EDUCAÇÃO
Ações incluem oficinas temáticas, rodas de conversa e o fortalecimento do diálogo com as famílias
Da Redação
26/07/2025 - sábado às 09h30
A Secretaria Municipal de Educação tem intensificado um conjunto de ações voltadas ao enfrentamento das práticas de bullying e racismo, por meio do setor de Psicologia Educacional. O objetivo é ir além da contenção dos casos, promovendo um ambiente escolar mais acolhedor, inclusivo e respeitoso. Para tal, a equipe de psicólogas e psicopedagogas da rede municipal se reuniu na última quarta-feira, 23 de julho, para alinhar as próximas ações voltadas ao bem-estar dos estudantes no segundo semestre.
Embora os dados locais ainda estejam sendo sistematizados, uma pesquisa realizada no início do ano com estudantes do Ensino Fundamental II revelou demandas urgentes relacionadas à saúde mental, preconceito e violência escolar. Entre os apontamentos, destacou-se a necessidade de ampliar os espaços de diálogo, escuta e acolhimento.
A partir dessas demandas, a Secretaria estruturou novas etapas de um trabalho que já vem sendo desenvolvido e que, agora, ganha reforço. A partir do dia 28 de julho, as escolas municipais começam a receber oficinas temáticas, rodas de conversa, atividades psicoeducacionais e eventos que valorizam a convivência e o respeito mútuo. Murais colaborativos e materiais visuais produzidos pelos próprios alunos também farão parte das ações, promovendo escuta ativa e expressão.
As iniciativas envolvem ainda o fortalecimento do vínculo entre escola e família. Estão previstos momentos de diálogo com os responsáveis e o envio de materiais informativos, com o intuito de construir uma rede de corresponsabilidade pela formação das crianças e adolescentes.
"O bullying e o preconceito exercem impactos profundos e duradouros no ambiente escolar, comprometendo tanto o desenvolvimento individual dos alunos quanto a qualidade das relações coletivas", afirma a psicóloga Jéssica Pinheiro, que atua na rede municipal de Mongaguá. Segundo ela, as consequências podem envolver desde baixa autoestima e evasão escolar até dificuldades emocionais persistentes.
Ao reforçar as iniciativas de combate à discriminação, a rede municipal de ensino busca não apenas coibir práticas discriminatórias, mas transformar a cultura escolar, em direção a uma convivência mais democrática, diversa e solidária.
Em nível nacional
O aumento de casos de bullying, racismo e outras formas de preconceito nas escolas brasileiras tem acendido um alerta para educadores, gestores públicos e famílias. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE/IBGE 2019), 39,1% dos estudantes entre 13 e 17 anos relataram ter se sentido humilhados por provocações de colegas nos 30 dias anteriores à pesquisa. As motivações mais citadas foram: aparência do corpo (16,5%), aparência do rosto (10,9%), raça/cor (4,6%) e orientação sexual (2,5%).
Ainda que frequentemente confundidos, bullying e racismo são fenômenos distintos: enquanto o primeiro se refere a agressões intencionais e repetitivas, o segundo corresponde a um sistema estrutural de exclusão e inferiorização de grupos racializados. Quando o bullying é motivado por questões étnico-raciais, os impactos tendem a ser ainda mais profundos, pois reforçam desigualdades históricas e sociais.
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