POLÍCIA CIENTÍFICA
Quase 20 mil garrafas apreendidas, 21 prisões, 11 interdições: veja a mobilização do Governo de SP desde os primeiros casos de contaminação por metanol
Da Redação
08/10/2025 - quarta às 08h30
Trabalho de análise de garrafas suspeitas realizado pela força tarefa - Pablo Jacob
O Governo de São Paulo está mobilizado para enfrentar os casos de intoxicação por metanol motivados pelo consumo de bebidas falsificadas. Desde a confirmação dos primeiros casos, no mês de setembro, ações de saúde e segurança passaram a ser reforçadas em todo o estado, assim como a comunicação para que a população tenha esclarecimentos sobre os riscos e a real situação. O gabinete de crise instalado no dia 30 de setembro intensificou as ações de fiscalização em bares, adegas e restaurantes, que já aconteciam regularmente, em busca de irregularidades.
“Não vamos tolerar o crime no nosso estado. A gente precisa enfrentar isso de maneira estruturada, com coordenação entre todos os entes, incluindo governo federal, municípios e iniciativa privada, para que as pessoas possam consumir com comprovação de origem e saber que não será contaminada. O cidadão precisa saber que tem um sistema que está funcionando”, afirma o governador Tarcísio de Freitas.
Agentes das secretarias de Estado da Saúde, Segurança Pública, Fazenda e Justiça, com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Comunicação e vigilâncias sanitárias municipais, visitaram estabelecimentos envolvidos em investigações de intoxicação por metanol. As fiscalizações resultaram em 11 estabelecimentos interditados preventivamente, com quase 20 mil amostras de garrafas de bebida alcoólica apreendidas para análise. A Secretaria da Fazenda e Planejamento suspendeu preventivamente a inscrição estadual de seis distribuidoras e dois bares, totalizando 8 estabelecimentos comerciais.
O aparecimento de casos fez com que os protocolos se tornassem mais rigorosos no atendimento a possíveis vítimas. No dia 30 de setembro, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo emitiu um alerta aos profissionais de saúde sobre o risco de intoxicação por ingestão de metanol. Como as primeiras horas são decisivas para salvar vidas, a pasta passou a orientar um protocolo padrão para pacientes que apresentem quadro incomum após consumo de bebida alcoólica, considerando todos eles como casos suspeitos em investigação até que saia o resultado do exame.
Até esta terça-feira (7), o número de casos descartados de intoxicação era de 85 – 18 foram confirmados, três óbitos entre eles. A checagem dos exames vai desde a coleta das amostras em unidades de saúde até a análise no Laboratório de Toxicologia Analítica Forense (Latof) da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, que tem expertise própria e dá agilidade na identificação de novos casos e segurança na confirmação ou descarte das suspeitas.
Para garantir o atendimento de toda a população, o Governo de São Paulo distribuiu 2.500 ampolas de álcool etílico absoluto à rede pública de saúde, garantindo resposta imediata e padronizada às emergências.
Além da mobilização imediata na saúde, as forças policiais reforçaram operações e investigações para coibir falsificação e adulteração de bebidas alcoólicas. Foram 21 prisões desde o aparecimento dos primeiros casos, incluindo um homem apontado como o principal fornecedor de insumos para falsificação de bebidas do estado. A polícia já sabe que não há envolvimento do crime organizado com os casos e que os registros não estão relacionados entre si.
As análises realizadas pela Polícia Científica de São Paulo em bebidas apreendidas nos locais ligados aos casos confirmados de contaminação vão ser essenciais para que os responsáveis pelo uso de metanol em produtos falsificados sejam punidos.
Polícia Científica analisa materiais apreendidos. Foto: Pablo Jacob/Governo de São Paulo
Os primeiros laudos já foram encaminhados à Polícia Civil para subsidiar as investigações e o esclarecimento dos fatos. Os detalhes serão preservados para não prejudicar as apurações em andamento.
Outra importante ação mobilizada pelo gabinete de crise foi a divulgação de canais de denúncia sobre possíveis irregularidades e suspeitas a respeito de bebidas adulteradas. A população pode enviar as informações ao Disque Denúncia 181 ou pelo site da Polícia Civil de São Paulo: www.webdenuncia.sp.gov.br. O Procon-SP também recebe denúncias pelo Disque 151 e pelo site www.procon.sp.gov.br. O órgão de defesa do consumidor ganhou um atalho no site para as denúncias relacionadas aos casos.
O Governo de São Paulo também estreitou o diálogo com a iniciativa privada, em especial com setores diretamente afetados pela ação criminosa dos falsificadores de bebidas. Foram realizadas reuniões com a Associação Paulista de Supermercados (Apas), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Federação de Hotéis e Restaurantes do Estado de São Paulo (Fhoresp) e associações do setor de bebidas alcoólicas.
O principal objetivo é unir forças para impedir as contaminações. Na segunda-feira (6), o governador Tarcísio de Freitas anunciou um convênio com as principais distribuidoras para ações como treinamento de agentes públicos e privados para identificar irregularidades, campanha educativa, além de um canal direto com comerciantes que queiram colaborar entregando mercadorias suspeitas. O Governo de São Paulo vai solicitar à Justiça ainda permissão para destruição dos estoques apreendidos, como bebidas sem comprovação de procedência ou adulteradas, selos falsos e garrafas, para garantir a segurança do setor e da população.
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