CELEBRAÇÃO

Mongaguá celebra 66 anos projetando futuro com desenvolvimento urbano e identidade preservada

Cidade festeja aniversário destacando seu passado ferroviário, tradições caiçaras, cultura popular e projeções para um futuro sustentável

07/12/2025 - domingo às 08h52

Mongaguá completa 66 anos de emancipação político-administrativa neste 7 de dezembro, celebrando uma história que combina raízes caiçaras, memória indígena, turismo em expansão, nomes ilustres que passaram pela cidade e episódios marcantes da política brasileira. Localizada no litoral sul de São Paulo, a cidade evoluiu de vila ferroviária para balneário turístico, tornando-se um dos destinos mais tradicionais do país para quem busca mar, natureza e lembranças históricas.

O nome Mongaguá vem do tupi-guarani e remete à “água pegajosa” – referência à lama medicinal encontrada na região desde os tempos em que os povos indígenas habitavam as margens dos rios Mongaguá e Aguapeú. A ocupação moderna se consolidou no início do século XX, quando Fernando Arens Júnior adquiriu terras, organizou loteamentos, instalou energia e estrutura básica, movimentou o comércio nascente e construiu o Hotel Balneário Marinho, inaugurado em 1910. O prédio se tornou um dos símbolos da cidade e, anos depois, transformou-se na sede da prefeitura. Rui Barbosa e Adhemar de Barros se hospedaram no local, segundo levantamentos históricos.

A construção da estação ferroviária da antiga Estrada de Ferro Sorocabana ajudou a desenvolver o povoado e atraiu mais moradores. Mongaguá cresceu lentamente, até conquistar sua emancipação em 1959. Desde então, consolidou-se como um município turístico, impulsionado por praias de longa extensão, enorme patrimônio ambiental e parques naturais. Hoje, reúne cerca de 65 mil habitantes e recebe veranistas ao longo de todo o ano.

Mongaguá também carrega histórias curiosas – muitas ligadas ao universo artístico. Nas décadas de 1960 e 1970, figuras populares como Sílvio Santos e Carlos Alberto de Nóbrega frequentavam a cidade. O cantor Sérgio Reis teve casa no município e era presença recorrente nas praias e nas rodas culturais. Há relatos de que Raul Seixas visitava Mongaguá com frequência, muitas vezes atraído pelo clima litorâneo e pela vida boêmia que o local oferecia na época. A cidade ainda guarda referências à passagem de outras personalidades, entre elas políticos e figuras da comunicação, algo que ajuda a reforçar a mística que Mongaguá tem na memória popular.

Inclusive, filmes foram gravados na cidade, usando de pano de fundo as belezas naturais.

A vida política nacional também marcou território aqui: a ex-presidente Dilma Rousseff também esteve em Mongaguá, num episódio registrado pela imprensa nacional. Décadas mais tarde, o fato se tornaria ponto de consulta histórica e pesquisa em acervos acadêmicos e jornalísticos, colocando a cidade no mapa político da ditadura brasileira.

Além da história e dos personagens, Mongaguá tem sabores próprios. Entre eles, o mais tradicional talvez sejam as bananinhas – doces de banana produzidos desde o século passado e associados diretamente à identidade local. A fama atravessou gerações, movimentou pequenas fábricas e tornou-se lembrança para turistas que voltam para casa com o sabor do litoral na bagagem.

Mesmo com o desenvolvimento urbano recente, Mongaguá conserva características de cidade de praia com identidade própria. A Plataforma de Pesca, o Poço das Antas, o Parque Ecológico, o Morro da Padroeira e o Centro Turístico são alguns dos cartões-postais que atraem visitantes. A integração entre mar, rios, mata e manguezal sustenta boa parte da vocação turística do município.

Aos 66 anos, Mongaguá segue sendo lembrada por suas histórias, suas figuras ilustres, suas praias extensas e pela memória construída entre o trem, as bananinhas, a música, a política e o sol de verão que continua trazendo gente de todo canto. É uma cidade que cresceu sem perder o cheiro de sal no ar – e que celebra mais um aniversário misturando nostalgia, curiosidade e orgulho de existir.