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Com novos casos de Covid, Rio cancela Carnaval de rua

O desfile na Sapucaí, porém, segue confirmado até o momento

Por Júlia Barbon e Ana Luiza Albulquerque - Folhapress

05/01/2022 - quarta às 08h30

A partir de agora, os blocos devem voltar a se reunir entre si e depois com a prefeitura para decidir se farão eventos em outros formatos - Tomaz Silva/Agência Brasil

O prefeito Eduardo Paes (PSD) cancelou nesta terça, dia 4, o Carnaval de rua no Rio de Janeiro devido ao aumento de infecções pelo novo coronavírus, provavelmente impulsionado pela variante ômicron. O desfile na Sapucaí, porém, segue confirmado até o momento.

A decisão foi informada por Paes e pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, em reunião com representantes de cerca de 450 blocos da cidade, que concordaram com a medida, e depois anunciada em transmissão nas redes sociais. No total, 506 blocos de rua se inscreveram neste ano.

Outras cidades já cancelaram os eventos da festa, sendo a principal delas Salvador. A lista de municípios que não terão a festa chega a pelo menos 58 no interior paulista, litoral e Grande São Paulo.

"O Carnaval de rua, por sua própria natureza e pelo aspecto democrático que tem, gera a impossibilidade de se exercer qualquer tipo de fiscalização", afirmou Paes na transmissão.

Contraponto
E mesmo com o carnavalde rua cancelado, o desfile na Sapucaí está mantido pois, segundo Eduardo Paes, será possível ter uma "série de controles", que ainda serão anunciados.

O prefeito disse que o secretário municipal de Saúde já vinha alertando que seria muito difícil a realização do Carnaval de rua tendo em vista os dados epidemiológicos recentes.

Presidente da Sebastiana, liga que inclui alguns dos principais cortejos cariocas, Rita Fernandes afirmou que os blocos já haviam decidido acatar "a decisão da ciência". "Ele [Paes] disse que, pelos dados de hoje, não tem condição de fazer Carnaval de rua no Rio, então a gente precisa recuar", declarou.

"Achamos uma decisão completamente adequada. A gente tem que ajudar, tem que diminuir a propagação, e não seremos nós do Carnaval de rua responsabilizados coletivamente pelo aumento do número de casos. Esse ônus a gente não quer para nós", completou.

O município enfrenta um novo aumento no número de casos, provavelmente pela circulação da variante ômicron. A porcentagem de testes feitos que deram positivo para a presença do coronavírus saltou de 1% em meados de dezembro para 13% na última semana.

O número de internações na rede pública permanece num dos patamares mais baixos desde o início da pandemia, mas a quantidade de pessoas nos leitos do município mais do que dobrou desde o Natal, de 11 para 24, na tarde desta terça.

Soranz afirmou que, após semanas de redução no número de casos de Covid-19, os números voltaram a crescer nas últimas semanas. Com a vacinação, a expectativa é que não sejam acompanhados por um grande aumento nas internações e óbitos.

O secretário disse, ainda, que não existe mais epidemia de gripe na cidade e que os casos de infecção simultânea por Covid e influenza são isolados, sem relevância epidemiológica.

Paes também afirmou na transmissão que propôs uma alternativa para a realização do Carnaval de rua, a princípio não aceita pelos representantes dos blocos. Ele disse que está aberto a negociações e contrapropostas.

O prefeito sugeriu à Ambev, patrocinadora da festa, que em todo fim de semana de fevereiro houvesse um evento gratuito com 50 blocos tradicionais, em dois ou três pontos da cidade.

Nesses espaços, seria possível estabelecer alguns controles, como apresentação de passaporte vacinal e testagem pela prefeitura. Os locais propostos inicialmente por ele foram o Parque Olímpico da Barra da Tijuca e o Parque Madureira.

Ensaios
Os ensaios técnicos das escolas de samba do Rio de Janeiro para o carnaval de 2022, previstos para a segunda quinzena deste mês, ainda não têm data para começar. O Sambódromo, na Marquês de Sapucaí, no Centro, passa por obras com investimento público e privado estimados em R$ 45 milhões para melhorar as condições da infraestrutura da Passarela do Samba. A troca do asfalto na pista de desfiles também está no projeto.
 
Segundo a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), sem uma data definida para a conclusão das obras, não foi possível adiantar um calendário dos ensaios técnicos, que têm ingressos grátis e costumam levar torcidas das escolas para as arquibancadas do Sambódromo.
 
“De acordo com a Liesa, as datas dos ensaios técnicos estão sendo definidas em função do recapeamento da pista da avenida e de algumas obras necessárias. Em breve a data será anunciada”, informou, assegurando que seguirá todas as orientações dos órgãos competentes e protocolos vigentes referentes à Covid-19.
 
Além da falta de conclusão das obras no Sambódromo, o atual cenário epidemiológico da capital por causa do avanço da Covid-19 com a variante Ômicron e ainda os casos de Influenza, que começaram a reduzir também vai pesar na decisão para a realização dos ensaios técnicos. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), na terça-feira passada (28) eram 63 casos registrados de Covid-19. Dois dias depois já eram 159 casos confirmados. Dados atualizados nessa terça-feira, dia 4, às 11h30, havia uma pessoa aguardando vaga para internação na rede com sintomas da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 24 pessoas internadas.
 
Influenza
Com relação à influenza (H3N2), os números vêm caindo na cidade. “Os casos de gripe nas últimas semanas reduziram consideravelmente. Nesta última semana, a queda no índice de pacientes que buscaram assistência na rede de urgência e emergência foi 75% em relação ao início de dezembro”, informou a pasta. Conforme a SMS, mais de 2,9 milhões de pessoas já foram imunizadas contra a gripe na cidade.
 
A SMS informou que até agora não há previsão para uma reunião entre representantes da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), integrantes da pasta e do Comitê Científico para discutirem a realização dos desfiles no carnaval. Para as escolas do grupo especial as datas previstas são 27 e 28 de fevereiro.
 
Nesta terça-feira, o prefeito Eduardo Paes, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, e integrantes do Comitê Científico de Enfrentamento à Covid-19 (CEEC) se reúnem com representantes dos blocos de rua do Rio para esclarecer qual é o posicionamento oficial e se haverá condições para a realização desse carnaval popular.

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