ACOMPANHAMENTO FISCAL
Desenvolvida pela CACB, a plataforma apresenta gastos públicos pagos por todos os entes federativos. Relatório do Senado aponta para 2026 quadro fiscal brasileiro "menos otimista" do que o projetado pelo Governo
Da Redação
24/09/2025 - quarta às 10h55
O Plataforma Gasto Brasil mostra que as despesas publicas do país atingiram R$ 3,8 bilhões nesta terça-feira (23). A ferramenta monitora as finanças governamentais (União, estados e municípios). Criada pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), em parceria com a Associação Comercial de São Paulo, o painel contribui para o fortalecimento da transparência, da gestão fiscal e da tomada de decisões baseada em dados, e promove um ambiente mais eficiente para a política econômica brasileira.
Para o presidente da CACB, Alfredo Cotait, a ferramenta torna-se um ponto de partida fundamental para a análise do cenário econômico e para a cobrança por mais eficiência. "O governo arrecada, mas gasta sem critério. Só neste ano, até setembro, o déficit operacional já chega perto de R$ 1 trilhão acima da arrecadação. É como numa casa: você só pode gastar aquilo que recebe. O Brasil está caminhando para uma situação de insolvência", pondera Cotait.
De acordo com a plataforma, o total de gastos do Governo Federal no ano, até setembro, chega a R$ 1,6 trilhão. O presidente da CACB indica que a maior parte dos recursos é destinada a benefícios sociais e previdenciários, muitos de baixo valor individual, mas que, somados, pressionam o orçamento. Assim, "a transparência promovida pelo Gasto Brasil é um primeiro passo, mas mudanças profundas dependem de vontade política e reformas estruturais".
Acompanhamento fiscal
Relatório de Acompanhamento Fiscal da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado Federal, aponta que o cumprimento da meta fiscal do Governo Federal poderá exigir novas medidas de arrecadação, diante de um déficit persistente e da incerteza sobre as receitas públicas.
Segundo a instituição, para atingir o centro da meta prevista no Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2026 (PLN 15/2025), enviado pela Presidência da República, seria necessário um esforço fiscal extra de R$ 79,3 bilhões, equivalente a 0,55% do produto interno bruto (PIB). A IFI projeta para o próximo ano um crescimento de 1,7% no PIB e inflação de 4,3%. Já o Ploa apresenta estimativas com avanço de 2,4% no PIB e inflação de 3,6%.
O diretor da IFI, Alexandre Andrade, explica que os números oficiais do governo apresentam expectativas mais otimistas do que as observadas pela instituição. "Pelo lado das receitas, a IFI identificou desvios significativos em relação a alguns agregados, como receitas previdenciárias e outras não administradas, que dependem de parâmetros macroeconômicos favoráveis. Há ainda um montante considerável que depende da aprovação do Congresso", afirma.
O relatório destaca ainda que o Brasil apresenta um dos maiores crescimentos da relação dívida pública/PIB entre países emergentes e latino-americanos, e que alterações nas metas fiscais comprometem o papel do Estado como sinalizador da solidez fiscal.
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