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Autismo: Sinais, Comportamento e Níveis. Psicóloga explica

Não há uma cura para o transtorno, contudo deve-se ter cuidados com o tratamento para que traga qualidade de vida para o indivíduo, assim melhorando a comunicação, a interação e o comportamento.

da Redação BS9 - Victor Persico

04/04/2023 - terça às 11h12

O acompanhamento é feito por uma equipe multidisciplinar composta por profissionais da saúde. - Reprodução

O TEA (Transtorno do Espectro do Autismo), ou autismo, como é comumente chamado, refere-se a uma condição que compromete três áreas do desenvolvimento: interação social, comportamento e comunicação. O paciente com autismo apresenta dificuldades de domínio da linguagem, socialização e desenvolve comportamentos restritivos e repetitivos em diferentes intensidades.

Não há uma cura para o transtorno, contudo deve-se ter cuidados com o tratamento para que traga qualidade de vida para o indivíduo, assim melhorando a comunicação, a interação e o comportamento. O acompanhamento é feito por uma equipe multidisciplinar composta por profissionais da saúde.

A psicóloga, especialista em Psicologia Clínica em Terapia Cognitivo Comportamental e também em Psicopatologia e Prática Clínica na Instituição Psiquiátrica, Sabrina Galaxe Peixoto Araújo explica sobre o assunto.

O que é o TEA?

"O TEA é um transtorno de neurodesenvolvimento. O que quer dizer que a pessoa já nasce com essas alterações, essas diferenças na formação do cérebro", explica Dra. Sabrina. "As principais características estão relacionadas aos critérios que diz respeito na alteração da comunicação e interação social, além do padrão de comportamento repetitivo e interesses restritos. Em caso de adultos é possível utilizar a terapia cognitiva e comportamental".

O Tratamento

O tratamento varia de caso a caso. Contudo, de modo geral, principalmente no público infantil, o tratamento é baseado nas terapias com base na ciência ABA, análise do comportamento aplicada.

"As terapiras, é importante ressaltar, que a equipe mínima para um atendimento infantil é o psicólogo, terapeuta ocupacional e o fonoaudiólogo, na maioria dos casos. Contudo, sabemos da importância também de um médico de referência, que seria um neuropediatra, um nutricionista, pois grande parte do público que está dentro do espectro autista tem questões alimentares como a seletividade alimentar. Um terapeuta ocupacional é importante para o trabalho também, que tenha formação em integração sensorial, afim de avaliar o perfil sensorial da criança. Além deles, temos também a importância de um musicoterapeuta e o psicopedagogo, que acrescentam no desenvolvimento da criança".

Entre as habilidades, no público infantil destaca-se o "Mando", onde se faz perguntas e a intraverbal, que seria a capacidade de responder essas perguntas, completar frases, dar continuidade em uma música que a criança conheça, quando paramos a música e ela canta na hora que a pausamos.

"São diversas habilidades que são consideradas básicas, pois para que possamos desenvolver outras mais complexas, estas devem estar mais consolidadas".

Sinais

As características que costumam ser mais conhecidas e evidentes, são a dificuldade na comunicação, interação com outras crianças, desvio de contato visual e o atraso na fala. "O atraso na fala é o que chama mais atenção na família, que os fazem buscar os cuidados certos". Outra característica que se destaca são os interesses restritos, onde a criança quer brincar com um determinado objeto, não conseguindo variar nesta forma de brincar.

"Outro aspecto importante de ressaltar é que, nem sempre as características citadas vão chamar tanto para o nível de TEA nível um, o que passa despercebido na infância. Conforme ela vai crescendo, as exigências na socidade vão aumentando e o transtorno fica visível. Por isso que temos vistos muitos casos de diagnóstico tardio", explica Dra. Sabrina.

Outro sinal sutil que podem ser confudidos é a timidez. "Em muitas situações acaba-se atribuindo as características do TEA como da personalidade da pessoa".

Comportamento Social

As maiores dificuldades estão relacionadas na reciprocidade social, que seria conseguir compartilhar seus interesses com outro, de modo que você consiga dar continuidade na conversa de outra pessoa, por meio dos interesses dela também. "É muito comum um dos comportamentos sociais gerar dificuldade nos relacionamentos. Ela foca apenas no interesse dela e não ouve ou não percebe que o parceiro ou parceira já não aguenta mais ouvir sobre o mesmo assunto. Então, a pessoa acaba tendo a imagem de egoísta, o que não é. Há a dificuldade de não perceber certos sinais".

É muito comum também ter a dificuldade de identificar comportamentos não verbais que seria as expressões faciais, quando a pessoa olha pra outra e por meio do olhar já entendem o que quer dizer sobre aquele ambiente.

Níveis

Antigamente falava-se em nível de gravidade, termo não mais utilizado. "Sabemos hoje que o autismo não é leve. Existe uma complexidade e dificuldade que vão acarretando durante a vida da pessoa, principalmente se ela nao teve o diagnóstico precoce".

"Temos o Nível 1, 2 e 3, e falamos em nível de suporte. Esses níveis estão relacionados ao que a pessoa consegue desenvolver de autonomia e da vida diária".

"No Nível 1, que é o meu caso, eu consigo realizar as minhas atividades do dia sem suporte nenhum. Consigo chegar no trabalho no horário certo, pegar ônibus. Já o ível 2, principalmente no Nível 3, a pessoa precisa de apoio no dia a dia. São pessoas que precisam de suporte na hora de fazer comida, a vestir a própria roupa, não conseguir ir sozinha em algum lugar, precisando de uma outra pessoa para auxiliá-la".

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