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Os riscos do Mercúrio para a saúde humana

Paulo Ferraz Junior - Advogado e professor universitário

Paulo Ferraz Junior

14/10/2021 - quinta às 16h28

O Mercúrio é um elemento químico (HG). Enquanto na forma metálica, é liquido e prateado. Extraído quase que exclusivamente do minério Cinabrio, mas também pode ser encontrado em outros minérios.

Importante para o leitor conhecer os perigos dessa substância à saúde humana. O mercúrio ainda é muito utilizado na indústria em vários produtos, tais como: aparelhos médicos, lâmpadas, tintas, produção de cloro soda, papel, aparelhos eletroeletrônicos, marca-passo, tubos de radiografia, em laboratório de fotografias; na produção de verniz, colas, tintas, antimofos, e preservação de madeira; na agricultura (desinfecção e conservação de sementes, uso de bactericidas, fungicidas, herbicidas, inseticidas, e praguicidas que contêm mercúrio); produção e uso em detonadores para explosivos e programas de armas nucleares; joias; amálgamas dentários; garimpo de ouro, refino do petróleo, gás natural,  etc.

A indústria de medicamentos já teve em suas fórmulas o referido produto, inclusive em produtos antissépticos infantis como Merthiolate. Ressalta-se que nas últimas décadas houve um incremento na utilização do Mercúrio em mais de 500%, mostrando a dependência que o ser humano criou para com ele. 

Trata-se de um produto extremamente perigoso para o homem. Estudos apontam a relação do Mercúrio à causa de doenças e distúrbios como o autismo; infertilidade incluindo acrodinia (doença rosa), síndrome de Hunter e doença de Minamata. A inalação crônica proporciona distúrbios neurológicos, problemas de memória, erupções cutâneas e insuficiência renal, rebaixamento de inteligência, problemas de memória e de atenção. Se isso só não bastasse, o Mercúrio é um interferente hormonal causando problemas no rim e sistema nervoso central.

O Mercúrio em contato com bactérias, água, microrganismos (inclusive existentes no estômago) se transforma em metilmercúrio, substância cancerígena.

Os perigos do Mercúrio não se limitam apenas ao seu potencial deletério à saúde humana, vão além, e torna-se uma substância persistente, bioacumulativa, biomagnificante e teratogênico.

Uma vez conhecida as propriedades químicas do Mercúrio fica mais fácil de entender os motivos que levam a defender a proibição dele nas obturações. Amálgama dentário representa 10% do consumo global do mercúrio. O amálgama dentário é composto de 50% de mercúrio (geralmente combinado com prata, estanho ou cobre).

A contaminação se dá com o atrito do amálgama com alimentos e com os dentes, ocorrendo a liberação de vapores, que são inalados ultrapassando os alvéolos pulmonares indo direto para a corrente sanguínea, alojando-se no corpo humano. Isso quando a pessoa não engole a obturação.

Trata-se de uma das formas de maior exposição do ser humano a esse material, que de forma insidiosa, sem que as pessoas percebam, atinge a corrente sanguínea. Quanto maior a quantidade de amálgama, maior a concentração de Mercúrio no corpo.

Para os dentistas, a contaminação não é menor, afinal o Mercúrio é volátil e, uma vez liberado no ambiente, persiste e passa a circular na água, no ar, sedimentos, solo e atinge os seres vivos.

Com a adesão do Brasil à Convenção de Minamata, ficou explícito os malefícios do Mercúrio ao homem, e, portanto, a proibição do Mercúrio no amálgama é urgente, evitando assim mais doenças.

De outro lado não há, tecnicamente, motivos para postergar a sua proibição, afinal já existem produtos odontológicos, como o compósito, cerâmica, ionômeros que podem substituí-lo com muita eficácia, e sem aumentar os custos.

Vários países já estão proibindo o uso do amálgama, como República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, Irlanda, Japão, Moldávia, Holanda, Nova Caledônia, Noruega, Filipinas, Eslováquia, Suécia, inclusive países considerados subdesenvolvidos como Suriname, Mauricio, Nepal, Tanzânia, Vietnã também estão no mesmo caminho.

Muito embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenha, através da Resolução n°173 de 2017, proibido a fabricação, importação e comercialização, bem como o uso em serviços de saúde, de Mercúrio e do pó para liga de amálgama não encapsulada, utilizados na odontologia, isso ainda não é suficiente para a proteção de pacientes e dentistas, vez que o produto continua nos dentes dos pacientes e, mesmo encapsulados, ainda liberam vapor no seu manuseio.

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