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Educação Midiática: tema central para evolução da democracia

Caio França - Deputado estadual pelo PSB

Caio França

28/10/2021 - quinta às 16h46

Na última sexta-feira, dia 22 de outubro, realizamos uma audiência pública que debateu O papel da educação midiática no combate à desinformação e fortalecimento da democracia, por meio de ambiente virtual transmitida pelo canal da Rede Alesp no YouTube com a participação de um time de especialistas na área, que certamente nos ajudará a formatar políticas públicas efetivas na área de educação midiática.
 
A iniciativa do debate nasce após eu ter presidido a CPI das Fake News da Alesp no último ano, como um importante desdobramento de um tema relevante e cada vez mais presente nas relações humanas. Como bem pontuou o professor da USP e secretário executivo da ABPEducom (Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação), Claudemir Viana, a comunicação é algo próprio da essência humana por isso configura um direito humano respaldado pela Constituição Federal e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.
 
O professor destaca que a educação midiática é um conjunto de várias outras abordagens que foram evoluindo ao longo de décadas, que teve início com a Educomunicação, um movimento que, segundo ele, também vem de dentro da crise da estrutura escolar. O pesquisador reforça ainda que a Educomunicação tem algo a oferecer que não é só a educação formal, e que não está restrita ao currículo escolar, mas a educação através da comunicação que se dá em todas as estâncias e áreas da sociedade.
 
Patricia Blanco, presidente do Instituo Palavra Aberta, ONG que desenvolve o Programa de formação de multiplicadores, denominado EducaMídia, explicou um pouco sobre esse contexto da desinformação, que não é algo novo, mas que ganhou viralidade na era digital. Segundo Patrícia, essa superabundância informacional se forma a partir da pulverização de autoria.
 
Essa democratização do acesso foi super importante para dar voz essencialmente as minorias e aos excluídos. No entanto, a presidente destaca que trouxe uma necessidade de entendimento de autoria, de autoridade, de quem produziu, um processo novo de entendimento, de um novo mundo, da nova era da liberdade de expressão.
 
Essa dificuldade na interpretação das informações se deve ao baixo letramento da população brasileira, Blanco alerta para o dado que aponta que 42% da população adulta tem algum tipo de deficiência na interpretação de frases e parágrafos simples, o que acaba afetando o entendimento das informações, atrelado ao viés de confirmação, aos algoritmos e plataformas como “porteiros” da informação.
 
O copresidente do Comitê Diretor Internacional de Alfabetização Midiática e Informacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO MIL ALLIANCE), Alexandre Le Voci Sayad, explicou que a educação midiática trabalha para evitar a propagação de fake news e desinformação (misinformation), por informação de qualidade, para valorizar a ciência, prepara para o trabalho, para o exercício da cidadania plena (participação política e social), garantia da liberdade de expressão e da democracia, junto com o jornalismo.
 
Sayad destacou que essa tarefa não cabe apenas à escola e que os espaços de educação midiática devem abranger aparelhos sociais como as bibliotecas, os museus, os arquivos públicos, os centros de memória e praças públicas. Ele destacou que em 2018 foi lançada em Paris uma plataforma chamada Mil Cities, as cidades que educam para a mídia, que envolvem atores importantes como a própria mídia, que deve exercer a função de educadora midiática não só por meio de agências de fact-checking mas com outros programas, como o jornal que educa, por exemplo.
 
Natália Leal, CEO da Lupa, plataforma de combate à desinformação, acrescentou que o jornalismo é uma ferramenta de combate à desinformação, mas está muito longe de ser a única, por isso além de capacitar jornalistas e estudantes, a agência ampliou a sua atuação em diferentes frentes, com foco também no ensino básico, em colaboração com atores da sociedade civil, ongs, fundações, governos, sociedade civil. Segundo ela, a educação midiática é um instrumento de diminuição da desigualdade social. E esse é maior problema do Brasil, altamente evidenciado pela pandemia de Covid-19.
 
O consultor italiano em alfabetização midiática Paolo Celot, secretário geral da EAVI (European Association for Viewers Interests) e membro da Comissão Europeia em literacia midiática, destaca que sociedades midiaticamente educadas são essenciais para salvaguardar a democracia, acrescentando que é um pré-requisito para a vida pública em todas as suas esferas. Ele acrescenta que no mundo de hoje é um direito humano essencial.
 
Contribuíram ainda para a excelência do debate, o professor Carlos Lima, coordenador do núcleo técnico de currículo na Prefeitura de São Paulo e criador do Programa Imprensa Jovem e Debora Albu, coordenador do Programa de Democracia e Tecnologia do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS-RJ).

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