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A favela poderia ser uma potência no esporte

Deraldo Silva - Coordenador da Central Única das Favelas (CUFA) na Baixada Santista

Deraldo Silva

13/08/2021 - sexta às 15h56

As Olimpíadas de Tóquio chegaram ao fim e nos deixam uma lição. Por trás de uma medalha olímpica brasileira, quase sempre ecoa uma história de superação.
 
Rebeca Andrade, ouro e prata em Tóquio. A menina negra, pobre, criada por mãe solo que descobriu a ginástica por meio de um programa social. Abner Teixeira, bronze no boxe, na categoria peso pesado. Jovem que para continuar treinando, teve de cumprir uma exigência do técnico: não abandonar a escola. Ítalo Ferreira, ouro no surf. As primeiras ondas foram em cima de uma tampa de isopor porque não tinha dinheiro para comprar uma prancha.
  
Entre becos e vielas, o esporte é, sem sombra de dúvida  um dos caminhos para a cidadania e o combate à vulnerabilidade social. Pode começar como brincadeira. Mas onde brincar se nas favelas não há investimento em espaços que possibilitem a prática esportiva? Um campo, uma pista de skate, de corrida, uma cesta. Na escola? Raríssimas são as unidades com infraestrutura que permitam um primeiro contato da criança com alguma modalidade.
 
O governo federal tem o programa Bolsa Atleta, mas a ajuda de custo é para jovens a partir dos 14, o vínculo com um clube também é pré-requisito. Nesse estágio o atleta já está formado. O governo do estado tem a lei de incentivo ao esporte. Está escrito no primeiro parágrafo: “O Esporte é um direito constitucional do cidadão. É saúde e qualidade de vida, cultura e educação. É papel da Secretaria Estadual de Esportes apoiar, em todos os aspectos, o desenvolvimento e a prática do esporte em todo o Estado.” Mas... e tem sempre um mas.
 
Penso que falta investimento na base, projetos que deem um norte para a garotada ociosa, que perambula pelas ruas. Temos que apresentar o esporte como possibilidade, incentivar, desenvolver atividades que despertem o interesse.
  
A CUFA se preocupa em dar visibilidade aos talentos no esporte. Um dos eventos mais importantes da entidade é o Taça das Favelas, a maior competição entre favelas do mundo. Patrick de Paula, craque do Palmeiras foi revelado no Taça. Por causa da pandemia a edição deste ano teve de ser adiada, mas vem novidade por aí em 2022.
 
Rebeca encantou a todos com sua coreografia ao som de "Baile de Favela", a boxeadora Bia Ferreira escolheu a “Favela Chegou”, da cantora Ludmilla, para embalar golpes certeiros no ringue.
 
FAVELA! FAVELA! Essa é a batida que poderia, no solo, nas pistas, nos ringues, no mar, nas quadras, se transformar em potência no esporte.

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