SAÚDE
Sem cura e frequentemente silenciosa, a intolerância ao glúten exige atenção, diagnóstico precoce e inclusão alimentar. Conheça a história da santista Nathália Secco, que transformou sua experiência em luta por direitos e informação
Da Redação
16/08/2025 - sábado às 22h05
A doença celíaca é uma condição autoimune, sem cura, que afeta cerca de 2 milhões de brasileiros — aproximadamente 1% da população mundial — segundo estimativas da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA).
Essa doença é desencadeada pelo glúten, proteína presente em cereais como trigo, aveia, centeio e cevada, encontrados com facilidade em alimentos industrializados, medicamentos, maquiagens e outros produtos.
Muitas pessoas convivem com sintomas silenciosos ou inespecíficos por anos — às vezes, décadas — antes de receberem o diagnóstico correto. Nesse período, aumentam-se as chances de desenvolvimento de osteoporose, anemia, distúrbios neurológicos, transtornos de humor e até câncer intestinal.
Atualização importante: novo protocolo do Ministério da Saúde
Em julho de 2025, o Ministério da Saúde publicou a Portaria Conjunta SAES/SECTICS nº 8, aprovando o novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Doença Celíaca. O documento atualiza critérios para diagnóstico e acompanhamento no SUS, incluindo:
Confirmação diagnóstica por exames sorológicos específicos (anticorpos anti-transglutaminase tecidual e anti-endomísio) e, quando necessário, biópsia do intestino delgado.
Conduta terapêutica baseada na exclusão total do glúten da dieta, com suporte de nutricionista especializado.
Atenção integral à saúde do paciente, considerando reposição de nutrientes, acompanhamento multiprofissional e orientação sobre prevenção de complicações.
Campanhas de conscientização e ampliação do acesso a diagnóstico precoce em todo o país.
Uma santista na luta pela inclusão
A santista Nathália Secco Ramos Hélio, médica veterinária, convive há cinco anos com a doença celíaca. Para ela, a inclusão é uma questão de saúde pública:
"Garantir o direito à alimentação segura, tanto em ambientes coletivos quanto com produtos rotulados adequadamente, é essencial para a nossa qualidade de vida. Para que isso seja possível, é fundamental que gestores públicos e órgãos de saúde invistam em campanhas de diagnóstico e inclusão alimentar."
Nathália também destaca a importância do envolvimento da sociedade civil, imprensa e organizações:
"É imprescindível o reconhecimento dos celíacos como parte legítima da população com necessidades de inclusão alimentar decorrente da intolerância ao glúten, visto que esta, muitas vezes, se traduz em isolamento social e desigualdade de acesso a locais públicos, bebidas, eventos e restaurantes."
Orientação profissional
Segundo a nutricionista Cristiane Brito, o acompanhamento nutricional é essencial:
"O intestino delgado sofre danos por conta da doença, o que compromete a absorção de nutrientes. O tratamento consiste na retirada total do glúten — presente no trigo, aveia, cevada e centeio — e isso não é simples, já que ele está em muitos alimentos do dia a dia, como pães, massas, bolos e até em produtos industrializados onde ninguém imagina."
Da experiência pessoal à rede de apoio
Pensando nisso, Nathália criou a página @nathsemgluten no Instagram, onde, de forma descontraída, conversa com outros celíacos, compartilha sua rotina, indica lugares seguros e ensina receitas acessíveis para o seu público.
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