CULTURA

Apenas 22% dos estudantes brasileiros se sentem plenamente acolhidos na escola

Na contramão, projetos de escolas em São Paulo, como o Gracinha, promovem pluralidade e corresponsabilidade na educação

06/10/2025 - segunda às 18h00
O evento reuniu famílias, alunos e especialistas para discutir diversidade, solidariedade e corresponsabilidade na educação, com mediação da jornalista e apresentadora Astrid Fontenelle. - Divulgação

Apenas 22% dos estudantes brasileiros afirmam se sentir plenamente reconhecidos e acolhidos na escola, segundo estudo do Instituto Educbank de Educação e Cultura em parceria com o Great Place to Study (GPTS). A pesquisa mostra, ainda, que essa percepção se agrava ao longo dos anos, sobretudo na adolescência, quando os jovens ingressam no ensino médio.

Diante desse cenário, iniciativas em São Paulo têm buscado fortalecer a escola como espaço de acolhimento e pluralidade. Um exemplo é o Projeto Miné, fundo de apoio a estudantes bolsistas da Escola Gracinha - mantida pela Associação Pela Família - lançado em 2 de outubro de 2025. O evento reuniu famílias, alunos e especialistas para discutir diversidade, solidariedade e corresponsabilidade na educação, com mediação da jornalista e apresentadora Astrid Fontenelle.

“Foi um encontro inspirador, onde refletimos sobre a corresponsabilidade de todas e todos na construção de uma escola plural e da absoluta relevância da cultura de doação na formação de cidadãos conscientes e participativos”, explica Andréa Caran, Presidente Executiva. Segundo Andrea, mais de 100 bolsistas já integram a comunidade escolar, e o Projeto Miné nasce para ampliar essas oportunidades.

Para Giovanni Harvey, diretor executivo do Fundo Baobá para equidade racial, ex-secretário executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e integrante do debate, iniciativas como essa representam avanços significativos. “Há 40 anos, algo assim era impensável. Mas, numa perspectiva geopolítica, os desafios permanecem. É preciso um compromisso profundo com a democracia, o respeito e, sobretudo, com a educação”, pontua.

A assistente social Andreza Carlota, mãe de alunos do Gracinha, ressalta a relevância de uma instituição que valoriza a pluralidade. “Quando busquei essa escola, meu foco era a qualidade do ensino. Hoje vejo que as possibilidades são muito maiores, pois meus filhos têm acesso a experiências diversas que ampliam seus horizontes”, diz.

Já Nina Valentini, cofundadora do Movimento Arredondar e também participante do painel, destaca a potência transformadora da corresponsabilidade. “É fundamental que a comunidade escolar esteja unida nesse propósito. Esses encontros são oportunidades de aprendizado e de repensar práticas. Quando escolas particulares abrem esse espaço, temos a chance de fazer a educação funcionar de um jeito novo e mais inclusivo”, concluiu.

Sobre a Escola Gracinha

A Escola Gracinha é mantida pela Associação Pela Família, uma organização sem fins lucrativos, que alia tradição e inovação para formar estudantes críticos, criativos e conscientes. Da Educação Infantil ao Ensino Médio, valoriza o protagonismo, a colaboração e os aprendizados significativos, em uma comunidade acolhedora e comprometida com a construção de um mundo mais justo e sustentável.

Bartira Betini