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O tapa e o Oscar

Gustavo Klein - Apaixonado por livros, filmes, música e séries, atua há mais de 30 anos como jornalista cultural

Gustavo Klein

15/04/2022 - sexta às 00h00

O assunto já teve um desfecho. Mas como a última coluna aqui na BS9 foi antes do Oscar e a agressão de Will Smith a Chris Rock continua tendo desdobramentos, acho que vale investir no assunto. Will vai ficar 10 anos sem poder comparecer a qualquer evento promovido pela Academia do Oscar, incluindo, claro, a própria festa de entrega do prêmio, e como não é mais membro da Academia, não vai também poder votar nos seus favoritos.

Mesmo assim, poderá ser votado e indicado ao Oscar. O diretor Roman Polansky, também banido pela Academia e impedido de pisar nos Estados Unidos (se pisar será preso por abuso sexual e estupro de uma garota de 13 anos, ocorrido nos anos 1970) ganhou o Oscar em 2003 por 'O Pianista'. Harvey Weinstein também foi banido graças às acusações de estupro.

É óbvio que casos como o de Polansky são muito mais graves. Mas é equivocado contemporizar o caso de Smith como se toda a reação à sua agressão fosse resultado de preconceito racial. É inaceitável que qualquer problema seja resolvido na base da agressão, não importa a motivação. Quando isso acontece em rede mundial e da forma como aconteceu, o que Will tinha de razão, perdeu. Se começarmos a justificar agressões graças a uma ou outra razão, iremos por um caminho muito perigoso.

A ressaltar também, neste episódio, toda a elegância de Jada Pinkett, que diante da piada agressiva de Chris Rock, demonstrou sua desaprovação com o olhar. Will poderia ter feito o mesmo. Ou ter feito melhor: usado seu discurso para se pronunciar sobre a doença da esposa ao invés daquela egotrip sem nenhum foco e um tanto quanto messiânica. Seria um tapa "moral" na Academia e em Chris Rock e ele sairia por cima nessa história. Já com o tapa, ele transformou o agressor em vítima, tirou o momento de glória de todos os outros vencedores da noite e agora faz com que seus vários méritos não façam qualquer diferença.

O histórico de Will Smith também pesa contra ele. Outra tentativa de agressão a um fotógrafo e atitudes pouco profissionais com relação a colegas de trabalho fizeram do astro uma figura amada pelos fãs (desde o seriado Fresh Prince of Bel-Air) e nem tão adorada em seu próprio meio. 

Comparar a agressão de Will Smith com crimes cometidos por Harvey Weinstein ou Roman Polansky não diminui a gravidade do seu ato. Que sejam, os três, punidos. Ou não?

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