ONDAS MUSICAIS
Ícone da música e da literatura, sua voz ressoa com arte, crítica e humanidade
Robson de Castro
30/06/2025 - segunda às 23h00
Francisco Buarque de Hollanda, nascido em 19 de junho de 1944 no Rio de Janeiro, é cantor, compositor, escritor, dramaturgo e uma das personalidades mais influentes da cultura brasileira. Sua obra atravessa gerações, reunindo músicas e livros que expressam com profundidade as alegrias, as dores e as contradições do Brasil.
Chico Buarque despontou no cenário musical em 1966, quando venceu o II Festival de Música Popular Brasileira com a canção "A Banda", interpretada por Nara Leão. Dois anos depois, em 1968, conquistou o primeiro lugar novamente com "Sabiá", parceria com Tom Jobim, apesar de receber vaias do público que esperava uma música de protesto mais explícita. Em 1971, lançou o álbum “Construção”, considerado uma das obras-primas da música brasileira e frequentemente citado entre os melhores discos de todos os tempos.
Durante a ditadura militar, Chico foi um dos artistas mais perseguidos pela censura. Em 1969, passou um ano e dois meses no exílio na Itália. Mesmo sob forte vigilância, compôs canções de resistência como "Apesar de Você", que foi censurada, e outras lançadas sob o pseudônimo Julinho da Adelaide, estratégia que usou para escapar da repressão.
Sua carreira literária começou em 1991 com o romance “Estorvo”, que esgotou a primeira edição em apenas dois dias e lhe rendeu o Prêmio Jabuti de melhor romance em 1992. Ao longo dos anos, Chico venceu o Jabuti outras três vezes com os livros "Budapeste", "Leite Derramado" e "O Irmão Alemão", consolidando-se também como um escritor de destaque.
Em 2019, foi anunciado como vencedor do Prêmio Camões, a maior honraria da literatura em língua portuguesa. No entanto, o então presidente Jair Bolsonaro se recusou a assinar o diploma. A entrega oficial aconteceu somente em 2023, durante uma cerimônia que contou com os presidentes do Brasil e de Portugal. Chico comentou com humor: "A não assinatura do Bolsonaro no diploma é, para mim, um segundo Prêmio Camões."
Seu talento é reconhecido por críticos e artistas contemporâneos. Sérgio Sant’Anna, respeitado escritor brasileiro, descreveu o romance "Estorvo" como uma obra de escrita exigente, marcada por um humor fino e, às vezes, cruel. Leitores e estudiosos destacam a habilidade de Chico em retratar, com sensibilidade e crítica, os dilemas sociais e as vozes dos excluídos.
Além da música e da literatura, Chico Buarque teve forte presença no teatro musical com peças como "Roda Viva", "Ópera do Malandro" e "Calabar", que combinaram inovação artística e crítica social.
Em 2024, Chico lançou o livro "Bambino a Roma", inspirado em suas memórias da infância na Itália, que rapidamente figurou entre os mais vendidos no Brasil. A obra reafirma sua capacidade de transitar entre a ficção e a vivência pessoal com rara delicadeza.
Aos 81 anos, Chico Buarque continua ativo e produtivo. Seja através da música, da literatura ou do teatro, sua arte segue como referência de sensibilidade, coragem e inteligência. Sua voz, firme e elegante, continua essencial para compreender o Brasil, suas lutas e sua alma.
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