VALORES QUE INSPIRAM
Às vésperas do Dia do Árbitro, Márcio Gonçalves e Luciana Ferreira compartilham experiências, desafios e ensinamentos para fora das quatro linhas
Da Redação
11/09/2025 - quinta às 18h00
Em meio ao grito das torcidas, dribles, gols e comemorações, há uma presença firme e essencial: a do árbitro. Nos Jogos Estudantis de São Vicente 2025, dois profissionais mostram que a função vai muito além do apito. Márcio Gonçalves e Luciana Ferreira possuem vasta experiência no apito, mas também com sensibilidade e consciência de seus papéis na formação de crianças e adolescentes.
Márcio entrou na arbitragem em 2009, através do beach soccer. De lá para cá, a paixão virou profissão. Hoje, atua em diversas modalidades - do futsal ao futevôlei - sempre com o mesmo compromisso, educar através do esporte.
"Gosto dos jogos escolares por conta dessa ideia de implantação da modalidade esportiva nas escolas, dando a oportunidade para os alunos de serem atletas, mas também de serem cidadãos, respeitando a regra do jogo, as regras impostas na sociedade e na vida", afirma.
Para ele, ser árbitro não é uma tarefa fácil, pois exige abrir mão de momentos importantes em nome da profissão.
"A maior dificuldade é deixar a família para ir trabalhar o dia inteiro. Deixar momentos de lazer por escolher a arbitragem como minha profissão. Essa é uma escolha que faço diariamente desde 2018. Sou 100% árbitro, a minha única renda familiar vem da arbitragem. Então, a maior dificuldade é não ter uma vida social por estar disponível para os jogos, tanto escolares quanto em outras federações", relata.
Sobre a polêmica de ser constantemente xingado por torcedores e jogadores, o profissional vai direto ao ponto:
"A maior ideia é você aprender a regra do jogo, saber como funciona a modalidade. O resto você tenta ignorar, ou então se fazer ignorar a situação. Os xingamentos existem, não é normal, não deveria ser normal, mas eu levo 'de boa'. Temos algumas diretrizes que nos permitem, em determinadas competições, colocar o torcedor para fora do ginásio. Essas regras nos dão respaldo nessa parte".
Ele ainda deixa um recado para quem deseja seguir esse caminho.
"Um conselho para quem quer se tornar árbitro é fazer de verdade, com o coração aberto para todas as circunstâncias e situações. Os xingamentos vão existir, e você tem que ter controle emocional. Então, tenha controle emocional, deseje aprender a regra e, além de desejar, execute a regra. Independentemente de quem seja: lado A, lado B, time A ou time B. Seja conhecido, amigo ou não. Faça cumprir a regra, independente de quem seja", finaliza.
Com mais de 15 anos de experiência, Luciana Ferreira, árbitra da Federação Paulista de Futsal desde 2008, também tem uma trajetória marcada pela dedicação. Antes de entrar na arbitragem, foi atleta de handebol e começou a apitar nessa modalidade, até ser incentivada a migrar para o futsal, onde atua até hoje.
"Eu sempre fui da parte do esporte, fui atleta de handebol por muito tempo e comecei arbitrando handebol. O presidente da Liga de Santos me descobriu e me pediu para fazer o curso de futsal. Em 2007 eu fiz o curso, e em 2008 já estava no quadro da Federação Paulista", lembra.
Ela destaca que, mesmo nos jogos estudantis, com crianças e adolescentes, o árbitro exerce papel fundamental na disciplina e no andamento do jogo.
"A seriedade tem que ser a mesma. Porque são nos jogos escolares que começa tudo, é aqui que a gente começa a modelar os atletas. Temos que levar a sério. O jogo depende do árbitro. É o árbitro que decide como vai ser. Se não cortar desde o começo, vira bagunça", ressalta.
Luciana também já enfrentou desafios em quadra, especialmente no início da carreira, quando apitava na várzea.
"Já passei por situações de tentativa de agressão, mas isso foi lá atrás, logo quando comecei. Hoje em dia, nos campeonatos de federação, confederação e liga nacional, isso praticamente não acontece, porque a punição é severa. Então, se acontecer, é punido com rigor, e por isso diminuiu muito", afirma.
Dia do Árbitro - Celebrado no dia 11 de setembro, a data homenageia os profissionais responsáveis pela imparcialidade e pelo cumprimento das regras em competições esportivas de diversas modalidades. A escolha do dia remete à fundação da primeira escola de árbitros do país, em 1941.
Nos Jogos Estudantis de São Vicente deste ano, 72 árbitros atuam em diferentes modalidades, garantindo a condução justa e equilibrada das partidas. Mais do que aplicar regras, esses profissionais ajudam a ensinar valores fundamentais como disciplina, respeito e espírito esportivo.
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