A BAIXADA SANTISTA É O ASSUNTO

Julian Lemos: "Bolsonaro é uma pedra pesada que ninguém quer mais carregar"

O empresário e ex-deputado federal critica duramente o ex-presidente da República e ex-aliado político em entrevista concedida ao programa Opinião Litoral, da TV Cultura Litoral

06/08/2025 - quarta às 04h00

Objetivo de vida
"Eu só vou sossegar quando o bolsonarismo não tiver condição de voltar para o poder". A afirmação é do empresário e do ex-deputado federal Julian Lemos (União-PB), responsável por coordenar a campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República no Norte e Nordeste nas eleições de 2018. O ex-parlamentar não poupou críticas ao ex-chefe do Executivo federal ao participar ontem do programa Opinião Litoral, da TV Cultura Litoral.

Rompimento precoce
Simpático às ideias de direita e cansado dos constantes escândalos de corrupção no País, Lemos explicou que, em 2015, conheceu Bolsonaro e foi um dos primeiros a organizar eventos para apresentá-lo ao público. A partir daí, começaram a caminhar juntos politicamente e tiveram sucesso nas urnas em 2018, mas a desilusão ocorreu no final daquele ano, durante os primeiros dias da transição de governo, ao perceber que o discurso do aliado não condizia com a prática.

Família em primeiro lugar
"Passei a ser um corpo estranho no meio daquela turma, que buscava apenas um plano de poder. Após os primeiros seis meses de governo, percebi que o Bolsonaro tinha um plano claro, que era exatamente o plano de poder e, acima de tudo, de proteger a família dos crimes que estavam sendo cometidos e que estavam começando a ser explorados pela oposição", relembrou ele, que passou a ser visto adversário pela família Bolsonaro.

Visão limitada
Durante a entrevista ao jornalista Francisco La Scala Júnior e ao advogado Roberto Mohamed, o ex-deputado federal reiterou que o ex-presidente não tem nenhuma visão social, muito menos democrática. "A gente vê alguns discursos dele em defesa da liberdade. Liberdade de quem? Da família. Bolsonaro nunca teve esse amor à pátria. Chegou a dizer que nunca colocou um filho no braço para dizer que o amava, mas falou que era apaixonado pela pátria dos Estados Unidos. Ele disse que ama o povo americano", frisou.

Sem liderança
As críticas também se estenderam ao governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), descrito por Lemos como "um capacho e lacaio de uma família que não está nem aí para o Brasil", com perfil de "prefeito de cidade do interior". "Quando teve de se manifestar pelos interesses do estado de São Paulo, o Eduardo Bolsonaro deu uma tuitada e o deixou nervoso e constrangido. Isso é um absurdo. O Tarcísio não tem personalidade de líder. Um homem como ele na Presidência será feito de 'bolinha', de besta pelo Congresso Nacional", ressaltou.

Manipulação dos evangélicos
O empresário apontou, ainda, que o ex-presidente "é uma pedra pesada que ninguém quer mais carregar e, junto com Bolsonaro, vem uma nhaca com cheiro de carniça chamada Silas Malafaia". Na avaliação dele, o povo evangélico é o "mais fácil de ser manipulado e ludibriado" e que as igrejas que pregam que Bolsonaro é um enviado de Deus para salvar o País serão responsabilizadas oficialmente no futuro por perdurar "essa ideologia nefasta". "Isso aqui não tem nada a ver com Deus ou com religião, tem a ver com quem controla essas massas que são os seus líderes. Faço essas críticas porque eu vi como funcionam as coisas por trás das cortinas", complementou.

Agenda produtiva
O prefeito de Santos, Rogério Santos (Republicanos), está em Brasília desde ontem. Ele participou de uma audiência com o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e com o ministro das Cidades, Jader Filho (MDB). O chefe do Executivo municipal saiu dessa reunião, agendada pelo deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), com boas notícias para a Cidade.

Melhorias de infraestrutura
Os representantes do Governo Federal confirmaram a liberação de R$ 116 milhões para a Prefeitura de Santos. Desse total, R$ 80 milhões serão disponibilizados para obras de reurbanização da área do Dique da Vila Gilda que foi atingida pelo incêndio de grandes proporções, na manhã da última sexta-feira.

Compra Assistida
O restante dos recursos será reservado para a compra de, ao menos, 214 residências pela Compra Assistida, modalidade do programa Minha Casa, Minha Vida já adotada para socorrer os desabrigados pelas chuvas que causaram grandes transtornos no Rio Grande do Sul, no ano passado. Essa iniciativa beneficiará as famílias prejudicadas com renda mensal de até R$ 4,7 mil a partir de uma seleção feita pela Prefeitura. Elas terão a chance de escolher imóveis disponíveis em Santos ou em outra cidade.

Fim da novela
Chegou ao fim a greve de sete dias dos trabalhadores da limpeza urbana vinculados às empresas do Grupo Diniz (Terracom, Terra Santos Ambiental e PG Eco Ambiental). A paralisação foi encerrada após assembleia realizada ontem pela diretoria do Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Áreas Verdes de Santos e Região (Siemaco Baixada Santista).

Conquista
Na audiência de conciliação entre as partes convocada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), os representantes da companhia cederam na negociação e atenderam à reivindicação dos empregados de conceder um reajuste de 7% nos salários e benefícios dos empregados.