem afastamento por motivo de doença ou efeitos adversos à saúde. Ambiente com condições e métodos de trabalho desfavorável, insalubre e perigoso sob agentes biológicos, químicos, físicos e mecânicos, algumas em regime de 24 horas.

Em 2011, a Associação Nacional de Biossegurança (ANBIO) fez uma revelação alarmante: em média 80% dos hospitais brasileiros não fazem o controle adequado para evitar infecções hospitalares, 100 mil pessoas morrem por ano por conta desse tipo de contaminação em roupas hospitalares - o que significa 0,57% dos pacientes que contraem infecção no ambiente hospitalar.
 
O processamento da roupa hospitalar é apenas um fator de redução de riscos das infecções hospitalares, não resulta em eliminação total dos microrganismos, mesmo que o processo de lavagem, secagem, calandragem sejam os mais adequados possíveis, o resultado não apresenta eliminação total de microrganismos, somente reduz a contagem de microrganismos para níveis aceitáveis, não totalmente livres de patogênicos essas quantidades aceitáveis são suficientes para transmitirem doenças. A sobrevivência desses bacilos presentes nos lençóis, na hora para fazer novas camas, é o que mais preocupa autoridades de saúde por sua taxa de mortalidade, que chega a 17%, e pela dificuldade em eliminá-los na lavagem e evitar infecções hospitalares.

Os efluentes de lavanderia hospitalar são os que apresentam nocividade ambiental mais acentuada, utilizam 190 toneladas por dia de produtos químicos. Eliminam 30 milhões de litros de agua com compostos químicos e microrganismos por dia, cerca de 50% dessa agua não é tratada e os outros 50% dos efluentes são tratados de forma convencional, que não removem uma parte que fica suspensa e a outra parte dos contaminantes como hormônios (bioativos), dentre outros permanecem dissolvidos na agua, provocando impactos ambientais e risco a biodiversidade. Lavanderia Hospitalar é uma grande fonte geradora de impactos ambientais e uma atividade altamente INSALUBRE ao homem e ao meio ambiente (risco de contaminação e alto consumo de agua limpa).
 
Os resíduos de serviços de saúde têm sido, em nível mundial, alvos constantes de pesquisas envolvendo busca de soluções para minimizar ambientalmente o seu impacto e com a chegada da grande revolução dos descartáveis o volume cresceu ainda mais.
 
A infecção hospitalar apresenta-se como um agravo de grande significado epidemiológico dentro do contexto da assistência hospitalar. Em um seminário internacional, em 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou os números de infecção hospitalar em todo o mundo: Brasil 14%; Estados Unidos 4,5%; Canadá 10,5% e Europa 7,1%. Em nossos estudos sobre infecção hospitalar, tornou-se complexo afirmar que a taxa é baixa ou alta, pois a IH muda de acordo com a classificação do hospital, tipo de assistência oferecida, mas podemos afirmar que infecção hospitalar atinge todos os hospitais e se manifesta durante a internação ou mesmo após alta relacionada com a hospitalização.
 
Nos últimos 50 anos, o avanço da tecnologia foi brutal. A cada dia surgem novas técnicas e diagnósticos que podem identificar problemas que antes permaneciam ocultos. Há novas terapias de cura, novas técnicas cirúrgicas que prolongam a vida dos pacientes que teriam expectativa “zero” de sobrevivência. A cada dia, os profissionais de saúde se tornam mais especializados. Porem os serviços de lavanderia hospitalar interno ou externo não evoluíram. Segundo a OMS - Infecção hospitalar é a 4º maior causa de mortes no mundo. A cada ano, aproximadamente 14% dos pacientes internados no Brasil contraem algum tipo de infecção hospitalar por conta desse tipo de contaminação em roupas hospitalares.
 
Apontamos que as infecções hospitalares e os resíduos de serviços de saúde “Lixo Séptico”, lixo potencialmente perigoso, que não para de crescer e cerca de 60% vão parar irregularmente em lixões, afetam os ecossistemas e causam danos à saúde humana e de outras espécies, a nível mundial são alvos constantes de pesquisas envolvendo busca de soluções.

A solução
Compromisso ambiental de todos os hospitais, repensar os hábitos de descarte, visando a melhoria continua com descarte monitorado, legal e ecologicamente correto dos resíduos sépticos. Adotar ações de preservação ambiental no dia a dia, minimizando o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente, usar produtos de limpeza biodegradáveis, substituir o uso de vassouras, baldes, rodos e pano de chão que retém pó, micro organismos e após a lavagem não são aptos para o uso.

Como não é possível a substituição das cortinas é importante que a higienização seja realizada semanalmente no ambiente hospitalar e sem tela de nylon e trilhos que são reservatórios de poeiras e microrganismos.

As vestimentas de uso único são as mais indicadas com relação a contaminação das roupas hospitalares. Hoje já temos no Brasil roupas e enxoval hospitalar de uso único que proporcionam conforto, compatível com o procedimento de esterilização, e que mostram-se vantajosas economicamente, ao mesmo custo que lavar roupa infectada.

No Brasil não existe uma legislação ou uma norma específica para os serviços de higienização de roupa hospitalar. A  ANVISA, que é a resolução, só dispõe sobre as Boas Práticas. O processamento é empírico, recebeu uma formatação científica induzindo a técnica da lavanderia hospitalar pela fábrica de detergentes alemã Henkel em 1960, definindo métodos para processamento da roupa, com lotes desordenados de lavagem, por sujidade leve e pesada para as roupas contendo sangue, fezes, urina proveniente de pacientes com doenças transmissíveis, que apresentam muita importância na cadeia epidemiológica.

Lavanderia hospitalar é um modelo de negócio do passado, baseado em provocar danos ambientais e escassez da agua, local insalubre ao homem e ao meio ambiente, lavar roupa infectada vai inevitavelmente passar por uma disrupção, é o que o futuro reserva para pacientes, médicos, funcionários e meio ambiente até 2025.

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