Montagem das casas pré-fabricadas está na reta final com destino ao Parque Palafitas, em Santos
O projeto inédito no Brasil, em andamento na Vila Gilda, é feito em parceria com o Estado
14/08/2025 - quinta às 06h00Quando um esperado projeto sai do papel é motivo de alegria. Mas quando se trata de habitação, mais do que as obras em ritmo acelerado, poder visualizar a tão sonhada moradia causa emoção, proporcionada nesta terça-feira (12), durante visita a linha de montagem das casas que estão sendo feitas para o Parque Palafitas
Quem esteve no local foi o prefeito Rogerio Santos, acompanhado de comitiva de secretários. "Está quase tudo pronto, tudo certo para ir para Santos e aí podermos montar definitivamente o lar de muita gente. O Parque Palafitas é esperança, é casa própria, é recuperação ambiental, é geração de economia, é valorizar o dique e futuro bairro Vila Gilda", disse o prefeito Rogério Santos.
O Parque Palafitas é um projeto-piloto que prevê a construção de 60 unidades habitacionais em uma área de 4 mil metros quadrados na comunidade do Dique da Vila Gilda, na Zona Noroeste, a maior favela sob palafitas do Brasil, com famílias vivendo sobre área de mangues.
Durante a visita as casas pré-fabricadas para o Parque Palafitas, na empresa TecVerde, especializada em moradias modernas, de fácil manutenção e com tecnologia, o prefeito pode conhecer de perto todo material utilizado nas casas, que incluem alta tecnologia e materiais contra incêndio. Elas devem chegar até o final do ano em Santos.
Em conversa com a diretora de ESG e relações internacionais da empresa, Carla Mônica, trata-se de um modelo muito usados nos Estados Unidos e com tecnologia europeia. "Nós trouxemos todo o maquinário da Alemanha, para fazer o processo de industrialização e automação aqui no Brasil, mas também trabalhamos com o código de obras dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Suécia, Japão, Austrália e Nova Zelândia, explica.
Apresentando os modelos das casas que estão sendo levadas para Santos, ele mostrou os materiais e acabamentos apropriados, porta de alumínio, piso, louças, tudo pronto para a pessoa morar e com todos os cômodos com acabamento, pintura e um material específico, que tem várias capacidades, anti-chamas, anti-umidade e possibiliza uma climatização ideal e específica para Santos".
Entre os presentes na comitiva com o prefeito, o secretário de Prefeituras Regionais, Rivaldo Santos, afirmou que a visita foi importante para conhecer de perto a alta qualidade e a segurança das moradias em produção para o Parque Palafitas. "Acertamos que a capacitação dos moradores poderá ter a parceria da Ecofábrica, como um dos núcleos de orientação sobre a construção. É uma tecnologia de referência internacional em projeto sustentável", disse.
Para o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade, Glaucus Farinello, que também integrou a comitiva, o projeto é um marco histórico, arquitetônico e principalmente social para Santos. "Muito se discutiu ao longo de décadas sobre qual seria a solução efetiva para uma região tão vulnerável da Cidade. O Parque Palafitas trouxe esse novo olhar para esta região tão sensível, uma proposta que inclui as pessoas nesse processo, visando justamente o equilíbrio social, ambiental e econômico da Cidade".
PROJETO-PILOTO
O projeto-piloto prevê seis conjuntos habitacionais - quatro de apartamentos, totalizando 44 unidades, e dois de casas, cada um com oito residências.
Dois dos prédios terão 16 apartamentos, distribuídos no térreo e no 1º pavimento; o outro, 12 unidades dispostas no térreo e em dois andares, e o último, 16 habitações divididas entre o térreo e três pavimentos. Serão quatro apartamentos por andar, cada um com 49,30m² de área privativa.
Já as 16 casas terão, cada uma, 48,06m² de área construída e testada de 5,75m², dotadas de sala de estar e jantar integrados, cozinha, área de serviço, dois quartos, banheiro e varanda dos fundos. As habitações terão piso e paredes de painéis de madeira laminada, para preservar a comunidade local.
Parque Palafitas já tem quatro lajes concretadas para a construção das casas
Já estão concretadas e prontas quatro lajes de apoio, das sete do projeto Parque Palafitas, no Bom Retiro (Zona Noroeste), onde a Prefeitura construirá quatro conjuntos de apartamentos com 44 unidades, e dois de casas, cada um com oito residências térreas, totalizando 60 habitações. O núcleo ocupará uma área de quatro mil metros quadrados.
A quinta laje deverá ser concretada nesta sexta (15) e a sexta, no próximo dia 20, dependendo das condições climática. A última laje, sobre a qual será instalada a área comercial, ainda não tem data prevista.
As sete lajes de apoio serão concretadas sobre 212 estacas com blocos de fundação, fincadas a uma profundidade entre 30 e 35 metros. Elas são executadas com vigas em concreto armado moldadas no local e lajes pré-moldadas, seguindo-se camada de consolidação com tela soldada e outra de concreto usinado.
Quatro lajes serão suspensas, construídas sobre a maré, e contarão com guarda-corpo no entorno, com 205m de extensão.
DUPLA CONCRETAGEM
A concretagem das lajes 2 e 3 ocorreu uma semana após a primeira, realizada em área de 674m² já com tubulações de hidráulica e elétrica instaladas. A quarta laje foi concretada na segunda-feira (11).
Suspensa sobre a maré e sustentada por 49 estacas e blocos, a primeira laje abrigará a associação dos moradores e um edifício com dois andares (térreo e 1 andar), cada um com quatro apartamentos, totalizando oito unidades habitacionais.
A segunda laje, com 260m², é a primeira apoiada no solo, onde serão construídos um prédio de quatro andares (térreo mais 3), totalizando 16 apartamentos. Já a terceira laje, também no solo e com a mesma área, terá uma edificação com três andares (térreo mais dois), para 12 apartamentos.
Já a quarta laje e quinta lajes (521m² e 244m²), também suspensas sobre a maré, receberão, respectivamente, oito casas térreas cada. No primeiro caso, quatro casas serão destinadas a pessoas com deficiência (PcD) e, sobre a quinta laje, haverá também um prédio com dois andares (térreo e um andar), para oito apartamentos.
Sobre a sexta laje (595m²), a quarta sobre a maré, serão construídas oito casas, enquanto a sétima (600m²), a terceira sobre o solo, destina-se à área comercial do Parque Palafitas, que contará com duas edificações em formato de 'L'.
SUSTENTÁVEL E SOCIAL
"A proposta é estabelecer uma nova forma de ocupação sustentável nas áreas de mangue, de forma a proporcionar condições dignas de moradia a famílias hoje instaladas precariamente no local", ressaltou Fabrício Cardoso, titular da Seinfra (Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos).
O projeto da Prefeitura, prosseguiu ele, envolve soluções construtivas mais simples e rápidas, a exemplo dos imóveis, que serão pré-fabricados. "O Parque Palafitas contará com toda a infraestrutura necessária como iluminação pública, água e esgoto, área para lazer e comércio, parques e espaços para regeneração do mangue", frisou o secretário.
O local será dotado, ainda, de infraestrutura de telecomunicações e de combate a incêndio, conforme detalharam os engenheiros civis Nilson Barreiro, Ronald Lima e Carlos Barros, responsáveis pelo acompanhamento e supervisão das obras.
Também será instalado um píer flutuante, integrado por dois módulos de 12m por 3m, para utilização de passageiros de embarcações, nos moldes do existente na Ponte Edgard Perdigão, na Ponta da Praia.
Além das habitações, as edificações gerais de apoio, institucionais e comerciais do Parque Palafitas ocuparão 309 m². Serão construídos dois prédios comerciais, um com quatro salas e o outro, com três, e a associação de moradores terá espaço próprio.
Na área do projeto, foram removidas apenas as habitações mais vulneráveis junto à água para permitir a regeneração do mangue e criar espaços de lazer, chamados de respiros.
INVESTIMENTO
As obras de fundações e superestrutura para a implementação do Parque Palafitas estão a cargo da empreiteira TMK Engenharia S.A., vencedora da licitação pública, e representam um investimento de R$ 16.586.364,04, sendo R$ 12.309.200,92 do Governo do Estado e o restante, do orçamento municipal. O prazo contratual expira em outubro.
Já a construção das 60 unidades habitacionais em estrutura modular está orçada em R$ 12.680.000,00, sendo R$ 9.353.799,08 provenientes do governo do Estado e o restante, do orçamento da Prefeitura. Essa etapa está sob responsabilidade da Tecverde Engenharia S.A., com prazo contratual até fevereiro.