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Entrevista de Domingo

Para Eduardo Silveira, Baixada está bem preparada para receber turistas

Presidente da Associação dos Profissionais de Turismo da Baixada vê um clima positivo para o setor

Por Alexandre Fernandes - Redação BS9

31/10/2021 - domingo às 07h00

Segundo Silveira, o segmento de turismo foi o primeiro a defender a implantação dos protocolos sanitários - (foto: divulgação)

Falar do quanto a pandemia de Covid-19 atingiu um determinado setor já se tornou algo repetitivo. Todos sentiram, pelo menos, algum impacto. Mas o turismo, certamente, foi um dos que sofreram o maior abalo. E vimos isso bem de perto na Baixada Santista.
 
Os primeiros casos da doença na região começaram a pipocar em março do ano passado, quando ainda rolava a temporada de cruzeiros. Tripulantes chegaram a ser internados em hospitais de Santos. Os demais encararam a quarentena nos navios, que ainda ficaram aqui por meses, ou atracados no Porto ou fundeados na Barra de Santos.
 
Para quem vinha de carro ou ônibus, as restrições foram mais duras a partir do final de 2020. Cidades montaram barreiras sanitárias e apertaram o cerco ao chamado turista de um dia. Neste ano, em meio ao pico da pandemia, a Ecovias deixou de implantar a Operação Descida no Sistema Anchieta-Imigrantes, numa tentativa de desencorajar moradores da Capital e do Interior de virem para a Baixada.
 
Mas agora o turismo parece dar sinais de recuperação. As estradas têm registrado um movimento grande de veículos nos últimos feriadões. E mesmo a recente decisão de algumas prefeituras de não realizar queima de fogos na praia não deverá afugentar os turistas.
 
É sobre esse clima positivo e os próximos desafios para o setor que fala o presidente da Associação dos Profissionais de Turismo da Baixada Santista, Eduardo Silveira, nas 9 perguntas da Entrevista de Domingo para o Portal BS9.
 
1 - Temos visto uma retomada gradual de vários setores. O senhor acha que o pior já passou?
Sim. Passados quase dois anos de pandemia, nós podemos dizer que já temos mais “passado com ela” do que “futuro”. O mundo todo está retomando as atividades. É claro que algumas coisas jamais voltaram a ser como antes, pois muitos desses protocolos sanitários vão estar na nossa vida e nas empresas e comércios.
 
2 - Quais são os desafios que o senhor considera primordiais para o setor a partir de agora? 
O setor de turismo já passou por grandes tragédias mundiais: guerras; problemas climáticos; terremoto; furação e até o terrorismo, com a queda das torres gêmeas nos Estados Unidos. A questão é que muitos desses eventos foram pontuais, num local ou região. Isso permitia que o fluxo de viagens fosse direcionado para outros destinos. O turismo tem essa capacidade de adaptação e de correção de rota. É claro que, com a pandemia, o mundo todo parou. E isso, mais uma vez, serviu para que as pessoas voltassem a “desejar viajar com mais intensidade, para viver novas experiências”. E é nesse contexto e com essa trilha que o segmento está retomando, proporcionando novidades.
 
3 - Os feriadões de setembro para cá já registraram um grande número de turistas se deslocando para o Litoral. As cidades da Baixada já estão preparados para receber tanta gente?
Santos e todas as cidades da Baixada Santista fizeram a sua lição de casa nessa pandemia. O que comprova isso são os números de vacinados que nossa região vem registrando. São questões como essa que os turistas do pós-pandemia também analisam para decidir o local de suas férias. Por isso eu tenho a convicção de que teremos uma temporada de muito sucesso e com segurança para todos. Toda a hotelaria e seus profissionais estão preparados para essa retomada.
 
4 - O senhor já tem alguma expectativa para as festas de fim de ano?
Apesar de alguns impactos nas viagens para fora do Brasil, eu acredito que esse destino ainda será muito procurado pelos brasileiros. Entre eles temos os Estados Unidos e a Europa. É importante lembrar que há um número expressivo de turistas que tiverem o seu sonho de realizar uma viagem interrompido por causa da pandemia. Por isso, essas pessoas vão usar parte dos créditos das viagens adiadas para contratar novas viagens.
 
5 - A pandemia provocou demissões e o fechamento de muitos comércios. O senhor vislumbra uma recuperação do setor, pelo menos a médio prazo? Ou vai demorar para reparar o estrago?
Quando falamos de um modo em geral sobre o segmento de turismo é importante destacar que temos mais de 50 atividades, destacando o setor da hotelaria, das agências de viagens e operadoras, dos eventos, o setor gastronômico e toda a área cultural e de entretenimento. O impacto no turismo foi imenso. Afinal, tudo que está relacionado ao turismo implica na necessidade de termos um grupo de pessoas e o deslocamento deles. Por isso, nós não falamos em “recuperar o que deixou de ser realizado”. Todo o turismo fez sua lição de casa, fez cortes, enxugou ao máximo os custos para manter o padrão que os clientes esperam com os novos protocolos sanitários. Mas, todos nós estamos muito otimistas de que vamos ter um crescimento gradual, para que neste novo momento possamos retomar os postos de trabalho que foram fechados e recontratar muitos desses profissionais.
 
6 - O senhor deve ter ouvido muitas críticas por parte de profissionais do setor por fazer com que as medidas restritivas fossem cumpridas. Como foi lidar com isso?
Ao contrário. O segmento de turismo foi o primeiro a defender a implantação dos protocolos sanitários. Mais do que realizar sonhos, o turismo cuida do ser humano, da pessoa. É para ela e por ele que existimos como atividade. É importante destacar que muitos protocolos sanitários sempre existiram, principalmente na hotelaria, na gastronomia, na aviação, dentre outros. O que as entidades que representam os profissionais fizeram foi adaptar o nosso dia a dia e até sugerir a adoção e criação de medidas de sanitização e segurança para a retomada do setor. Nosso setor é um segmento muito participativo. 
 
7 - De que forma a alta dos preços impacta o turismo?
Como todo o comércio e a indústria, o setor de serviços acompanha o impacto do aumento dos preços e, por consequência, do câmbio, do preço da energia elétrica e da água.
 
8 - O senhor acha que há uma demanda de mão-de-obra especializada na Baixada?
A Baixada Santista é um polo muito importante de formação de profissionais para o turismo, em diversas áreas. Infelizmente, notamos uma queda na formação acadêmica de alguns setores e alta em outros, como por exemplo na gastronomia e na formação de profissionais para trabalhar a bordo dos navios de passageiros. Na rede hoteleira, há muitos profissionais formados em Santos.
 
9 - E como o senhor tem visto o debate sobre uma ligação seca entre Santos e Guarujá? O senhor tem alguma preferência?
Essa é uma questão que se arrasta há pleno menos uns 30 anos, se não for mais. De lá para cá já houve muitas mudanças, como por exemplo: novos modelos de navios de carga cada vez maiores e de passageiros. Então, essa questão precisa ser definida pelo ponto de vista técnico e das necessidades das cidades envolvidas. Até o presente momento, tudo leva a crer que essa obra será realizada com o projeto de um túnel, ligando, inclusive, outros meios de modal e integrando o VLT. Toda obra que gere um valor e que seu impacto seja positivo deve ser realizada sempre com o objetivo de promover o crescimento e desenvolvimento econômico para sua população.
 

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