Histórias de doações se conectam no Posto de Coleta de Leite Humano de PG no Agosto Dourado
Serviço atende os bebês internados na UTI Neonatal do Hospital irmã Dulce
07/08/2025 - quinta às 16h45O encontro entre as pequenas Helena e Manuela no Posto de Coleta de Leite Humano de Praia Grande possui muitos significados. A primeira teve um nascimento com algumas complicações e precisou ficar uma semana internada na UTI Neonatal do Hospital Irmã Dulce. E como a mãe Joana Darc Fraga não conseguia produzir leite no início, Helena recebeu o líquido doado por mamães doadoras e captado pelo serviço municipal. Esse gesto de amor de outras mulheres alimentou e fortaleceu Helena até a sua alta.
Já Manuela nasceu saudável e amamentando no peito da mãe Paula Freitas, que nunca teve problemas para alimentar a filha. Pelo contrário, sua produção de leite é tão significativa que ela decidiu doar para quem mais precisa. E no mês do Agosto Dourado, que visa conscientizar sobre a importância do aleitamento materno para a saúde das crianças, as duas histórias se conectam, reforçando a mensagem de impacto de quantas vidas podem ser salvas com um ato poderoso de amor contido na doação de leite humano.
“Eu doo porque tinha muito medo de não conseguir amamentar, acho que foi o maior medo na gestação, pois tive gravidez de risco, então, tinha o risco de ela nascer prematura e eu não conseguir amamentar. Mas consegui segurar a gestação nas 37 semanas, ela nasceu perfeitamente saudável e amamentei logo de cara, foi muito fácil para mim, então, me senti na obrigação de retribuir. Eu me sinto muito grata e feliz por conseguir ajudar outras mamães e nenéns”, relata, emocionada, a doadora Paula.
E a mãe de Manuela conta que para ela é muito fácil doar seu leite e não faz falta para a sua filha. Além da equipe do Posto de Coleta que vai até a sua casa fazer a retirada do líquido (saiba mais abaixo), o que facilita a doação. Todo o processo é bem prático. “Quanto mais leite a gente tira, mais produção a gente tem. No meu caso eu tive sorte porque tive bastante produção, então, eu faço só a ordenha de alívio, não preciso ficar ordenhando o dia inteiro. O leite doado não faz falta para a Manuela, vai só o que fica extra no peito. E isso é suficiente para fazer a doação”, diz Paula.
Essa providencial contribuição ajuda bebês como a Helena, que um dia precisou desse líquido de ouro. “É gratificante ver sua filha recebendo o leite doado, sabendo que outras mães com bom coração decidiram doar do seu leite. Hoje em dia a minha bebê mama normalmente no meu peito, o leite que produzo é o suficiente para ela, mas quem puder doar que entre em contato e doe, pois, as crianças internadas precisam e nem toda mãe consegue produzir leite, às vezes demora um pouco, como foi o meu caso”, destaca Joana Darc.
E no final, o sorriso e o olhar curioso de Manuela direcionado à Helena, que dormia no colo ao lado, justificaram todo o trabalho da equipe de saúde e também a importância de se doar e estender a mão ao próximo.
Serviço – O Posto de Coleta de Leite Humano de Praia Grande desenvolve um serviço de captação de doadoras para levar o leite dessas mamães para alimentar bebês prematuros ou de baixo peso internados na UTI Neonatal do Hospital Irmã Dulce. O Município vai até as residências delas para recolher o líquido. Esse trabalho ajuda a prevenir doenças e a evitar complicações no desenvolvimento dessas crianças, garantindo no futuro adultos saudáveis.
Essa ação é conduzida por uma equipe técnica da Secretaria de Saúde Pública (Sesap) de Praia Grande, que procura captar doadoras no Hospital e também recebe contato das interessadas. Após um pré-cadastro e algumas orientações, é agendada uma visita na casa da doadora. A equipe fornece gratuitamente um kit para a coleta do leite, além de prestar todas as orientações para a realização da ordenha. E, semanalmente, as técnicas se dirigem até a casa da mamãe para retirar o leite coletado e entregar um novo kit higienizado.
O leite humano doado é armazenado em caixas térmicas com temperatura adequada e levado para o Banco de Leite Humano de Peruíbe, parceiro neste projeto. No local são feitas análises físico-químicas e microbiológicas e o leite é pasteurizado, processo térmico que garante a qualidade do leite e mata microorganismos que poderiam causar doenças. Após esta etapa, o material é encaminhado para a Sala de Distribuição de Leite Humano que fica dentro do Hospital Irmã Dulce. No local é realizado o porcionamento e a distribuição do líquido para os bebês internados na UTI Neonatal.
“Qualquer volume de leite doado para a gente é fundamental porque cada mililitro é um bebê que conseguimos alimentar na UTI Neonatal. Cada gotinha daquele leite salva vidas”, afirma a coordenadora do Posto de Coleta de Leite Humano, Nathamy Jannuzzi, que também é especialista em obstetrícia pelo Hospital Albert Einstein.
Como doar o leite – A mamãe interessada deve entrar em contato pelo número 3496-5262, de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h, por ligação ou mensagem. Outra forma é se dirigir diretamente à sede física do Posto de Coleta de Leite Humano, que fica dentro do Centro Especializado em Reabilitação (CER), na Av. Dr. Roberto de Almeida Vinhas, 8.813, Bairro Mirim. As mamães podem doar o leite no local ou mesmo esclarecer dúvidas presencialmente com a equipe, composta por médico pediatra, enfermeiro e nutricionista. O CER funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h.
Incentivo à Amamentação – Outro serviço de destaque realizado pela Sesap é o Disque Amamentação, disponível para as mulheres tirarem dúvidas com profissionais capacitados. O objetivo é incentivar a amamentação. O atendimento ocorre pelo telefone 3496-5262, de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h, por ligação ou mensagem.
O Disque Amamentação desenvolve ainda o projeto Abordagem Precoce, em que técnicos contatam as mães logo após a alta hospitalar para esclarecer dúvidas sobre a amamentação. Esse acompanhamento ocorre também em outros períodos até os quatro meses do parto, visando evitar o desmame precoce.
Outras ações – As Unidades de Saúde da Família (Usafas) também efetuam ações de conscientização sobre o tema junto às gestantes e às novas mamães. Isso ocorre porque nas unidades a mãe e o bebê recebem acompanhamento desde a confirmação da gravidez até o nascimento, no parto, e também nos primeiros anos de vida da criança. Essas atividades são reforçadas durante o Agosto Dourado, com rodas de conversa, trabalhos de grupo, orientações em salas de espera e outras atividades. Na Maternidade do Hospital Irmã Dulce também é incentivado o aleitamento materno desde os primeiros momentos do bebê, com equipe capacitada para dar as orientações para a novas mães.
Recomendação – A amamentação é recomendada pelo Ministério da Saúde para crianças pelo menos até dois anos ou mais, sendo, de maneira exclusiva, até os seis meses. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 6 milhões de vidas são salvas todos os anos devido ao aumento das taxas de amamentação exclusiva até o sexto mês de idade.
Datas – O mês do Agosto Dourado reforça a importância de amamentar os bebês. A cor dourada foi incorporada à campanha devido ao padrão ouro de qualidade do leite humano para a saúde das crianças. O Dia Mundial da Amamentação é comemorado sempre no dia 1º de agosto. Em Praia Grande, agosto é considerado o mês do Aleitamento Materno “Agosto Dourado”, conforme a lei 2.181/2023. Também é celebrada na Cidade a Semana Municipal de Aleitamento Materno, entre 1º e 7 de agosto, através da lei nº 998/1997.