COTIDIANO
A atividade fez parte das comemorações pelo Dia Nacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Da Redação
26/07/2025 - sábado às 09h27
Muito além da estética, a trança nagô, técnica de trançado de origem africana, foi o destaque de uma oficina gratuita realizada, nesta sexta-feira (25), na Casa da Mulher de Santos. A atividade fez parte das comemorações pelo Dia Nacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
O penteado, que exige habilidade para trançar os fios desde a raiz até as pontas, tem sido cada vez mais procurado por quem busca um estilo único e carregado de significado. Na oficina, a técnica foi ensinada a mulheres interessadas não só em mudar visuais, mas também em conquistar uma nova fonte de renda.
Muitas delas compartilharam lembranças de infância, quando não conheciam o penteado e tinham os cabelos cortados pelas mães por falta de conhecimento. Outras participantes eram mães que desejavam aprender a trançar como forma de criar laços afetivos com seus filhos.
A missão de ensinar as tranças ficou por conta da trancista Aldryn Barbosa (Tranças d' Maria), com apoio de Luciana da Cruz (LCrus Moda Autoral) e Roberta Antunes (Pano da Terra). Juntas, elas conduziram o grupo com paciência, incentivo e troca de experiências. Em meio a elogios, dicas e cuidados, o que mais se destacou foi o sentimento de pertencimento e orgulho entre as participantes.
"É raro recebermos convites como este e sermos lembradas, ainda mais em uma data tão especial. Isso mostra que estamos cada vez mais ocupando os espaços públicos, como a Casa da Mulher, um lugar essencial de acolhimento. Estou muito feliz com a diversidade das alunas que participaram hoje, e esperamos que elas levem esse conhecimento adiante", afirmou Aldryn.
Entre as alunas estava Margarete Rodrigues, de 62 anos, vovó sabe tudo responsável por recepcionar os visitantes do Orquidário. Ela aproveitou a habilidade manual que já possui no macramê (técnica de nós) para se aventurar nas tranças. Mas o motivo que a levou até a oficina emocionou todas as participantes.
"Tenho uma filha negra que, por falta de conhecimento, nunca usou uma trança nagô em sua vida, especialmente na infância, quando era ainda mais difícil ter acesso à informação e à representatividade. Ela usava tranças comuns, mas nada que realmente a identificasse. Hoje, Mariana tem 30 anos, mas ainda quero resgatar esse cuidado com ela", contou Margarete, emocionada.
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