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Favela não é carência, é potência

Deraldo Silva - Coordenador da Central Única das Favelas (CUFA) - Baixada Santista

Deraldo Silva

13/11/2021 - sábado às 16h23

Vou voltar um pouco no tempo, mais precisamente ao dia 4 de novembro, DIA DA FAVELA! O IBGE classifica favela como aglomerados subnormais, formas de ocupação irregular de terrenos públicos ou privados, carência de serviços públicos essenciais e localização em áreas que apresentam restrições à ocupação. Mas é só isso?
 
A origem do nome 
A primeira vez que o nome apareceu em um registro oficial foi em 1900, no Rio de Janeiro. O delegado  Enéas Galvão, redigiu um documento referindo-se ao morro da Providência como favela.  Taxou o lugar de sujo, habitado por gente imoral que precisava ser combatida.
 
Mas pra saber de onde veio a expressão vamos ter de viajar lá pro interior da Bahia. Entre 1896 e 1897, milhares de sertanejos, liderados por Antônio Conselheiro, fundaram a comunidade de Canudos . A ocupação  ficava perto de um monte chamado ‘Morro da Favela’, batizado assim por abrigar espécies de plantas espinhosas, resistentes à seca. Conselheiro e seus seguidores foram derrotados na Guerra de Canudos.
 
Soldados regressaram da missão, mas não foram pagos. Sem ter onde morar foram para o morro da Providência, ocupado também por ex escravizados e seus descendentes. No morro brotava a mesma planta encontrada no sertão baiano a faveleira ou favela.
 
Favela : estigma e preconceito 
Há mais de 100 anos favela ou favelado já era visto com preconceito. Isso não mudou. Na cabeça de muitas pessoas, quem mora em favela é bandido ou tem algum parente envolvido no crime. Há relatos de moradores sobre a dificuldade de arrumar emprego, por causa desse estereótipo, ou ainda depoimentos sobre a violência das abordagens policiais nesses territórios.
 
Dia da Favela
Não queremos celebrar a existência dessas moradias , a falta de infraestrutura, a inação do poder público, mas dar visibilidade às manifestações culturais, música , dança, às brincadeiras , pipa no céu, bola rolando no campinho de areia e valorizar as pessoas. São manicures, diaristas, motoboys, porteiros, pedreiros, motoristas. De lá também saem artistas, atletas , enfim ídolos. Por isso a CUFA tem um lema, que é mais que uma frase: FAVELA NÃO É CARÊNCIA, É POTÊNCIA!
      
Ele é o cara!
Mente inquieta e questionadora. Provocou as mais de 5 mil favelas, onde a CUFA está presente, em todo o país a refletirem sobre a própria realidade. Instigou cada comunidade, por menor que fosse, a promover alguma atividade nesse dia 4 de novembro. Promoveu o resgate histórico, invisibilizado por quem detém o poder do dinheiro, do saber. A cada dia , nos ajuda a descobrir quem somos, e nos impulsiona a revelar nossa identidade.  Ele nasceu na favela, morou na rua, e se negou a seguir um roteiro repleto de estigmas negativos que a vida poderia lhe impor.
   
Na próxima coluna conto mais detalhes da história dele e vou revelar quem é. Não perca! Por agora só posso dizer que ELE É O CARA!

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal BS9

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