Baixada Santista e Litoral Norte de SP têm atrativos ligados à cultura afro

O que Ilhabela, Praia Grande, São Sebastião, Santos e Ubatuba têm em comum? Além de suas belas praias e rica gastronomia, os municípios também valorizam a cultura negra e fazem parte da 2ª edição do guia Afroturismo SP, lançado em novembro deste ano. A lista completa de municípios está disponível no link: https://plataforma.turismo.sp.gov.br/afroturismo .

A nova edição do guia amplia significativamente o mapeamento já existente de roteiros de afroturismo em São Paulo, lançado com 10 indicações no ano passado. Agora, reúne 27 municípios organizados entre roteiros, atrativos turísticos e festividades. O guia é uma iniciativa da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo (Setur-SP) para promover o afroturismo paulista.

"Com esta entrega, a Setur-SP reafirma seu compromisso em fortalecer políticas públicas que promovam inclusão, representatividade e valorização da cultura afro-brasileira, posicionando o estado de São Paulo como referência nacional no desenvolvimento do afroturismo", disse Roberto de Lucena, secretário de Turismo e Viagens.

No Litoral Norte, há o Museu da Cultura Afro-Brasileira de Ilhabela, que ocupa a antiga escola de filhos dos trabalhadores da Fazenda Engenho D'Água, um conjunto arquitetônico do século XVII. Ele tematiza e expõe referências da cultura afro-brasileira com as histórias de religiões, esportes, associações e entidades, narrando a luta da população negra até os dias de hoje. O local é o primeiro deste segmento em todo o Litoral Norte de São Paulo.

Em Santos, na região turística Costa da Mata Atlântica, os visitantes podem fazer percursos temáticos, como a Caminhada Mulheres Negras: histórias e memórias no cotidiano santista. O roteiro apresenta narrativas sobre mulheres negras que, na condição de escravizadas ou mesmo libertas, exerceram funções e atividades importantes para a sobrevivência e organização da sociedade santista entre os séculos XIX e início do XXI. Na Caminhada, essas mulheres e suas histórias são (re)descobertas. Além disso, há dois outros roteiros temáticos. Todos são realizados a pé e guiados por Augusta França, CEO e fundadora do Mochilando Afroculturas.

Em Ubatuba, o Quilombo da Fazenda oferece diversas oficinas para os visitantes, como oficina de artesanato, de culinária e construção de casa de pau a pique. Além disso, há outras atividades como apresentação de jongo. É uma dança de roda, que reúne homens e mulheres com palmas, cantos e som do tambor. A dança afro-brasileira é originária de países como Congo e Angola. Ainda, há a travessia na trilha de servidão, conhecida como a antiga trilha do corisco. Antigamente, o trajeto de 22 km era feito com tropas de burro ou nove horas de caminhada. Hoje, o caminho é utilizado para turismo de aventura, atravessando a divisa entre os municípios Ubatuba e Paraty.

Em Praia Grande, no Litoral Sul, acontecem dois grandes eventos que celebram o legado do povo negro: a Semana da Consciência Negra e os Festejos de Iemanjá. A Semana da Consciência Negra conta com uma programação gratuita, com atrações culturais, exposições, homenagens e exibições de filmes. O objetivo é valorizar e promover a cultura afro-brasileira de forma acessível a todos, além de desmistificar preconceitos e promover a reflexão sobre as raízes africanas e a importância da luta negra na sociedade.

Já os Festejos de Iemanjá em Praia Grande, realizados desde 1969, são uma das maiores manifestações religiosas da cidade, atraindo milhares de devotos nos dois primeiros fins de semana de dezembro. O evento tornou-se símbolo do turismo religioso local, especialmente após a construção, em 1976, da primeira imagem de Iemanjá à beira-mar do Brasil, obra de Antônio Miguel de Almeida. Tanto o evento como Monumento de Iemanjá foram reconhecidos como Patrimônio Cultural Material e Imaterial de Praia Grande.