SETEMBRO VERDE

24 hospitais do noroeste paulista se unem e têm melhor resultado em captação de órgãos no Estado

Nesta década, a OPO do Hospital de Base de São José do Rio Preto treinou e capacitou 700 profissionais, dos quais, 400 médicos, além de enfermeiros, técnicos de enfermagem, entre outros profissionais destes hospitais

22/09/2025 - segunda às 15h00
Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do Austa Hospital, de São José do Rio Preto (SP) - Divulgação

Setembro Verde é o mês dedicado à campanha de conscientização e incentivo à doação de órgãos e tecidos no Brasil, fundamental para que o país atinja índice minimamente aceitável e possa salvar cada vez mais vidas. O Brasil deveria atingir pelo menos 30 doadores efetivos por milhão de pessoas (pmp) para atender à demanda nacional, no entanto, atualmente o país registra em torno de 20 doadores pmp, segundo a ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).

A região noroeste do Estado de São Paulo destaca-se no Brasil ao registrar 46 doadores pmp, mais do que o dobro da média do país. Este desempenho é resultado de um trabalho executado ao longo de 10 anos pela Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Base de São José do Rio Preto e que hoje envolve outros 23 hospitais da região.

Nesta década, a OPO do Hospital de Base de São José do Rio Preto treinou e capacitou 700 profissionais, dos quais, 400 médicos, além de enfermeiros, técnicos de enfermagem, entre outros profissionais destes hospitais e, em cada um deles, foi instituída a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT).

"São profissionais cientes de sua responsabilidade e do quanto é importante acolher e cuidar dos familiares e amigos em momento tão doloroso enquanto explicam a importância de o ente querido tornar-se um doador e salvar vidas e beneficiar talvez outras dezenas de pessoas", afirma o médico nefrologista João Fernando Picollo de Oliveira, coordenador da OPO.

Um único doador falecido pode beneficiar até 8 pessoas com órgãos (coração, 2 pulmões, fígado — que pode ser bipartido em 2 receptores, pâncreas e 2 rins). Além disso, a doação de tecidos (córneas, pele, ossos, válvulas cardíacas, tendões, cartilagens, vasos sanguíneos) pode beneficiar mais de 50 pessoas.

O aprimoramento e os treinamentos dos profissionais da OPO e das CIHDOTTs são constantes e têm resultado na maior compreensão das famílias sobre a importância da doação para salvar vidas. No Austa Hospital, de São José do Rio Preto, este ano quatro famílias disseram "sim" e, sob a coordenação da OPO do HB, dezenas de profissionais foram mobilizados para que os órgãos fossem transplantados para várias pessoas em diferentes cidades do país.

A concordância das famílias é imperativa, no entanto, Dr. Ronaldo Gonçalves, diretor do Austa Hospital ressalta a importância de as pessoas manifestarem a seus familiares o desejo de serem doadores de órgãos e tecidos. "É essencial que a pessoa expresse esta vontade porque a autorização final é da família, de parente de primeiro ou segundo grau. Nada se sobrepõe à decisão familiar", explica o diretor do Austa Hospital.

A CIHDOTT do Austa Hospital, assim como das outras instituições, é formada por médicos, psicólogos, enfermeiras e outros profissionais.

Neste Setembro Verde, a OPO do Hospital de Base irá promover, no dia 25 de setembro, uma ação no shopping Cidade Norte, em Rio Preto, para conscientizar as pessoas sobre serem doadores.

Já a CIHDOTT do Austa Hospital irá realizar ações internas para sensibilizar seus profissionais de todas as áreas para que sejam multiplicadores e conscientizem familiares, amigos e a comunidade para serem doadores e se manifestarem como tais.

A atuação integrada dos 24 hospitais resulta numa crescente aceitação pelas famílias, o que destaca a região em nível estadual e até nacional. Das famílias consultadas sobre a doação de órgãos de seus entes falecidos pelos profissionais destas instituições da região noroeste paulista, 75% dizem "sim", enquanto no Estado de São Paulo este índice é de 60% e no Brasil, de 55%.

O país precisa muito deste "sim". Segundo o Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde e a ABTO, 71 mil pessoas estavam esperando por doação de órgãos e tecidos em junho de 2025. Os órgãos mais demandados eram rim (38.349), córnea (31.035) e fígado (1.482).

Profissionais da Organização de Procura de Órgãos do Hospital de Base de São José do Rio Preto

Intermídia Comunicação