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DESTAQUE CULTURAL

"Vento Endiabrado" transforma paraíso litorâneo em palco de paixões, conflitos e memórias

Em romance, Regina Helena de Paiva Ramos homenageia memória caiçara e retrata os encantos e as feridas de um Brasil costeiro em transformação

Da Redação

12/06/2025 - quinta às 18h00

Em Vento Endiabrado, a praia fictícia Jacurici parece um paraíso: mata atlântica cerrada e rio serpenteando até o mar. Mas, basta descer até as casas para perceber que ali também fermentam adultérios, linchamentos, devoções, bruxarias e grandes sonhos frustrados. O livro escrito pela jornalista Regina Helena de Paiva Ramos acompanha — dos anos 1970 aos 2000 — a chegada do “progresso” turístico na cidade, o avanço da especulação imobiliária e as tensões entre caiçaras, veranistas e aventureiros.  
 

O fio dramático que costura o romance é a paixão entre Veridiana, artista renomada, e Venâncio, caiçara que começa vendendo pitus na praia e termina dividido entre lealdade à terra e ambição por uma vida melhor. À volta do casal, pulsam personagens como a faladeira dona Quicas, o alemão Kurt que compra um hotel de antigas posses comunitárias, e a “desbandeirada” Isaura, cujas festinhas fazem tremer a moral da vila. O resultado é um painel sobre choque de gerações, desigualdade e a lenta erosão provocada pela modernidade. 

 

É assim Jacurici, lugar cheiroso e de grande beleza e de muitas histórias. De barulho pouco e de muita vida. Lugar de coruja piando dentro da noite enquanto corpos rolam silenciosos na areia da praia (...) Jacurici é assim. Bonita de ver. Boa de viver. Própria para amar (Vento Endiabrado, p.10)  

 

A obra possui um ritmo narrativo cinematográfico com registros alternados, que vão desde capítulos cheios de ação, com brigas, mortes e vendavais, a textos em cadernos de notas, trechos de diário e recortes jornalísticos. Esse retrato lírico sintetiza a ambiguidade central de Vento Endiabrado: a mesma paisagem paradisíaca que seduz também devora.  

 

Com linguagem viva, cheia de neologismos caiçaras, a autora homenageia a oralidade do litoral paulista e a memória coletiva de um Brasil praiano em acelerada mutação. O resultado é um romance que, ao mesmo tempo em que diverte, fere e enternece, deixa no leitor a impressão de ter ouvido algo precioso — como se cada voz de Jacurici sussurrasse, em segredo, verdades que resistem ao tempo e à maré. 

 

FICHA TÉCNICA 

Título: Vento Endiabrado 
Autora: Regina Helena de Paiva Ramos 

Editora: Minotauro 
ISBN: 856392057X 
Páginas: 296 
Preço: R$ 62,30 
Onde comprar: Amazon | Livraria Martins Fontes 

 

Sobre a autora: Jornalista há sete décadas, formada pela Faculdade Cásper Líbero, Regina Helena de Paiva Ramos percorreu de redações impressas ao telejornalismo: foi repórter e crítica em O Tempo, A Gazeta, Popular da Tarde e nas revistas Manchete e Visão; na TV, colaborou com a Excelsior e a Bandeirantes. Ela também é autora de uma grande diversidade de obras: 

 

 

O ensaio histórico Mulheres Jornalistas – A Grande Invasão (2010) biografa 67 pioneiras da imprensa; Mata Atlântica: 20 Razões para Amá-la (2005) denuncia a devastação costeira; A Cozinha Paulista e A Cozinha Mineira recolhem receitas afetivas; Isso é Definitivo? (1979) investiga o destino feminino sob a ótica do cotidiano. Ela mergulhou no romance de fôlego em seu último lançamento, Vento Endiabrado, em que transforma a fictícia praia de Jacurici em um espelho feroz e profundamente brasileiro. 

 

Site da autora: https://escrevinhacoesdaregina.wordpress.com/ 

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