PESQUISA BADRA
Objetivo é identificar a tendência de voto dos eleitores da Baixada Santista e do Vale do Ribeira a exatamente sete meses da eleição
Redação BS9
07/03/2022 - segunda às 08h57
Pesquisa quantitativa será espontânea e estimulada - (foto: divulgação)
“O Brasil só começa a funcionar depois do carnaval”. Durante muitos anos essa máxima popular permeou a cabeça de muita gente, uma vez que era comum empurrar decisões importantes para depois da festa de Momo. Em 2022, o calendário político-eleitoral brasileiro reaviva essa tese, tendo início hoje – para a imensa maioria dos candidatos – a contagem regressiva para a eleição de 2 de outubro.
Aliás, até 1º de abril, estará aberta a janela partidária, em que políticos eleitos poderão mudar de partido sem sofrer penalidades, como a perda do mandato, por exemplo. Tende a ser um troca-troca intenso e que vai expor, ao mesmo tempo, a fragilidade dos partidos e a completa ausência de espectro ideológico em boa parte da classe política brasileira.
Políticos não eleitos e, portanto, sem mandato no momento, também estarão em intensa movimentação, uma vez que para as Eleições 2022, o domicílio eleitoral e a filiação partidária devem ser registrados até o dia 2 de abril. Na prática isso quer dizer que quem vai se candidatar precisa estar filiado ao partido, pelo qual irá concorrer, até essa data limite. A escolha, em geral, tem como base muito menos as teses defendidas pela legenda e muito mais a nota de corte, ou seja, a quantidade mínima de votos necessários para conseguir se eleger por aquele partido. O cálculo é difícil de entender, mas a lógica é fácil: em geral o candidato se filia ao partido que oferece mais chance de vitória, com a menor votação possível.
O eleitor: um mero detalhe?
E como será que fica a cabeça do eleitor frente a tudo isso? A sete meses do pleito, qual o grau de interesse dos eleitores da Baixada Santista e do Vale do Ribeira com a eleições de outubro? A maioria já tem, espontaneamente, seus candidatos em mente? Num cenário estimulado, a intenção de voto aumenta?
Disposta a entender e medir esses e outros sentimentos, o instituto Badra realiza uma ampla pesquisa de campo, quantitativa, tendo como universo a soma do eleitorado de ambas as regiões, o que representa algo em torno de 1,6 milhão de eleitores. A amostra, de 1.500 entrevistas, segue o perfil do universo em termos de proporção para gênero, faixa etária, escolaridade e renda familiar.
Segundo Maurício Juvenal, coordenador do levantamento, a pesquisa segue todo um roteiro técnico, metodológico e científico capaz de traduzir como resultado, e dentro da margem de erro, a tendência e o sentimento do eleitor da Baixada e do Vale. “Há um rigor científico que é levado à risca na Badra. Concluído o campo, teremos sim como sentir e perceber o movimento do voto nessas regiões, sobretudo no levantamento espontâneo, que em tese é o que mais se assemelha à decisão do voto”, explica o especialista.
Tanto no levantamento espontâneo como no estimulado, os entrevistados terão a oportunidade de manifestar sua intenção de voto para presidente, governador, deputado federal e deputado estadual. “Na questão estimulada utilizamos o disco de pesquisa, contendo nomes de possíveis e prováveis candidatos. Como ainda não há registro oficial das candidaturas, a escolha e a definição desses nomes, que compõem o disco, partem de um diagnóstico técnico interno, que leva em consideração diversos fatores, entre eles domicílio eleitoral, representação político-partidária, potencial de votos, manifestação pública de pré-candidatura, atual detentor de mandato, entre outros”, argumenta.
Maurício diz que, até o registro das candidaturas, não somente é o que é possível ser feito, mas, também, o que a legislação autoriza. “Veja que o atual governador de São Paulo, João Doria, aparece em todos os discos de pesquisa, de todos os institutos, tendo seu nome estimulado para a disputa da Presidência da República. Mas quem garante que ele será candidato? Recentemente Doria declarou que se tiver que retirar sua candidatura, em favor de um nome com maior densidade eleitoral, capaz de superar a polarização Lula-Bolsonaro, ele o faria sem receio algum. Ou seja, o levantamento produz um raio x do momento em que ele é aplicado”.
E completa: “e do território onde é aplicado”. O complemento se refere especificamente ao levantamento que vem sendo produzido pela Badra, e que tem por interesse identificar o voto do eleitor dessas duas regiões. “É claro que o resultado pode ser semelhante ou totalmente diferente do que temos visto em pesquisas nacionais ou estaduais. Basta olhar o resultado de todas as últimas eleições que tivemos no Brasil, que vamos perceber que o eleitor do Nordeste vota diferente do eleitor do Sul e Sudeste, por exemplo. Ainda que óbvio dizer isso, é sempre bom explicar”, destaca o coordenador da Badra.
Eleição proporcional
O especialista em pesquisa de opinião, faz questão, ainda, de deixar claro que os levantamentos estatísticos de dados, do tipo intenção de voto, para eleições proporcionais, no caso de 2022 deputado estadual e federal, não alcançam o mesmo poder de conclusão que as pesquisas para eleições majoritárias, como de governador e presidente. “Por diferentes motivos e que afetam igualmente as intenções de voto espontânea e estimulada. Num exemplo esdrúxulo, vamos supor que um determinado candidato seja citado, na espontânea, por 100% dos entrevistados. Isso não significa que ele será eleito, pois ele não depende apenas dos seus votos para conseguir uma cadeira no parlamentar. Se a soma dos votos da chapa de candidatos de seu partido não for suficiente para que a legenda garantir uma cadeira, uma vaga na Câmara Federal ou na Assembleia Legislativa, ele terá sido bem votado, mas não conseguirá se eleger”, explica.
Para o coordenador do levantamento, as pesquisas na eleição proporcional têm o papel de indicar quem está espontaneamente presente na memória do eleitor. “E, quando estimulado, quem tem seu nome positiva ou negativamente ranqueado a partir da lista proposta, que é montada com base em fatores de análise política diversos”, afirma.
Maurício conclui explicando que quando do registro oficial das candidaturas, aí já não será mais possível fazer a consulta de modo estimulado. “São milhares de candidatos nas eleições proporcionais, tornando impossível montar um disco. E mesmo no formato de lista, defendo a tese de que o primeiro e o último nome acabam sendo favorecidos, portanto não funciona. Daí a importância da espontânea, que vai indicar os nomes mais lembrados e palpitantes, sem, contudo, isso significar que serão eleitos, visto que o cálculo para eleição proporcional tem suas características próprias, entre elas a absurda questão de quem nem sempre o mais votado é o eleito”.
A pesquisa
Além das intenções de voto espontânea e estimulada para presidente, governador, deputado estadual e federal, o instrumento de coleta de dados do instituto Badra pergunta aos entrevistados sobre seu nível de confiança no voto eletrônico, bem como sobre o seu interesse nas eleições gerais de outubro desse ano. A margem de erro da pesquisa é de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos e o intervalo de confiança de 95%. Autoral, o levantamento está registrado junto ao Tribunal Superior Eleitoral sob os números BR-01761/2022 e SP-07300/2022.
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