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CONTEÚDO ESPECIAL - SAÚDE MENTAL

Número de suicídios nas rodovias paulistas e ocorrência na Imigrantes ligam alerta sobre a questão

Tentativa registrada nesta quinta-feira expõe cenário de 32 suicídios e 11 tentativas nas vias concedidas de São Paulo em 2025

Robson de Castro

20/11/2025 - quinta às 11h16

Uma tentativa de suicídio registrada na manhã desta quinta-feira na rodovia SP-160, Imigrantes, voltou a expor um cenário alarmante nas rodovias concedidas do Estado de São Paulo. A ocorrência aconteceu no km 14, sentido sul, e foi finalizada pouco depois das 7h. Segundo o registro, ao menos uma pessoa sofreu ferimentos leves.

 

O episódio reacende o debate sobre a frequência desses episódios. Dados atualizados do sistema da Artesp mostram que, entre janeiro e outubro de 2025, as rodovias paulistas sob concessão registraram 32 suicídios consumados e outras 11 tentativas. Os números revelam uma situação de grande preocupação, que se repete ano após ano e exige atenção permanente.

 

Setembro é tradicionalmente o mês voltado à conscientização e prevenção ao suicídio, mas especialistas destacam que o enfrentamento deve ser constante. Ambientes rodoviários, pela combinação de grande fluxo, rapidez no deslocamento e acesso facilitado a pontos vulneráveis, acabam se tornando locais críticos para episódios de crise emocional extrema.

 

Por isso, é fundamental que familiares, amigos, colegas de trabalho e a comunidade em geral fiquem atentos a sinais de alerta e ofereçam apoio para que pessoas em crise busquem ajuda especializada, contribuindo para evitar novas tragédias.

 

Especialista explica

De acordo com o médico psiquiatra Thyago Henrique (CRM 30392), ninguém tenta suicídio simplesmente porque quer deixar de viver. Segundo ele, a motivação central é a dor. “O cérebro não diferencia dor emocional de dor física. A dor de uma depressão e a dor de um corte no braço são processadas na mesma região, o córtex cingulado anterior”, afirma. Por isso, quando o sofrimento emocional se torna intenso e contínuo, a pessoa sente uma dor real, profunda, e pode não enxergar alternativas para interrompê-la — recorrendo ao suicídio como um mecanismo desesperado para acabar com essa dor.

 

Ele destaca que os sinais de alerta podem ser sutis ou explícitos. Entre os sinais sutis, estão o isolamento social e a quebra repentina de padrões de comportamento. Uma pessoa antes ativa pode, de repente, apresentar humor deprimido ou mudanças bruscas de postura. Já os sinais alarmantes incluem a verbalização direta da ideia de tirar a própria vida. “Alguns falam abertamente: ‘estou pensando em acabar com a minha vida’. E muitas vezes isso não é levado a sério”, alerta. Ele reforça que qualquer exteriorização desse tipo deve ser encarada com seriedade: “É melhor pecar pelo excesso, acreditar no que a pessoa está dizendo e oferecer ajuda.”

 

Sobre os fatores que levam ao suicídio, o médico afirma que se trata de uma condição multifatorial, semelhante a uma comorbidade psiquiátrica. “Nunca é um fator isolado”, explica. A genética tem peso importante, e ele lembra que um suicídio dentro da família pode impactar até três gerações. Além disso, condições ambientais — como viver em um ambiente hostil ou marcado por violência doméstica - aumentam o risco. Aspectos hormonais também influenciam, incluindo a testosterona e a vitamina D, classificada por ele como um hormônio.

 

O especialista ressalta que o ambiente é determinante: relações sociais, exposição à violência, alimentação, prática de atividade física e fatores emocionais como abandono. “O abandono é interpretado pelo cérebro como dor física”, afirma. Segundo ele, a interação entre predisposição genética e ambiente é o que, em última instância, determina o surgimento ou não de uma condição psiquiátrica e o risco de comportamento suicida.

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