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Justiça por Moïse

Deraldo Silva - Coordenador da Central Única das Favelas (CUFA) - Baixada Santista

Deraldo Silva

13/02/2022 - domingo às 00h00

Moïse Kabagambe, o jovem congolês de 24 anos brutalmente assassinado em um quiosque, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, é um pouco de cada um de nós, negros e favelados.   

Moradoras dos Diques, das Vilas, dos morros se reconhecem e dividem a dor de Ivone Lotesov Lolo Lay, a mãe de Moise,  por filhos, maridos e irmãos mortos.

Ou ainda, quantos não estão submetidos a condições de trabalho precárias, sem direitos e encontram em um “bico” aqui outro ali, a única saída para conseguir uns trocados no final do mês?  

A precarização do trabalho, a pobreza e violência tem endereço certo na favela, vizinhas do preconceito. 

Negros e pardos são maioria morando nos “aglomerados subnormais de ocupações irregulares”, assim o IBGE classifica favela.  

Tem tatuado na pele o estigma da marginalidade, reforçada pelo racismo estrutural construído ao longo de 300 anos de escravização. 

Quantos não estão expostos a humilhações cotidianas , inferiorizados pela cor da pele, xingados pela cor da pele, mortos pela cor da pele? 

A insegurança e o medo habitam corpos negros. Longe das periferias, aos olhos da sociedade, só podem circular como serviçais, ou são logo taxados de bandidos.      

Durval Teófilo Filho, 38, funcionário de um supermercado também é um pouco de cada um de nós. O homem negro foi morto por um sargento da marinha. Os dois moravam no mesmo condomínio em São Gonçalo, Rio de Janeiro. O sargento atirou 3 vezes em Durval pensando que seria assaltado.

Jean William é um pouco de cada um de nós. No mês passado o cantor lírico teve uma arma apontada para seu rosto por policiais, quando realizava a travessia de balsa entre Santos e Guarujá. Foi questionado se o carro em que estava, um Jeep Renegade, era dele, e se estaria levando drogas dentro do veículo. “Disseram que o carro era dirigido por um indivíduo suspeito e que receberam uma denúncia, enquanto eu me dirigia até a vaga”, disse ele em um post no Instagram.

Nosso trabalho é incansável , no combate ao horror, a barbárie e ao preconceito que vitima negros e pobres. Sempre estaremos de braços dados  com movimentos como a Frente Nacional Antirracista para denunciar injustiças e provocar reflexão: quando seremos verdadeiramente a pátria acolhedora ou aquela que para os filhos deste solo é mãe gentil? 

#justiçaporMoise, #justiçaportodosnós!

 

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