PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTO
É o primeiro levantamento realizado pós janela de transferência partidária e revela a liderança folgada do atual prefeito de São Paulo
da Redação BS9
18/04/2024 - quinta às 12h41
Pesquisa Badra Comunicação, divulgada nesta quarta-feira, dia 17, com exclusividade pelo Gazeta de São Paulo, aponta que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem 26% das intenções de voto do eleitorado paulistano. Em segundo lugar aparece o deputado federal Guilherme Boulos, do PSOL, com 17% das citações. Tabata Amaral, do PSB, também deputada federal, tem a preferência de 10% dos eleitores.
O levantamento foi realizado entre os dias 11 e 13 de abril e ouviu 1.500 eleitores nas quatro macrorregiões da Capital, ou seja, zonas Norte, Sul, Leste e Centro-Oeste. Registrado na Justiça Eleitoral sob o número SP 09533/2024, a margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.
Em quarto lugar na pesquisa aparecem a pré-candidata do Novo, a economista Marina Helena, e o influencer Pablo Marçal (PRTB), cada um com 4% das intenções de voto. Logo atrás está o deputado federal Kim Kataguiri, União Brasil, com 2%. Na lanterna e encerrando esse primeiro cenário estimulado está o sindicalista Altino, do PSTU, com 1%. Ninguém, nulo e branco somam 24%. Indecisos, 12%.
Já no cenário espontâneo, aquele em que não são sugeridos nomes aos entrevistados, Nunes tem 8% da preferência, contra 5% de Boulos e 1% de Tabata. Outros nomes foram citados, mas sem atingir ao menos 1% das intenções de voto. Ninguém, nulo e branco totalizam 8% nesse cenário e os indecisos 77%.
A disputa nas simulações de segundo turno
A pesquisa Badra simulou, ainda, três cenários de segundo turno. Na disputa direta entre Boulos e Nunes, o mdebista leva a melhor, e abre 12 pontos de vantagem sobre o pré-candidato do PSOL: 38% para Ricardo Nunes, contra 26% para Guilherme Boulos.
Já na disputa contra Tabata Amaral, Nunes tem a preferência de 37% do eleitorado e Tabata de 27%. São 10 pontos de diferença.
Ainda que improvável, em um segundo turno entre Guilherme Boulos e Tabata Amaral, a pré-candidata do PSB teria 29% das intenções de voto, se a eleição fosse hoje, contra 27% do pré-candidato do PSOL. Fica claro que sem Ricardo Nunes na disputa, Tabata Amaral é a preferida do eleitorado paulistano, herdando boa parte dos votos do atual chefe do Executivo.
RICARDO NUNES, e o projeto de reeleição
No cenário mais provável da disputa pela Prefeitura de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB\) consolida posição que lhe garante algo entorno de 1/4 dos votos totais. Ele tem, pelo levantamento da Badra, 26% das intenções de voto. Em comparação com outras pesquisas recentes, de outros institutos, e considerando a margem de erro, o mdebista praticamente não apresentou oscilação. Apesar de ser um bom número, dá sinais, contudo, de ter atingido o seu teto para o primeiro turno, que de fato não deve ultrapassar os 25% dos votos totais.
Nota: o eleitorado paulistano é composto por 9.331.168 eleitores. Bruno Covas, em 2020, foi ao segundo turno com uma votação de 1.754.013, o equivalente a 19,5% do eleitorado naquele ano (32,8% dos votos válidos). Nunes tem tudo para ter um desempenho, em primeiro turno, melhor do que o de Covas há quatro anos.
Outro fator que conta muito a favor de Ricardo Nunes nesse momento é o saldo da janela partidária, que permitiu aos vereadores trocarem de partido sem o risco de perderem seus mandatos. Ao menos 20 dos 55 vereadores da cidade mudaram de partido em relação à eleição de 2020, quando foram eleitos. E o MDB, de Nunes, foi a legenda que mais ganhou: seis vereadores. Agora é a maior bancada partidária do Legislativo paulistano, com 11 parlamentares no total. Além disso, as bancadas de boa parte dos partidos que compõem a base de apoio ao prefeito também cresceram. E no final das contas toda essa movimentação representa, no mínimo, influência sobre o voto.
GUILHERME BOULOS, e o desafio de vencer com o PSOL
A principal notícia ou revelação da pesquisa Badra é um certo derretimento da intenção voto em Guilherme Boulos, do PSOL. Ele que já disputou cabeça a cabeça, com Ricardo Nunes, a liderança da corrida eleitoral pela Prefeitura de São Paulo, parece ter perdido fôlego nesse momento. Com 17% das intenções de voto, está a consideráveis nove pontos de distância do atual chefe do Executivo paulistano. Mas não é só isso. O deputado federal passa a ver no retrovisor outra pré-candidata, Tabata Amaral (PSB), que encurtou a distância entre eles para sete pontos.
Nota: E não é que Tabata Amaral, também deputada federal, tenha crescido em termos de intenção de voto. Boulos é que diminuiu de tamanho, em comparação com pesquisas de outros institutos e da própria Badra. O lado positivo do atual desempenho de Boulos, é que ele também está acima do percentual obtido, no primeiro turno de 2020, ou seja, 12% do eleitorado total, com registrou 1.080.736 votos.
Três destaques parecem oportunos. O primeiro, o fato do pré-candidato do PSOL registrar o maior índice de rejeição nessa, 19%, e em todas as outras pesquisas. Segundo, o encolhimento da bancada do PSOL, na Câmara de São Paulo, de seis para cinco vereadores (a questão é que a perda é representativa, já que se trata da vereadora Jussara Basso, ex-coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, que luta por habitação digna, uma das principais pautas do PSOL). E, terceiro, o efeito colateral da má avaliação do desempenho do Governo Federal junto aos paulistanos. Lula, principal cabo eleitoral de Boulos, tem seu governo reprovado por 46% dos moradores da Capital.
TABATA AMARAL, e o combate a polarização
São cravados, 10% em intenções de voto. A deputada federal Tabata Amaral, do PSB, rompe assim (e isso já havia sido detectado no levantamento, de março, da Paraná Pesquisas) o desafio da casa dos dois dígitos, sempre visto pelos políticos como a marca a ser superada em termos de candidatura com viabilidade eleitoral. O patamar alcançado é um aceno aos demais concorrentes, e ao eleitorado paulistano, do tipo “tô no jogo”. A favor dela conta, ainda, o fato de registrar a menor rejeição, mirrados 2% do eleitorado.
Nota: Os números da pesquisa Badra não deixam dúvida. A disputa a ser travada por Tabata Amaral é em relação a Guilherme Boulos, e por um lugar ao sol no segundo turno da eleição paulistana. A grande questão que está colocada é se ela própria, a menina que saiu da periferia e foi para Harvard, e o PSB paulistano, derrotado em 2020 com Márcio França (fechou a eleição em terceiro lugar, com 728 mil votos), terão musculatura para chegar ao segundo turno. Convenhamos, ambos, hoje, ainda são vistos como franzinos.
Tabata, aliás, tem apostado em uma narrativa que condena a polarização da eleição em São Paulo, entre Lula e Bolsonaro, para ver quem tem maior capital político. Do ponto de vista do discurso é até bonitinho, e faz lá sentido, mas, na prática, quem recentemente disputou eleições e adotou esse viés, deu com os burros n’água. E o Datena? Pois é! Foi para o PSDB, que afirma ir de Tabata. O partido, aliás, fechou a janela partidária sem nenhum vereador na Câmara da Capital. E tinha elegido oito parlamentares, em 2020.
MARINA HELENA, e a novidade do Novo
Não há exagero algum em se afirmar que a economista, ex-diretora de Desestatização do Ministério da Economia na gestão de Paulo Guedes, ex-ministro de Jair Bolsonaro, é o maior fenômeno, até aqui, em termos de intenção de voto, da disputa pela Prefeitura de São Paulo. Ilustre desconhecida pela imensa maioria do eleitorado, ela tem pontuado acima da casa dos 5% em todas as pesquisas de opinião realizadas até agora. No levantamento da Badra, registrou 4%.
Nota: O comentário vai parecer antipático, mas a tendência é real. Os institutos de pesquisa, nas perguntas estimuladas, utilizam discos de nomes, em formato de “pizza”, que apresentam os nomes dos pré-candidatos, sem a utilização de qualquer recurso visual que relacione o nome à imagem. É corrente entre os analistas que a intenção de voto que vem sendo manifestada em favor da pré-candidata do Novo seria fruto de uma confusão com outra Marina, a Marina Silva, atual ministra do Meio Ambiente. Tese certa ou errada, a verdade é que o Novo vai surfando essa onda e não tem, na prática, nada a ver com essa possível confusão.
PABLO MARÇAL, e a sopa de letrinhas
O levantamento realizado pelo Instituto Badra é o primeiro a incluir o nome do coach Pablo Marçal em pesquisa de intenção de voto à Prefeitura de São Paulo. Recém filiado ao DC (Democrata Cristão, do interminável José Maria Eymael), opa, de última hora talvez ao PRTB, (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro). Com 4% das menções, ele está de volta ao cenário político. No final de março anunciado como candidato do DC, surge a notícia que antes do fechamento da janela partidária ele teria migrado para o PRTB.
Nota: Com mais de 7 milhões de seguidores nas redes sociais, Marçal é um player que não pode ser desprezado, sobretudo pela quantidade sem fim de polêmicas que costuma estar envolvido. Não há clareza em relação a qual partido está efetivamente filiado. Foi anunciada com pompa e circunstância, pelo DC, sua filiação e candidatura à Prefeitura. A imprensa, agora, dá como certa a disputa pelo PRTB, que até então tinha anunciado Padre Kelmon como o candidato da legenda. Pablo Marçal, que tentou se lançar à Presidência em 2022, é um empresário, coach e influenciador digital que já foi alvo de uma operação da Polícia Federal sobre supostos crimes eleitorais e lavagem de dinheiro.
KIM KATAGUIRI, em busca da(o) união
Filiado ao União Brasil, o deputado federal Kim Kataguiri registra 2% das intenções de voto na pesquisa do Instituto Badra. É menos que a metade do que obteve nos mais recentes levantamentos realizados pelo DataFolha e pela Paraná Pesquisas, quando alcançou 4% e 5,7%, respectivamente. A perda de aderência junto ao eleitorado, pode estar relacionada à presença de Pablo Marçal na corrida eleitoral paulistana, já que os dois, de certo modo, disputam o mesmo público eleitor.
Nota: Um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL) e protagonista do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, a candidatura de Kataguiri tem rumo incerto e indefinido. Seu partido, o União Brasil, em momento algum admitiu a candidatura. Pelo contrário. O vereador Milton Leite, dirigente da legenda, é apoiador de Nunes e não cansa de afirmar que o União Brasil está focado no apoio ao atual prefeito. Se bem que o próprio Milton alimenta a esperança de ver o partido, na condição de vice, compondo chapa com o MDB, e de preferência com seu filho, o deputado federal Alexandre Leite, ocupando a posição.
ALTINO, pelo fim do capitalismo
Altino de Melo Prazeres Junior, ou simplesmente Altino, tem 1% das intenções de voto na pesquisa Badra. Filiado ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, o PSTU, o sindicalista volta a disputar a Prefeitura de São Paulo. Ele foi candidato em 2016, tendo recebido pouco mais de 4 mil votos. Também se candidatou ao Governo do Estado, em 2022. No pleito, alcançou aproximadamente 15 mil votos. A estratégia eleitoral, fica claro, é a de fortalecer a legenda.
Nota: De extrema esquerda, com propostas e atuação voltadas às lutas de classe, o PSTU se define como “um partido de homens e mulheres da classe trabalhadora da cidade e do campo”. De acordo com o próprio site do partido, o PSTU defende o fim do capitalismo não como uma utopia, mas como uma necessidade. A legenda surge de uma ruptura com o PT. O tal combate ao capitalismo, claro, determina o confronto com os partidos inclinados à direita, sem poupar, no entanto, uma forte oposição à esquerda considerada “reformista”, que se posicionaria de forma ineficiente para acabar com o capitalismo e a exploração decorrente dele. A candidatura de Altino é, fica claro, uma espécie de defesa de um legado ou narrativa.
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