TDAH: saiba o que é e como tratar este transtorno
Psicóloga alerta para a importância do diagnóstico na infância e a necessidade de identificar cada caso
28/05/2022 - sábado às 16h30O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um problema que pode ser descoberto ainda na infância e acompanhar uma pessoa durante toda a sua vida. De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), ele atinge entre 3% e 5% das crianças no mundo. Enquanto em adultos é de 2%.
A psicóloga clínica Jamile Gonçalves explica que existem critérios diagnósticos específicos, onde pode haver no mínimo seis ou mais sintomas descritos no DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) por um período de 6 meses, causando impacto negativo nas atividades acadêmicas/profissionais.
"É uma desordem bidimensional, onde pode haver predomínio de Hiperatividade e/ou Défict de Atenção, ou então a forma combinada, que é mais frequente. Em geral há um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade, onde na desatenção há uma dificuldade na manutenção de foco e persistência, e na hiperatividade, uma inquietude ou atividade motora excessiva (nas crianças). A impulsividade se refere as ações precipitadas que podem até causar dano, como atravessar a rua sem olhar, além de tomadas de decisões sem pensar nas consequências por exemplo. Não há planejamento" relata a dra.
Ela aponta que o diagnóstico é clínico, e a forma como o indivíduo funciona dá as indicações, desde à infância ou na vida adulta. Por isso é considerável avaliar cada caso. "Existem dados importantes no histórico familiar, nos fatores ambientais. É necessário perceber que tais manifestações ocorrem em mais de um ambiente (não pode ser só na escola, tampouco no trabalho), conversar com outros familiares que possam descrever como esse indivíduo é em outros momentos é essencial".
Há fatores genéticos associados (herdabilidade em primeiro grau de parentesco) assim como influência por deficiência visual/auditiva, anormalidades metabólicas, epilepsia, deficiências nutricionais, segundo a psicóloga. Fatores ambientais também contribuem: baixo peso ao nascer com risco até 3x maior (dietas pobres na gravidez), tabagismo na gestação, abuso, maus tratos e infecções na infância, exposição ao álcool no útero.
Um fato interessante a ser comentado, é que normalmente apenas 30% dos casos são TDAH “puro”, ou seja em 70% dos casos, o TDAH é uma comorbidade de outros quadros psiquiátricos.
"Antes de medicação, é importante pensar em Psicoeducação para que se retire rótulos de “preguiçoso”, ou “ mal comportado”. Além de estratégias de treinamento parental cognitivo comportamental. O contexto familiar é importante e precisa estar envolvido" argumenta a psicóloga.
Estudos mostram que há eficácia nos tratamentos farmacológicos, ao avaliar cada caso ou necessidade do paciente, de seu tempo de efeito, comorbidades, de abuso potencial e impactos funcionais, sempre no intuito de eficácia para redução dos sintomas alfa: quando a criança vai estar mais funcional na sua vida escolar, ou quando o adolescente vai estar menos impulsivo e esse adulto será mais atento, evitando acidentes por exemplo.
"Basicamente a estratégia é Metilfenidato x Lisdexanfetamina, levar em conta cada demanda, preferência dos pais por exemplo, duração, manejo, custo, além da necessidade de continuidade devido a fase de maturação cerebral (nas crianças)" argumenta Jamile.