Três grandes nomes da música brasileira se despediram em 30 de abril
Dorival Caymmi, Belchior e Beth Carvalho deixaram legados imortais ao partirem na mesma data, em anos diferentes.
01/05/2025 - quinta às 14h41O dia 30 de abril marca uma coincidência rara e melancólica na história da música brasileira: foi nessa data que o país perdeu três de seus maiores artistas — Dorival Caymmi, Belchior e Beth Carvalho. Embora tenham falecido em anos distintos, todos partiram neste mesmo dia, deixando um vazio irreparável na cultura nacional.
Dorival Caymmi, um dos mais importantes compositores da música popular brasileira, morreu em 30 de abril de 2008, aos 94 anos. Nascido em Salvador, Caymmi foi responsável por eternizar a Bahia em canções como O Que É Que a Baiana Tem?, Marina e Saudade da Bahia. Sua obra influenciou gerações de músicos, incluindo Caetano Veloso e Gilberto Gil. João Gilberto chegou a afirmar que “sem Caymmi, a bossa nova não teria existido.”
Exatamente oito anos depois, em 2016, a música brasileira perdeu Belchior. Com 69 anos, o cantor e compositor cearense faleceu em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. Dono de uma voz marcante e letras introspectivas, Belchior se destacou nos anos 1970 com músicas como Apenas um Rapaz Latino-Americano, Como Nossos Pais e Velha Roupa Colorida. Suas composições expressavam angústias e esperanças de uma juventude que vivia sob a ditadura militar, o que lhe rendeu o reconhecimento como um dos poetas mais autênticos da MPB.
No mesmo dia, mas no ano de 2019, foi a vez de Beth Carvalho se despedir. Considerada a madrinha do samba, Beth morreu aos 72 anos no Rio de Janeiro, vítima de complicações de saúde. Ao longo de sua carreira, ela foi uma das maiores defensoras do samba de raiz e teve papel fundamental na revelação de artistas como Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal e Arlindo Cruz. “Beth foi resistência, voz das comunidades e coração do samba”, disse certa vez o cantor Paulinho da Viola.
Três histórias diferentes, unidas por um mesmo destino no calendário. Em 30 de abril, o Brasil lembra não apenas da perda de três ícones, mas celebra o legado vivo de suas músicas, que continuam a emocionar, inspirar e fazer parte da identidade nacional.