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Obesidade atinge 1 em cada 3 brasileiros e Anvisa aprova Mounjaro para o tratamento

Érico Paulo Heilbrun

20/06/2025 - sexta às 11h30

Medicamento age em diferentes frentes do organismo e é visto como promessa no controle da obesidade e doenças associadas

 

Com 68% da população brasileira acima do peso – sendo 31% diagnosticada com obesidade e 37% com sobrepeso –, o Brasil enfrenta uma epidemia silenciosa que cresce ano após ano. Diante desse cenário preocupante, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta segunda-feira (9), o uso da medicação Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da obesidade no país. Desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, o remédio já era utilizado no controle da diabetes tipo 2 e agora poderá ser prescrito também para pacientes com sobrepeso e comorbidades associadas, como hipertensão e pré-diabetes. A aprovação foi publicada no Diário Oficial da União.

 

A chegada do Mounjaro ao mercado nacional acontece em um momento de alerta global. De acordo com o World Obesity Atlas 2024, divulgado nesta semana pela Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation), a obesidade atinge cerca de 1 em cada 3 brasileiros – ou seja, 31% da população. O mesmo levantamento aponta que aproximadamente 40% a 50% dos adultos no Brasil não praticam atividade física na frequência e intensidade recomendadas, o que agrava ainda mais o risco de doenças. O Atlas traz ainda projeções preocupantes: até 2030, o número de homens com obesidade pode crescer 33,4%, enquanto entre as mulheres o aumento estimado é de 46,2%.

 

Para o endocrinologista Dr. Érico Paulo Heilbrun, associado à Associação Paulista de Medicina – Regional Santos, o novo medicamento representa uma inovação importante no combate ao problema. “Indiscutivelmente, o Mounjaro traz um grande benefício no controle de peso e da glicemia. Tanto o diabetes quanto a obesidade são fatores que aumentam a morbi-mortalidade das doenças cardiovasculares, que seguem como principal causa de morte no Brasil”, explica.

 

O Mounjaro é um medicamento injetável que tem como princípio ativo a tirzepatida, substância que age simultaneamente sobre dois receptores hormonais intestinais: o GLP-1 e o GIP. “Essa ação dual estimula a secreção de insulina, reduz o glucagon após as refeições, aumenta o tempo de esvaziamento gástrico, atua no centro da saciedade e também no tecido adiposo, o que diferencia essa medicação de outras já existentes, como o Ozempic, que age apenas nos receptores de GLP-1”, detalha o especialista.

 

Segundo o Dr. Heilbrun, a medicação é indicada para pacientes com diabetes tipo 2 e/ou com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 27, desde que haja presença de comorbidades. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão náuseas e vômitos, relacionados ao sistema digestivo.

 

A aprovação da Anvisa amplia o leque de alternativas terapêuticas disponíveis para tratar a obesidade, que já causa impactos severos à saúde pública. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade, mais de 60,9 mil mortes prematuras no Brasil foram atribuídas, em 2021, a doenças crônicas não transmissíveis associadas ao sobrepeso e obesidade, como o diabetes tipo 2 e o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

 

Além disso, outro levantamento recente – divulgado na revista The Lancet com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) – aponta que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem atualmente com obesidade, um dado que reforça a necessidade de ações concretas e urgentes.

 

“O Mounjaro não substitui uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios físicos, mas é um aliado potente, principalmente para pacientes que já tentaram outras abordagens sem sucesso”, pontua o endocrinologista.

 

Com a tendência de crescimento dos casos nos próximos anos, como mostram os estudos, a liberação de novas medicações representa uma esperança para pacientes e profissionais de saúde. No entanto, o especialista reforça que o tratamento da obesidade deve ser sempre multidisciplinar e individualizado. “É preciso olhar para o paciente como um todo, avaliar seus hábitos, histórico clínico e psicológico. Só assim conseguiremos combater efetivamente esse problema que atinge milhões de brasileiros.”

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