Snoopy completa 75 anos e reafirma seu legado na cultura pop mundial
Beagle é símbolo de imaginação, melancolia e esperança
31/10/2025 - sexta às 14h00Em outubro de 2025, um dos personagens mais icônicos da história das tiras em quadrinhos celebra 75 anos. Snoopy, o beagle criado por Charles M. Schulz, surgiu pela primeira vez em 2 de outubro de 1950, na tirinha “Peanuts”, publicada em sete jornais dos Estados Unidos. O que começou como um desenho simples, de humor cotidiano, tornou-se uma das maiores referências culturais do século XX e XXI, atravessando gerações, países e linguagens.
A data tem sido marcada por homenagens em todo o mundo, especialmente nos Estados Unidos, onde o Charles M. Schulz Museum, em Santa Rosa, na Califórnia, abriu uma grande exposição intitulada “75 Years of Peanuts”, reunindo tiras originais, esboços inéditos e objetos pessoais do autor. Schulz, falecido em 2000, deixou um legado de mais de 17 mil tiras publicadas ao longo de cinco décadas.
A importância de Snoopy ultrapassa o universo das histórias em quadrinhos. O personagem foi adotado pela NASA como mascote oficial de segurança em missões espaciais. Em 1969, uma das missões da Apollo 10 recebeu o nome de “Snoopy”, e o módulo lunar usado para testar a aproximação com a Lua foi batizado com o mesmo nome. O próprio Schulz costumava dizer que aquele era “o maior reconhecimento que um desenhista poderia ter”.
No campo da cultura pop, Snoopy e a turma de Charlie Brown influenciaram gerações de artistas e criadores. O cineasta Wes Anderson já afirmou que a simplicidade das tiras de Schulz o inspirou na construção visual de seus filmes. O músico Paul McCartney declarou, em uma entrevista na década de 1970, que “Snoopy representava a mistura perfeita entre melancolia e esperança que todo artista busca transmitir”. Já o escritor Umberto Eco escreveu que “Snoopy é um filósofo existencialista disfarçado de cachorro”, reconhecendo na obra de Schulz uma profundidade incomum para o gênero das tiras diárias.
Os personagens de “Peanuts” — Charlie Brown, Lucy, Linus, Woodstock e tantos outros — representam arquétipos humanos universais: a dúvida, a ingenuidade, o medo, a busca por amor e reconhecimento. Snoopy, em especial, tornou-se símbolo de liberdade e imaginação. Quando sobe em seu telhado e se transforma no “Ás Voador” que enfrenta o Barão Vermelho, ele encarna o desejo de fuga do cotidiano e a fantasia como resistência à monotonia da vida moderna.
Com o passar dos anos, Snoopy se tornou um produto global. Estampou mochilas, relógios, selos, coleções de moda e até aeronaves. A marca Peanuts, que administra os direitos do personagem, é hoje uma das mais licenciadas do planeta. Em 2015, quando o personagem completou 65 anos, um filme em 3D revitalizou a franquia e apresentou Snoopy a uma nova geração. Agora, em 2025, os 75 anos são lembrados com produtos comemorativos, novas edições das tiras originais e eventos em países como Japão, França e Brasil.
A força de Snoopy está em sua atemporalidade. Ele continua a dialogar com o público de forma sutil, com humor e reflexão. Schulz dizia que não escrevia para crianças, mas para todos os que já foram crianças um dia. Essa universalidade explica por que, mesmo após três quartos de século, Snoopy permanece vivo no imaginário coletivo.
Setenta e cinco anos depois de sua primeira aparição, o pequeno beagle de orelhas pretas e olhar sonhador segue deitado sobre o telhado de sua casinha vermelha, observando o mundo com calma e ironia — talvez o mesmo olhar com que Charles Schulz via a humanidade: confusa, frágil, mas ainda capaz de sonhar.