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O futuro do Brasil e o carro elétrico

Peterson Ruan - Advogado e araraquarense especialista em direito público

Peterson Ruan

24/08/2021 - terça às 16h06

Nos últimos meses temos lido diversas notícias sobre a chegada inevitável dos carros elétricos no país, vista como solução para atender a procura por meio de locomoção mais sustentável.
 
Como já adiantado pelas grandes montadoras, os motores a combustão serão deixados no passado e previsões de especialistas apontam que o carro elétrico será comum no Brasil a partir de 2030, com significante diminuição da demanda por etanol.
 
Ao contrário do que acontece em outros países, aqui não há sinalização de eventual programa de incentivo para compra de modelos elétricos, mas ainda é discreta a discussão sobre como o Brasil se adaptará a essa nova realidade.
 
Diversos países europeus estão, por meio de subsídios, incentivando a aquisição de carros elétricos, afirmando serem eles menos poluentes, mas deixam de mencionar que nem todos têm condições de produzir energia elétrica limpa e, assim, tais veículos rodarão com energia elétrica obtida pela queima de combustível fóssil poluente, seja por carvão mineral ou outros derivados do petróleo, não cumprindo, portanto, com o pretendido.
 
O especialista em questões energéticas, sr. Adriano Pires, consultor e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), em entrevista concedida ao jornal Estado de São Paulo, bem afirmou que: “O carro 100% elétrico não deverá prosperar no Brasil, nas proporções que imaginam. Nem sei se vai prosperar no resto do mundo.”
 
Para o sr. Pires, o etanol continuará a ter papel importante como combustível no transporte, em especial no Brasil, porque o atual déficit de energia elétrica tenderá a crescer substancialmente (a crise hídrica pela qual estamos atravessando é um sinal) e porque o reabastecimento do carro exigirá enorme transformação da infraestrutura no país e no mundo, mediante aportes gigantescos de recursos.
 
O Sr. Pires ainda fez uma colocação e deixou indagação que deve colocar todos para pensar: “A gente precisa parar de adotar soluções de países ricos, que têm uma realidade energética diferente da nossa. No Brasil temos o etanol, que é limpo e gera emprego em sua cadeia produtiva circular, do cultivo da cana à produção de etanol e sua distribuição pelos postos de combustíveis. Vamos jogar isso fora para pegar soluções de países que não têm essa vantagem comparativa?”.
 
Para termos a real dimensão, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol (em primeiro estão os Estados Unidos da América), com domínio de toda tecnologia, desde a produção até a distribuição nos postos de combustíveis.
 
As regiões de Araraquara e Ribeirão Preto não podem ser penalizadas com desemprego, sucateamento de instalações e falta de arrecadação, já que são responsáveis pela produção de quase 08 (oito) bilhões de litros de etanol por ano, sem falar que já temos o etanol produzido do milho como matéria prima. É hora de agir!
 
Diante desse cenário, as principais montadoras instaladas no país (na contramão das matrizes estrangeiras) e as usinas de álcool estão buscando alternativas à eletrificação, afirmando que o etanol é uma fonte sustentável e com baixo índice de poluição, fomentando a implementação de centros de estudos e desenvolvimento de novas tecnologias que aumentem a produtividade do biocombustível, bem como para acelerar pesquisas para o uso do etanol em carros híbridos.
 
Tal medida é a mais acertada, uma vez que colocará nosso país em destaque, trará novos investidores e incentivos, como também, possibilitará o uso de um combustível farto, com a preservação e manutenção da infraestrutura já existente de distribuição de combustíveis, sem a necessidade de aportes em pontos de carregamento e na rede de distribuição de eletricidade.
 
A melhor saída ao Brasil é defender a fabricação de carros híbridos, movidos por eletrificação “bateria elétrica” e etanol, seguindo as exigências de sustentabilidade, sem que os brasileiros percam seus empregos e os estados e municípios deixem de arrecadar.
 
Temos que buscar os meios para colocar o etanol como uma das soluções globais para que os carros elétricos rodem sem gerar poluentes; exportar tecnologia, conhecimento e inovação para outros países produtores de etanol e açúcar; sem perder a atenção às demandas de sustentabilidade nos meios de locomoção. Temos que investir na capacitação técnica e valorizar o biocombustível!
 
Fontes: Jornal Estado de São Paulo e Valor Econômico

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