Sexta, 09 de Maio de 2025

DólarR$ 5,66

EuroR$ 6,36

Santos

22ºC

Mundial, interclubes ou torneio de verão

Felipe Pupo - Professor de História e profissional da área da comunicação, com ênfase no trabalho voltado à Política, Esporte e Educação

Felipe Pupo

26/01/2022 - quarta às 10h56

Com a proximidade do Campeonato Mundial de Clubes, começam a pipocar nas redes sociais as discussões sobre a relevância das competições internacionais disputadas – e vencidas – pelos times brasileiros. 
 
A edição de 2021 (transferida para 2022) acontecerá em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, dos dias 3 a 12 de fevereiro, com a participação de sete equipes, incluindo o Palmeiras (atual campeão da Taça Libertadores) e o Chelsea (vencedor da Champions League).
 
No plano doméstico, os torcedores rivais protagonizam debates acalorados, com toques de humor e provocação, questionando o feito de seus oponentes. Os julgamentos dependem, é claro, dos critérios e das paixões clubísticas de cada pessoa. 
 
Afinal, qual torneio merece o status de mundial? A Taça Rio de 1951, vencida pelo Palmeiras, pode ostentar esse privilégio? E o mundial de Clubes conquistado pelo Corinthians em 2000? E o que dizer, então, da antiga Taça Toyota, com os triunfos de São Paulo, Grêmio e Flamengo?
 
Antes de analisar o mérito desse debate, é importante frisar que as competições citadas acima já receberam a chancela da Fifa, e os clubes foram reconhecidos como campeões mundiais. 
 
Apesar disso, a entidade máxima do futebol foi certamente, ainda que de forma indireta e não intencional, a maior ‘causadora de intrigas’ na polêmica do mundial. Embora as competições internacionais sejam disputadas há mais de 70 anos, a Fifa só assumiu a organização dos Mundiais no ano de 2000 e, de forma ininterrupta, a partir de 2005 (edição que sagrou o tricampeonato do São Paulo). 
 
Inicialmente, a entidade só chancelou as competições que ela, mesma, havia organizado, num ato de soberba que desprezou momentos marcantes da história do futebol. 
 
Com a pressão dos dirigentes, especialmente na América do Sul, a Fifa mudou a sua posição e estampou o ‘selo’ de mundial nos torneios mundiais de 1961 até 2004. Há alguns anos, a entidade também chancelou a Taça Rio de 1951, mas inexplicavelmente não oficializou a edição de 1952, conquistada pelo Fluminense sobre o Corinthians. 
 
Como não poderia ser diferente, a ‘corrida’ pela mundial fomentou os debates e provocações entre os torcedores brasileiros sobre os títulos homologados pela instituição. O título de 2000 foi chamado pelos rivais do Corinthians como “torneio de verão”, enquanto os alvinegros diminuíam o triunfo dos seus oponentes, afirmando que os outros torneios intercontinentais não eram ‘mundial’. A Taça Rio também foi alvo de muitas críticas, a ponto de ser comparada, pejorativamente, à cachaça tradicional brasileira.  
 
Dito isto, vamos entrar na seara deste debate. Do ponto de vista histórico, todos os Mundiais, desde 1951, contribuíram efetivamente para elevar a imagem do futebol brasileiro no cenário internacional. 
 
A Taça Rio, por exemplo, serviu para resgatar o brio e a autoestima de muitos torcedores, ainda não totalmente recuperados do revés na Copa do Mundo de 1950, marcada pela derrota brasileira na final para o Uruguai em pleno Maracanã (episódio conhecido como Maracanazo). 
 
Já na década de 1960, o mundo se encantou com a ascensão do Santos na era Pelé, o maior espetáculo já registrado na história do futebol. E nessa linha, seguem as conquistas do Flamengo (1981), Grêmio (1983), São Paulo (1992, 1993 e 2005), Corinthians (2000 e 2012) e Internacional (2006).  Todos os títulos, com as suas particularidades, guardam um valor desportivo e histórico incomensurável. 
 
No entanto, eu entendo que todas as competições deveriam ser classificadas como torneio intercontinental de clubes. De fato, a meu ver, nunca houve um campeonato mundial de fato, nem mesmo nas versões mais recentes organizadas pela Fifa. 
 
Defendo ainda que o mundial deveria ser uma espécie de Copa do Mundo de clubes, com fases classificatória e eliminatória, tendo mais de um representante por continente. Aí, sim, teríamos um legítimo campeão do planeta. No formato atual, sul-americanos e europeus disputam, no máximo, dois jogos, muito aquém do esperado para a glória eterna universal. 
 
Além disso, nas últimas duas décadas (pelo menos), os times europeus passaram a encarar a competição de forma protocolar, sem grande entusiasmo, sobretudo pela diferença de nível técnico com os seus adversários. No Velho Continente, o mundial é a Champions League.
 
Apesar dessas considerações, o debate está longe de qualquer tipo de consenso entre os amantes do futebol. E viva a zueira saudável das redes sociais!

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal BS9

Deixe a sua opinião

Últimas Notícias

ver todos

TECNOLOGIA

Pacientes do SUS em SP poderão avaliar atendimento pelo WhatsApp

VARIEDADES

Dia das Mães 2025 terá ticket médio mais alto, diz Sincomércio.

ESPORTES

Santos Open Beach Tennis comemora 10ª edição com recorde de atletas

2
Entre em nosso grupo