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Pesquisa Badra-BS9 revela que 61% na Baixada Santista apoiam direitos LGBTs

Do total de entrevistados, 31% disseram ser contra e 8% não quiseram ou não souberam opinar

Por Maurício Juvenal - Redação BS9

05/06/2021 - sábado às 09h00

Foram ouvidas 2.600 pessoas, na exata proporção representativa ao perfil da população da região - BS9

Cabeça aberta, mente arejada, pensamento “prafrentex”. Chame, você, como quiser. O que vale mesmo é o respeito às diferenças, aos direitos de as pessoas serem e agirem como desejam. Aliás, exatamente como pensa e demonstra a imensa maioria da população da Baixada Santista.

Pesquisa realizada pela Badra Comunicação, a pedido do Portal BS9, no final da primeira quinzena de maio, revela que 61% dos moradores da Região são a favor do casamento gay e dos direitos LGBTs. Do total de entrevistados, 31% disseram ser contra e 8% não quiseram ou não souberam opinar.

Foram ouvidas 2.600 pessoas, na exata proporção representativa ao perfil da população da Baixada Santista (sexo, faixa etária, escolaridade e renda familiar), hoje superior a dois milhões de moradores.

As mulheres se mostram mais bem-informadas e modernas. Dos 1.587 entrevistados que afirmaram ser a favor, 60,2% são mulheres e 39,8% homens. Por faixa etária, também entre os que são a favor, o resultado da pesquisa revela que, quanto mais jovem o público, maior o percentual de apoio ao casamento gay e aos direitos LGBTs. Entre os que têm de 16 a 24 anos, 80,4%; de 25 a 44 anos, 66,4%; de 45 a 59 anos, 56,1%; e com 60 anos ou mais, 44,7%. Esta última faixa etária, aliás, é a única que apresenta percentual de contrariedade maior do que o de aceitação.

As gerações mais novas, portanto, não apoiam o comportamento homofóbico. E que bom. Do ponto de vista conceitual, homofobia designa uma espécie de medo irracional diante da homossexualidade ou da pessoa homossexual, colocando-a em posição de inferioridade e utilizando-se, muitas vezes, da violência física e ou verbal para atacar essa pessoa.

Faz exatamente dez anos que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a legalidade da união estável entre pessoas do mesmo sexo no Brasil, promovendo a retomada das discussões acerca dos direitos da homossexualidade. A homofobia entrou em pauta.

Mas, apesar das muitas conquistas no campo dos direitos, o tema ainda enfrenta preconceitos. Na prática, o reconhecimento legal da união homoafetiva não foi capaz de acabar com a homofobia ou protegeu os milhões de homossexuais de serem discriminados, muitas vezes de forma violenta.
 


Como diz a música, amar é quando já não dá para disfarçar. E por que disfarçar? (foto: Ketut Subiyanto/Pexels)

Com a palavra
Mulher trans, casada com uma psicóloga e “pai” de uma filha, Flávia Bianco, do Gonzaga, em Santos, diz que o resultado da pesquisa pode ser considerado satisfatório, uma vez que o percentual ultrapassa os 50% (veja depoimento dela neste link).   
 
“Mas ainda temos um longo caminho de esclarecimento com os outros 39%. Infelizmente, ainda vivemos tempos em que ‘mãos dadas’ entre dois meninos causam repúdio e que um abraço ou um beijo entre mulheres choca tanto ou mais do que a agressão a uma mulher ou a uma criança”, fala Flávia, que é ativista e palestrante na área de inclusão e diversidade. 
 
Ela reforça que nossa sociedade foi construída com base em conceitos fundamentalistas e patriarcais, em que o conceito de tradicional remonta a um padrão específico, criado culturalmente. “Mulheres solteiras ou separadas que tinham filhos já foram uma ‘vergonha’ para suas famílias e seu círculo social. No Brasil, a cor da pele já definiu quem era livre ou ‘propriedade de alguém’. Os valores culturais da humanidade mudam ao longo do tempo. E isso se chama evolução”.
 
A advogada e professora universitária Patricia Gorisch vê com otimismo o resultado. “Em 2007, tivemos a mesma pergunta e 87% das pessoas eram contra direitos LGBTI+ e o casamento gay. Claro que temos que avançar ainda, mas a sociedade saltou de 13% para 61%. É inegável o avanço. Grande parte disso se deve ao próprio amadurecimento da sociedade em relação ao casamento gay. As pessoas achavam que iriam ver 'cenas' nas igrejas. Teve muito embate religioso com relação a isso. E a gente esclarecia que a Igreja era inclusiva, mas que estávamos lutando pelo direito, pelo casamento civil. O amadurecimento veio quando a sociedade percebeu que nada mudou, que ela não perdeu direitos. É importante ter essa reflexão”.

O LGBTI+ que a advogada usa diz respeito a lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais. O + engloba outras letras, como p, de pansexualidade (atração em relação às pessoas, independentemente de sexo ou identidade de gênero).
 
Sobre o fato de as mulheres serem mais inclusivas, Patricia Gorisch diz que é uma questão cultural, sim. “A mulher é muito mais solta nesse sentido, até porque muitas têm um sentimento materno, olham com outros olhos para o próximo. Sem falar que as mulheres ainda são vulneráveis. É o vulnerável olhando para o vulnerável, face a face. E, do outro lado, tem o machismo. O homem pensa: se eu me posicionar, quer dizer que sou gay. E não é nada disso. Ser a favor do casamento, dos diretos LGBTI+, quer dizer que você quer uma sociedade mais justa, mais equânime, porque os meus diretos não são afetados quando se garantem direitos a pessoas LGBTI+”.
 
Já em relação aos jovens aceitarem muito mais do que os mais velhos, a advogada declara: “Como o filósofo Bauman (Zygmunt Bauman, 1925-2017) escreveu, essa juventude vive uma identidade líquida, principalmente amores líquidos. Não que eles sejam volúveis, mas eles encaram a questão do amor enquanto amor, não enquanto corpos, não enquanto gêneros. É uma geração muito mais aberta”.

Patricia Gorisch fala mais sobre a pesquisa neste vídeo para o Portal BS9.

(Colaborou Adriana Martins)

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