A explosão de uma fábrica em São Bernardo do Campo (SP) expôs, mais uma vez, o custo silencioso de grandes acidentes: não apenas em estruturas, mas em vínculos, operações e vidas em suspensão. O prejuízo não está só nas chamas — está no que vem depois.
Na última segunda-feira (23), uma fábrica localizada em São Bernardo do Campo (SP) explodiu. O incêndio foi tão intenso que podia ser visto a quilômetros de distância — inclusive do escritório da Lemmo Corretora, situado a cerca de 10 km do local. O céu escureceu. O cheiro de fumaça dominou a região. Famílias vizinhas precisaram ser evacuadas. Imóveis residenciais foram interditados.
Mas o que mais chamou atenção não foi o clarão da explosão e sim, o silêncio depois dela.
"Quando uma fábrica explode, o que para não é só a linha de produção. É o bairro, o entorno, os contratos, o futuro de muita gente", comenta Leandro Giroldo, especialista em proteção corporativa e CEO da Lemmo Corretora.
Segundo relatos da imprensa local, houve evacuação de áreas residenciais e empresariais próximas, cancelamento de contratos, abertura de processos e mobilização de equipes de resgate e contenção. Em paralelo, dezenas de funcionários ficaram sem saber o que vai acontecer com seus empregos, enquanto empreendimentos vizinhos lidam com paralisações, incerteza jurídica e prejuízos logísticos.
Desastres raros — e cada vez mais caros
Acidentes industriais como esse, apesar de raros, são cada vez mais impactantes. Em um cenário de cadeias produtivas interligadas, um evento localizado afeta fornecedores, distribuidores, famílias e ecossistemas inteiros.
O custo, nestes casos, não se limita à reconstrução física. Há perda de dados, quebras contratuais, penalidades ambientais, passivos trabalhistas, prejuízo reputacional e paralisação completa de operações. Isso sem contar a dor invisível de famílias que dependem da empresa para viver e que, de um dia para o outro, se veem sem renda, sem referência e sem segurança.
Seguros empresariais: proteção contra o que não se prevê
Apesar da gravidade, ainda é comum que empresas de pequeno e médio porte operem sem apólices adequadas de seguro patrimonial, de responsabilidade civil ou de interrupção de negócios. Muitas vezes, esses produtos são vistos como "custos evitáveis" — até que um acidente revele o contrário.
"Não é sobre prever o que vai acontecer. É sobre garantir que, se algo acontecer, a empresa e as pessoas envolvidas tenham como continuar. Um seguro bem estruturado não evita tragédias, mas diminui drasticamente o tamanho do colapso", afirma Giroldo.
Além da empresa: o impacto comunitário
O episódio de São Bernardo mostra com clareza que o prejuízo não fica dentro do CNPJ atingido. Prédios vizinhos precisaram ser esvaziados. Famílias inteiras foram removidas de suas casas. Outras empresas, que operavam normalmente, se viram forçadas a interromper suas atividades.
Quando uma indústria para, há uma cadeia que sente.
E essa cadeia inclui escolas, mercados, transportadoras, funcionários, bairros. Por isso, desastres industriais não podem ser tratados apenas como "acidentes empresariais" — são eventos que desafiam a segurança urbana e a estrutura de resposta local.
Os noticiários mostraram o fogo. Mas o fogo maior vem depois: o das contas, das multas, da reconstrução, da responsabilidade civil e social. É por isso que falar de proteção empresarial não é falar de catástrofe — é falar de continuidade. De cuidado. De visão.
Que as vítimas e a empresa consigam se recuperar. E que o setor produtivo aprenda, de uma vez por todas, que proteger um negócio é, antes de tudo, proteger pessoas.
Maria Daniluski
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