RISCO À SAÚDE
Médica infectologista alerta para riscos, sintomas e formas de prevenção
Da Redação
30/05/2025 - sexta às 15h00
Dados alarmantes revelam o tamanho do avanço dos escorpiões no Brasil. Entre 2014 e 2023, foram registrados 1.171.846 casos de picadas no país. As regiões Sudeste e Nordeste concentram a maioria dos registros, com 580.013 (49,5%) e 439.033 (37,5%), respectivamente.
A situação já atinge o litoral paulista. Na Baixada Santista, em 2025, a Prefeitura de Praia Grande notificou dois episódios, ambos sem registro de óbito. Santos contabilizou um caso confirmado e Itanhaém, outro considerado leve. Já em São Vicente, houve uma ocorrência em 2024, mas nenhum episódio foi confirmado até o momento neste ano.
A médica infectologista Carolina Brites explica que a urbanização desordenada contribui para o aumento desses acidentes. “Quando a gente tem picadas de inseto, como escorpião e cobras, a gente fica muito preocupado justamente por conta dessa desurbanização que existe. E aí acaba tendo esse descontrole desses animais que são venenosos para nós, seres humanos”, afirma. “A parte urbana está entrando em contato com esses bichos que antes eram menos frequentes no nosso ambiente.”
Segundo Carolina, os sintomas mais comuns incluem dor intensa, vermelhidão, inchaço e sensação de ardência. “É assim que você sentir esses sintomas, deverá procurar o serviço de pronto-socorro imediatamente”, orienta Brites. “Picadas de insetos como escorpião não dá para esperar, justamente por conta desse envenenamento que pode existir.”
Crianças, idosos e pessoas imunologicamente vulneráveis integram o principal grupo de risco. “Não é só a questão da imunidade envolvida, é a questão daquela pessoa que é mais vulnerável, que tem situações que podem estar perto da picada de escorpião”, ressalta.
A médica destaca que ações rápidas e corretas podem fazer a diferença: “Teve a certeza ou a suspeita de picada de inseto relacionado a veneno, como o nosso caso, que a gente está discutindo, o escorpião, imediatamente procurar assistência médica, isso é fato. Porém, lavagem intensa no local, com água e sabão, aplicação de compressa morna, repouso e, imediatamente, procurar o serviço de emergência. Não dá para fazer medidas de controle dentro de casa sem ter uma boa avaliação, porque, se tiver que entrar com soro, tem que ser o mais rápido possível.”
O soro antiescorpiônico está disponível no SUS e pode ser decisivo para casos moderados e graves. “Existe um soro específico, que é o soro antiescorpiônico. Ele é o único eficaz para o tratamento. Mas seria para alguns tipos de envenenamento, moderados e graves, por um tipo específico de escorpião. Então, realmente, o maior cuidado é em relação à prevenção. E o ideal é que o soro seja aplicado o mais rápido possível, no intuito de minimizar a gravidade do caso da picada.”
A prevenção passa por cuidados com o espaço doméstico. “Tanto em ambientes urbanos quanto rurais, a gente precisa prestar muita atenção no local em que vive. Ele tem que estar cada vez mais limpo e organizado”, alerta a especialista. Ela destaca ainda a importância de vedar frestas, rachaduras, portas e janelas, além do uso de roupas protetoras em áreas de risco: “Sempre estar com uma roupa extremamente coberta, com bota de cano alto, meia-calça e blusa de manga comprida.”
Sobre Carolina Brites
Carolina Brites concluiu sua graduação em Medicina na Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES) em 2004. Especializou-se em Pediatria pela Santa Casa de Santos entre 2005 e 2007, onde obteve o Título de Pediatria conferido pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
Posteriormente, especializou-se em Infectologia infantil pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e completou uma pós-graduação em Neonatologia pelo IBCMED em 2020. Em 2021, concluiu o mestrado em Ciências Interdisciplinares em Saúde pela UNIFESP.
Atualmente, é professora de Pediatria na UNAERP em Guarujá e na Universidade São Judas em Cubatão. Trabalha em serviço público de saúde na CCDI – SAE Santos e no Hospital Regional de Itanhaém. Além disso, mantém um consultório particular e assiste em sala de parto na Santa Casa de Misericórdia de Santos. Ministra aulas nas instituições de ensino onde é professora.
Carolina Brites CRM-SP: 115624 | RQE: 122965
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