RELÍQUIA

Carro fúnebre de Santos Dumont volta para Guarujá e será destaque em exposição gratuita

Veículo estava em Santos, onde passou por restauração

20/05/2022 - sexta às 20h45
O carro que transportou o corpo de Santos Dumont em 1932 chegou na quinta-feira, dia 19, a Guarujá - (foto: Helder Lima/PMG)

Foi no dia 23 de julho de 1932 que Alberto Santos Dumont tirou a própria vida, aos 59 anos, num quarto de hotel em Guarujá. E para lembrar os 90 anos desse acontecimento que causou comoção em todo o Brasil, o carro fúnebre que conduziu o corpo até o Rio de Janeiro está de volta à cidade e será o destaque de uma exposição gratuita no terminal de passageiros City Plaza Ferry Boat's Shopping a partir de junho.

O veículo, um Chevrolet Ramona fabricado em 1929, ficava em um pavilhão no canteiro central da Avenida Leomil, próximo à Praia de Pitangueiras. Em fevereiro de 2017, foi retirado de lá. À época, a gestão do prefeito Válter Suman, que iniciava seu primeiro mandato, informou que o carro havia sido levado para a garagem municipal e depois faria parte de um acervo em homenagem a Santos Dumont na Base Aérea, em Vicente de Carvalho.

Anos depois, a administração municipal firmou uma parceria com a Memorial Necrópole Ecumênica, que se responsabilizou pela restauração do automóvel, realizada em Santos. Segundo a Prefeitura, o termo contemplou toda a mão de obra, além de recursos para a aquisição de materiais e peças.

Restaurado, o carro fúnebre foi colocado para exposição em novembro do ano passado no Museu de Veículos Antigos da Memorial, durante um evento alusivo ao Dia de Finados. E continuou por lá depois disso.

Na manhã de quinta-feira, dia 19, o Chevrolet chegou ao City Plaza Ferry Boat's Shopping. Enquanto não chegam as outras peças ligadas a Santos Dumont para a exposição, ele está coberto com uma lona preta, como foi verificado pela reportagem do Portal BS9. O encerramento da mostra vai culminar com as datas de nascimento (20 de julho) e morte do aviador (23 de julho).

Enquanto a exposição não começa, o carro fúnebre está coberto com lona no City Plaza Ferry Boat's Shopping (foto: Gabriella Domingos)

De acordo com o secretário de Turismo do município, Fábio Santos, a ideia da Prefeitura é que o veículo fique exposto de forma definitiva no futuro Aeroporto Civil Metropolitano de Guarujá, que será construído nas dependências da Base Aérea. O comando da unidade militar ainda não se posicionou sobre o assunto.

Ao BS9, a Prefeitura garantiu que, até a conclusão do aeroporto, o automóvel continuará em Guarujá.

Aviador e inventor
Alberto Santos Dumont nasceu em 1873, na cidade mineira de Palmira (rebatizada como Santos Dumont dias depois de sua morte). Foi aviador, balonista, astrônomo, projetista e inventor. Criou, entre tantos itens, o hangar, um modelo precursor do ultraleve e difundiu o uso do relógio de pulso entre os homens.

Para boa parte do mundo, a invenção do avião é atribuída aos irmãos norte-americanos Orville e Wilbur Wright, que voaram pela primeira vez em 1903 com um modelo impulsionado por uma espécie de catapulta. Já o 14-Bis de Santos Dumont era bem mais sofisticado. Tinha motor movido a gasolina e rodas, o que lhe permitia decolar e pousar. 

Não bastasse tudo isso, o brasileiro se tornou o primeiro a ter um voo homologado de uma aeronave mais pesada que o ar. Ao contrário do voo dos irmãos Wright, a demonstração de Santos Dumont com o 14-Bis, realizada em 12 de novembro de 1906, em Paris, na França, foi assistida, fotografada e filmada. 

O inventor passou seus últimos dias em Guarujá, hospedado no Grand Hotel La Plage, que daria lugar ao Shopping La Plage, na Praia de Pitangueiras. Ele cometeu suicídio, enforcando-se no cano do chuveiro, no dia 23 de julho de 1932.

O carro fúnebre com o corpo de Santos Dumont passou pela Avenida Puglisi e seguiu até a travessia de balsas ligando Guarujá a Santos. De lá, o cortejo seguiu em direção à Capital, que naquele momento era assolada pela Revolução Constitucionalista.

Relatos dão conta de que o aviador decidiu tirar a própria vida porque estava triste com o uso do avião como instrumento nessa e outras guerras. Além disso, a luta dos paulistas contra o governo federal atrasou a chegada do corpo ao Rio de Janeiro. O sepultamento aconteceu apenas no dia 22 de dezembro, no Cemitério São João Batista.