Obra do Túnel Santos-Guarujá abre 1 mil vagas

A Prefeitura de Guarujá vai fazer a pré-seleção para 1mil vagas de trabalho para as obras da ligação-seca entre Guarujá e Santos. Os cargos de pedreiro de alvenaria e auxiliar de serviços gerais terão 600 e 400 vagas, respectivamente. 

A previsão é que a partir de novembro os participantes selecionados sejam contratados. Os interessados precisam levar cópia do RG, comprovante de residência e currículo. É necessária experiência prévia para participar do processo. O canteiro de obras ficará no Distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá. O início está previsto para dezembro deste ano.

O túnel Santos-Guarujá é a maior obra de infraestrutura do Novo PAC. O valor total de investimento na obra é de R$ 6,8 bilhões. Destes, R$ 1,78 bilhão são oriundos da empresa portuguesa Mota-Engil, que foi a vencedora do leilão e será responsável pela obra do túnel imerso, que terá recursos do governo federal e do estado de SP.

O projeto prevê 1,5 km de extensão, sendo 870 metros imersos sob o estuário. O túnel contará com duas faixas por sentido para veículos, corredor exclusivo para o VLT e acessos para pedestres e ciclistas. Mais que uma solução de mobilidade, trata-se de um marco de engenharia inédito no continente, que promete mudar para sempre a rotina de quem vive na Baixada Santista. Estima-se que cerca de 80 mil pessoas utilizem diariamente a ligação, hoje limitada às balsas e catraias.

Tecnologia 

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que visitou o canteiro de obras do túnel Fehmarnbelt, que ligará a Alemanha à Dinamarca, já afirmou que “será usada a mesma tecnologia no túnel de Santos-Guarujá”.

E, ao contrário dos túneis escavados em rocha, como os de metrô, o túnel  será formado por grandes módulos de concreto pré-moldados. Cada peça é construída em terra firme, testada e depois transportada por flutuação até o local de instalação. Lá, os blocos são cuidadosamente afundados, encaixados no leito do canal e protegidos por camadas de areia e pedras. A escolha dessa técnica levou em conta o fato do solo da região ser formado por argilas moles e sedimentos fluviais, que não oferece estabilidade para escavações profundas.

O túnel submerso será construído após uma espera secular

Desde 1920, quando Santos já despontava com o maior porto da América Latina, a população da Baixada Santista convive com a promessa de uma ligação definitiva com o Guarujá. Primeiro veio a ideia de uma travessia seca entre as duas margens.

Nos anos 40, a proposta voltou à tona com força. Em 1948, engenheiros e autoridades discutiram a possibilidade de uma ponte levadiça, que permitiria o trânsito de veículos e pedestres sem interromper a navegação. A proposta gerou muita polêmica porque alguns viam a ponte como solução moderna. Já outros, achavam que poderia comprometer o futuro do porto, restringindo a entrada de navios cada vez maiores. Nessa época, já se falava que um túnel seria mais adequado, mas os custos e a complexidade técnica não permitiam. 

Já nos anos 1960, novos estudos foram encomendados. E nos anos 1980, houve anúncio de planos, que foram deixados de lado, com o contexto de crises econômicas, e a falta de recursos públicos. A cada promessa, uma nova expectativa que não se concretizava. No início do século XXI, o projeto dava sinais de que iria avançar. Em 2010, um novo anúncio foi feito. Mas, novamente, os obstáculos ambientais e financeiros travaram o processo. 

De geração em geração, a promessa e a longa espera de uma ligação definitiva foram moldando a memória da região. Além disso, a falta de uma passagem direta passou a limitar a integração plena das cidades, gerando entraves logísticos para o escoamento de cargas de um dos maiores complexos portuários do mundo.  

Foi somente em 2024 que o projeto começou a ganhar corpo. A obra foi incluída pelo Governo Federal no Novo PAC, com orçamento, cronograma e modelo de execução. Em agosto de 2025, foi lançado o edital para a construção do primeiro túnel submerso da América Latina.