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Doença celíaca afeta milhões de brasileiros e ainda é pouco compreendida

Letícia Mariano Bravo

13/05/2025 - terça às 09h01

No dia 16 de maio é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Celíaca, uma condição autoimune desencadeada pela ingestão de glúten — proteína presente no trigo, centeio e cevada — que atinge milhões de pessoas em todo o mundo. A data busca alertar a sociedade sobre os desafios enfrentados por quem convive com a doença e a importância de garantir acolhimento e respeito em ambientes coletivos como escolas, restaurantes e espaços públicos.

 

Com base na prevalência mundial, a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA) estima que o País tenha hoje aproximadamente 2 milhões de celíacos, sendo que a grande maioria ainda não tem diagnóstico.

 

Um caso recente que ganhou repercussão nas redes sociais escancarou justamente o despreparo e a falta de empatia de parte do poder público em lidar com o tema. Em Araucária, no Paraná, a mãe Tayrine Novak foi convocada para uma reunião com seis servidores da Educação do município após enviar um bolo de cenoura sem glúten para a filha Thaylla consumir na escola. Mesmo com laudos que comprovam a contaminação cruzada na alimentação fornecida pela unidade escolar, a mãe foi questionada se a filha "poderia ficar sem almoçar", caso ela não conseguisse seguir o cardápio da instituição. A frase, dita por uma diretora e registrada em vídeo, causou indignação nacional.

 

Celíaca, Thaylla depende de uma dieta rigorosa. A ingestão de pequenas quantidades de glúten pode provocar reações que comprometem a absorção de nutrientes, levando a deficiências e complicações de saúde como anemia, dores ósseas, erupções na pele e cansaço extremo. Diante da confirmação da contaminação cruzada na cozinha da escola, a responsabilidade pela alimentação da criança passou a ser exclusivamente da mãe desde abril deste ano.

 

Para Cristiane, chef de cozinha especializada em alimentação funcional há mais de 14 anos e mãe de uma adolescente celíaca, o caso de Thaylla evidencia uma realidade ainda presente. "No começo queriam que minha filha comesse separada, mas eu não permiti. Não vou deixar ela ser excluída", conta. Ela reforça que é papel das escolas promoverem educação alimentar inclusiva, com preparo dos profissionais da cozinha, envolvimento do corpo docente e ações de conscientização nas redes sociais.

 

Segundo a nutricionista Letícia Mariano Bravo, que atende no Living Saúde em Santos/SP, o único tratamento para a doença celíaca é a eliminação total do glúten da dieta por toda a vida. Isso inclui evitar alimentos e bebidas que contenham trigo, cevada, centeio, malte e qualquer traço dessas substâncias, inclusive por contaminação cruzada. "Mesmo pequenas quantidades podem causar danos ao intestino e sintomas, mesmo que não sejam imediatamente percebidos", alerta.

 

Letícia lista cuidados essenciais, como verificar selos de "sem glúten" nas embalagens, ler rótulos com atenção, evitar buffets e restaurantes sem preparo adequado e manter utensílios exclusivos para o preparo de alimentos sem glúten em casa. Ela também esclarece que o glúten não é prejudicial para pessoas não celíacas, e que não há razão para excluí-lo da dieta sem recomendação médica.

 

Para quem recebeu o diagnóstico recentemente, a nutricionista orienta buscar conhecimento sobre alimentos permitidos e proibidos, priorizar o preparo de refeições em casa e conversar abertamente com familiares, amigos e colegas sobre a condição. "Conectar-se com grupos de apoio também é uma forma importante de aprendizado e acolhimento", conclui.

A data de 16 de maio é mais do que uma oportunidade para discutir alimentação; é um chamado à empatia, à inclusão e à responsabilidade coletiva de garantir dignidade e qualidade de vida a quem vive com uma condição que, apesar de invisível, exige atenção constante e respeito diário.

 

Sobre Letícia Mariano Bravo

Nutricionista formada pela Universidade Católica de Santos (Unisantos) em 2020, Letícia Mariano Bravo é pós-graduada em Emagrecimento, Metabolismo e Esportes. Com experiência sólida na área clínica, atuou por dois anos em uma clínica especializada no tratamento de obesidade e compulsão alimentar, onde aprofundou seus conhecimentos no acompanhamento de pacientes com foco em saúde e qualidade de vida.

 

Atualmente, Letícia une sua vivência clínica e esportiva para oferecer um atendimento personalizado, com ênfase na construção de uma rotina alimentar saudável, equilibrada e sustentável. Seu trabalho é pautado na escuta atenta, na ciência da nutrição e no respeito à individualidade de cada paciente.

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