TARIFAÇO NO CAFÉ
A exportação do produto para os Estados Unidos passará a ser taxada em 50%. Setor luta pela isenção
Adriana Moraes
02/08/2025 - sábado às 10h34
A lista com quase 700 exceções divulgada pela Casa Branca em 30 de julho, para confirmar as tarifas de 50% ao Brasil, simplesmente, ignorou o café, mesmo diante da importância do produto para a economia e para os consumidores americanos. Atualmente, os Estados Unidos são o principal destino das vendas externas do café do Brasil.
De acordo com nota divulgada pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), os Estados Unidos respondem por 16% das exportações do produto nacional. O Cecafé também aponta que, na relação comercial entre EUA e Brasil, as nações são imprescindíveis uma à outra, já que 76% do povo americano consome a bebida. E que a indústria cafeeira naquele país sustenta mais de 2,2 milhões de empregos, gerando mais de US$ 101 bilhões em salários.
Além disso, a cada US$ 1 que os EUA importam de café, são injetados outros US$ 43 na economia americana, fazendo com que o setor movimente US$ 343 bilhões ao ano, valor que representa 1,2% do PIB dos Estados Unidos. Dessa forma, taxar os cafés do Brasil “implicará na elevação de preços e inflação, uma vez que serão repassados à população americana no ato da compra”, explica na nota o presidente do Conselho Deliberativo do Cecafé, Márcio C. Ferreira.
Os impactos da tarifa de 50% na cadeia produtiva do café brasileiro foram estudados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. Segundo os pesquisadores do Cepea, com a alta taxa, os produtores brasileiros poderão ser forçados a buscar outros mercados, o que vai exigir muita agilidade logística e estratégia comercial para diminuir os prejuízos.
Por essa razão, representantes do setor afirmam que continuam buscando o diálogo para que as negociações avancem e o café seja incluído entre os produtos isentos da taxação de 50%.
Mas afinal, o café vai ficar mais barato no Brasil por causa do tarifaço?
Segundo especialistas, os valores do café não devem ser afetados em um primeiro momento. O setor acredita que não vai precisar paralisar as vendas aos EUA. Portanto, não haverá uma oferta maior de café no Brasil.
Saiba por onde é exportado o café brasileiro
O Porto de Santos, maior da América Latina, é o principal canal de exportação do café para os Estados Unidos. Em 2024, respondeu por 71% das exportações nacionais do grão em dólares Free on Board (US$/FOB). No mesmo período, mais de 1,8 milhão de toneladas foram movimentadas pelo complexo santista, representando um crescimento de 20% em relação a 2023. Este ano, depois do governo americano ter anunciado as novas tarifas, em 9 de julho, a exportação do café cresceu 17% num primeiro momento, uma verdadeira corrida antes que as taxas entrem em vigor, agora em agosto. Os dados são da Autoridade Portuária de Santos (APS).
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