MEMÓRIA CULTURAL
Data marca a despedida de três personalidades que transformaram o humor, a música e o entretenimento com talento e originalidade
Robson de Castro
05/08/2025 - terça às 18h52
Neste 5 de agosto, o Brasil relembra com respeito e saudade a data de falecimento de três nomes que marcaram a história da cultura nacional: Jô Soares, Caçulinha e Carmen Miranda. Com trajetórias distintas, mas igualmente impactantes, eles ajudaram a moldar o cenário artístico do país e deixaram marcas profundas em várias gerações.
Jô Soares faleceu em 5 de agosto de 2022, aos 84 anos, deixando um legado multifacetado como humorista, escritor, dramaturgo, diretor, ator e apresentador. Ele foi responsável por transformar a televisão brasileira, especialmente com seus talk shows inovadores como o “Jô Soares Onze e Meia” no SBT e o “Programa do Jô” na TV Globo.
Além da televisão, Jô também se destacou na literatura, com livros de sucesso como O Xangô de Baker Street e O Homem que Matou Getúlio Vargas, misturando história e ficção com humor refinado. Amigo de artistas, intelectuais e políticos, foi admirado por sua inteligência e elegância no trato com os entrevistados. Ao falecer, recebeu homenagens de toda a classe artística. A atriz Fernanda Montenegro declarou que Jô “era um dos últimos grandes homens de ideias da televisão brasileira”.
José Rogério Salles Bastos, o Caçulinha, faleceu em 5 de agosto de 2024, aos 86 anos. Pianista, acordeonista, compositor e arranjador, ele ficou amplamente conhecido por seu trabalho como músico em programas de auditório, sobretudo ao lado de Fausto Silva no Domingão do Faustão, onde permaneceu por mais de 18 anos.
Antes disso, Caçulinha já havia trabalhado com nomes como Roberto Carlos, Elis Regina, Wilson Simonal e Jair Rodrigues. Era reconhecido pela sua habilidade musical e versatilidade nos teclados, além da discrição e profissionalismo com que conduzia sua carreira. Em nota, o maestro João Carlos Martins disse que Caçulinha “foi um dos músicos mais completos da televisão brasileira e um companheiro de jornada raro”.
Carmen Miranda morreu em 5 de agosto de 1955, aos 46 anos, vítima de um infarto fulminante. A cantora, atriz e dançarina nascida em Portugal e criada no Brasil foi a primeira artista latino-americana a conquistar sucesso internacional, tornando-se um símbolo do Brasil no exterior durante as décadas de 1930 e 1940.
Carmen popularizou ritmos brasileiros como o samba e levou a imagem tropical do país ao cinema de Hollywood, onde brilhou com sua presença carismática e figurinos exuberantes. Apesar das críticas que recebeu no Brasil por supostamente caricaturar a cultura nacional, artistas e pesquisadores posteriormente reconheceram sua importância como precursora da projeção internacional da música e imagem do Brasil. A cantora Gal Costa afirmou certa vez: “Carmen Miranda abriu caminho para todos nós. Ela levou a alma brasileira ao mundo”.
A coincidência da morte de Jô Soares, Caçulinha e Carmen Miranda no mesmo dia ressalta, de forma simbólica, o valor dessas figuras para a cultura nacional. Seja no palco, na televisão, nos livros ou nos acordes musicais, todos contribuíram para o fortalecimento da identidade artística brasileira. Suas obras seguem vivas, atravessando o tempo e inspirando novas gerações.
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