SBP
Especialista alerta para sinais de risco e fatores que influenciam o comportamento
Da Redação
26/09/2025 - sexta às 18h00
O levantamento ainda destacou que a cada ano, cerca de mil adolescentes perdem a vida por suicídio no Brasil - Freepik
Um novo levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com base em dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, revela que, a cada dez minutos, um adolescente comete algum tipo de autolesão ou tenta tirar a própria vida no Brasil. Apenas nos últimos dois anos, a média chegou a 137 atendimentos diários a jovens entre 10 e 19 anos, número que acende um alerta sobre a saúde mental dessa faixa etária.
Segundo o psiquiatra e docente da Faculdade Zarns, dr. Gustavo Justina, os números refletem uma realidade ainda mais grave do que aparece nos registros. "Existe uma subnotificação, porque muitos adolescentes evitam procurar o psiquiatra, seja por preconceito ou medo de julgamento. Isso faz com que os casos reais sejam muito mais numerosos do que os que chegam ao sistema de saúde", explica.
O levantamento ainda destacou que a cada ano, cerca de mil adolescentes perdem a vida por suicídio no Brasil. Para Gustavo, fatores como o uso excessivo de tecnologia, a desestrutura familiar e o consumo de substâncias também contribuem para o aumento de casos. "A tecnologia acelera o pensamento, deixa esses adolescentes mais ansiosos e agitados. Além disso, famílias cada vez mais desestruturadas e o uso de drogas ou até de hormônios influenciam diretamente no humor e nas práticas de automutilação", acrescenta.
Justina também chama a atenção para sinais de alerta que podem ser observados por pais, professores e colegas. "Isolamento repentino, queda abrupta no rendimento escolar e mudanças bruscas de comportamento são red flags que não devem ser ignoradas", orienta. O psiquiatra ainda reforça que, ao perceber esses sinais, a rede de apoio ao adolescente deve agir com acolhimento e diálogo aberto, sem julgamentos, buscando oferecer escuta ativa e suporte emocional. "A identificação precoce e o cuidado contínuo são fundamentais para reduzir os riscos e salvar vidas", conclui.
Deixe a sua opinião
ver todos