MEMÓRICA CULTURAL

Pablo Neruda eterniza a alma latino-americana em versos e ideais

Poeta chileno transformou a dor, o amor e a política em literatura universal, sendo celebrado e criticado até os dias de hoje

12/07/2025 - sábado às 13h44

Pablo Neruda, nascido Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto em 12 de julho de 1904, no Chile, tornou-se uma das vozes mais potentes da poesia do século XX. Com uma trajetória marcada por engajamento político e intensidade lírica, Neruda usou a palavra como ferramenta de resistência, amor e identidade.

Desde jovem, demonstrou talento incomum para a escrita. Com apenas 19 anos, publicou *Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada*, livro que permanece como um dos mais lidos da língua espanhola. Nele, Neruda uniu paixão e melancolia em versos que atravessaram gerações. “Posso escrever os versos mais tristes esta noite”, escreveu, em um dos poemas mais célebres da obra.

Sua atuação como diplomata e sua ligação com o Partido Comunista do Chile colocaram-no no centro de momentos históricos decisivos. Viveu na Espanha durante a Guerra Civil, conviveu com artistas como Federico García Lorca e testemunhou os horrores do conflito. Em *Espanha no Coração*, imortalizou em poesia sua indignação com a barbárie. “A poesia é um ato de paz”, dizia Neruda, em clara oposição à violência dos regimes autoritários que combatia.

Gabriel García Márquez, autor colombiano e Prêmio Nobel de Literatura, afirmou: “Neruda foi o maior poeta do século XX em qualquer idioma”. Já o brasileiro Vinicius de Moraes, que traduziu obras do chileno, escreveu: “Neruda é um continente inteiro em forma de poeta. Quem o lê, conhece a América”.

Mesmo seu posicionamento político gerou polêmicas. Admirador de Stalin em certa fase da vida, foi criticado por silenciar sobre os crimes do regime soviético. Em 1971, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, e a Academia Sueca destacou sua capacidade de dar voz aos povos latino-americanos oprimidos e suas lutas históricas.

A morte de Neruda, ocorrida dias após o golpe militar que derrubou Salvador Allende, em 1973, ainda gera controvérsias. Embora oficialmente atribuída a um câncer, investigações recentes sugerem que ele pode ter sido envenenado, o que reacende o debate sobre o peso político de sua figura.

Suas casas transformadas em museus — especialmente a de Isla Negra — recebem visitantes de todo o mundo. Lá, repousa ao lado de sua terceira esposa, Matilde Urrutia, musa de muitos de seus poemas. A Fundação Pablo Neruda preserva seu legado, promovendo sua obra e ampliando o debate sobre sua complexa biografia.

A poeta chilena Gabriela Mistral, também laureada com o Nobel, certa vez disse: “Neruda tem a alma dos vulcões do nosso país — ora em erupção, ora em silêncio, mas sempre vivo”. Em suas palavras e contradições, Neruda permanece como símbolo da potência literária da América Latina, entre o sublime e o terreno.
 

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