BS9 - Badra Comunicação
Cerca de 16% aceitam a liberação, desde que apenas para uso medicinal
Redação BS9
18/07/2021 - domingo às 09h00
Os contrários à legalização foram maioria em quase todas as faixas etárias - BS9
Até pouco tempo atrás, a polêmica sobre a legalização da maconha era meio Fla-Flu. Ou você era contra ou a favor. Mas a discussão girava sempre em torno do uso recreativo da droga. De uns anos para cá, a fumaça se dissipou, revelando os benefícios da maconha para a saúde. E aí, algumas pessoas que eram radicalmente contra deram uma relaxada, no bom sentido.
Esse novo olhar para a questão fez o Portal BS9 encomendar à Badra Comunicação a seguinte pesquisa na Baixada Santista: "Você é a favor ou contra a legalização da maconha?". Mas mesmo com a opção de liberá-la apenas para uso medicinal, pouco mais da metade das 2.600 pessoas ouvidas em maio nas 9 cidades se posicionou contra.
Os contrários à legalização foram 56,7%. Votaram a favor 24,9%. E aqueles que aceitam a liberação da maconha desde que para a fabricação de medicamentos são 16,3%.
Algumas curiosidades: das quatro faixas etárias masculinas e femininas pesquisadas (16-24 anos; 25-44; 45-59; 60 ou mais), apenas entre os homens de 16 a 24 anos a parcela favorável à legalização venceu os que são contra.
Já entre as mulheres das faixas de 45 e 59 anos e a partir de 60 anos, o número de pessoas a favor da maconha para uso medicinal foi superior à quantidade de gente que apoia a liberação total. Mesmo assim, houve mais mulheres contra a legalização.
Com a palavra
O tema da maconha para uso medicinal ainda parece ser novo para muita gente e deve render mais debates pela frente. Em junho, por exemplo, uma comissão da Câmara dos Deputados aprovou um projeto do deputado Luciano Ducci (PSB-PR) que autoriza a fabricação e comercialização de produtos e medicamentos à base de maconha.
A votação foi bem apertada: 18 a 17. Os parlamentares que votaram a favor asseguram que a única utilização da planta permitida tem fins medicinais e científicos. Além disso, o cultivo só será autorizado para pessoas jurídicas.
"O plantio da cânabis e o seu uso para fins medicinais já é legalizado no Brasil, mas para um grupo muito restrito de quem tem dinheiro e pode pagar pelo medicamento comercializado ou importado. Esse projeto de lei é necessário para permitir a ampliação do acesso mediante redução de custos", disse ao jornal Folha de S. Paulo a deputada Natália Bonavides (PT-RN).
Os que são contra entendem que a proposta é "abrangente demais". “Não queremos um marco legal da maconha”, disseram Otoni de Paula (PSC-RJ) e Caroline de Toni (PSL-SC) à Agência Câmara.
E por acreditar que essa aprovação pode representar um pontapé inicial para a legalização total da maconha, o grupo acredita que a aprovação pode causar riscos à segurança pública.
Sobre isso, o coronel Cássio Araújo de Freitas, comandante da Polícia Militar na Baixada Santista e Vale do Ribeira, na primeira Entrevista de Domingo do Portal BS9. Para ele, o usuário de drogas, não só a maconha, colabora indiretamente para o tráfico.
"Vamos falar de economia agora. É o traficante que gera o usuário ou o usuário que gera o traficante? Acho que quem gera demanda é quem gera demanda para o tráfico. Se a demanda está aumentando, o tráfico tende a aumentar também. É uma via de mão dupla. É importante falar que não estamos querendo prender, criminalizar o usuário. Mas ele não está inocente nessa história. O usuário faz parte do sistema, sim".
Na opinião do coronel, o usuário não precisa ser preso, mas deve ser responsabilizado.
"Será que o camarada que fuma maconha na praia, na frente dos nossos filhos, não merece uma multa? (...) Ele está naquela parte que é da área de saúde, mas é de segurança pública também. Está tudo misturado. O usuário ajuda, sim, a financiar o crime organizado. (...) Ninguém quer criminalizar, prender usuário. Seria inviável isso. Mas ele precisa, sim, ter uma responsabilidade social. Quando você toma sua multa por ter avançado o sinal vermelho e essa multa é revertida aos órgãos de trânsito, você está sendo responsabilizado. Acho justo e bem lógico".
Dados e critérios da pesquisa
A Pesquisa Badra Comunicação foi realizada entre os dias 10 e 13 de maio e ouviu 2.600 moradores, nas 9 cidades da Baixada Santista, obedecendo a proporção populacional e por sexo, faixa etária, escolaridade e renda. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%.
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